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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Top 10 - Cinema 2018

Neste 2018 eu fui pouco, pouquíssimo ao cinema. Provavelmente foi o ano em que eu menos entrei na sala escura na minha vida adulta, todavia, foi provavelmente o ano em que mais aluguei filmes, e se não enriqueci o dono da locadora, poucos foram os finais de semana onde não aluguei ao menos um filme para assistir. Vi muito mais filmes ruins do que bons, o que me leva a crer que, ou eu estou selecionando mal o que assisto, ou a produção anda piorando, ou, ainda estou me tornando mais seletivo na velhice.
Seja como for, eu precisei rebolar para encontrar dez filmes que mereciam posto na lista, tarefa facilitada porque vários grandes filmes do ano passado só estrearam nos nossos cinemas neste ano.
À lista:

10 - Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível


Após anos brincando com Pooh, Leitão, Tigrão e companhia no Bosque dos Cem Acres o tempo seguiu seu curso e Christopher Robin cresceu. Após frequentar um internato, a universidade, lutar na guerra, casar e ter uma filha, Christopher agora é um homem assoberbado pelo peso das responsabilidades e que não tem tempo para brincadeiras. Mas Christopher Robin tem a chance de consertar sua vida e sua personalidade quando o passado bate à sua porta na forma do velho ursinho tolo que precisa de ajuda.
Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível conta uma história sobre como é importante não ter vergonha de olhar para trás para manter sua essência. Christopher Robin precisa se reconectar ao passado para se libertar de um pensamento que lhe foi imposto pela vida, e Marc Forster e Ewan McGregor trabalham essa mensagem de maneira singela e leve, equilibrando comicidade e emotividade sem perder a mão num dos filmes mais adoráveis de 2018.

9 - Bohemian Rhapsody


Acusado de ser "chapa-branca", "gay demais", "não gay o bastante, Bohemian Rhapsody chutou os ovos de chatos do mundo ao se tornar a biografia de banda mais bem-sucedida de todos os tempos.
Com estádios lotados, músicas que toda a audiência sabe cantar junto e Freddie Mercury conduzindo a plateia em Wembley durante o Live Aid em 1985 o longa dirigido (quase todo) por Bryan Singer é a respeito da jornada da banda que revolucionou o rock ajudando a forjar a identidade do rock britânico. Porém, há mais em Bohemian Rhapsody do que apenas uma grande trilha sonora embalada por hits. Há a maneira como o Queen desafiou esterótipos esticando os limites da indústria musical com experimentações que ninguém ousava fazer no mainstream, e de como Freddie Mercury lidou com o diagnóstico de AIDS que culminaria em sua morte prematura, tudo isso embalado por um baita trabalho de elenco encabeçado por Rami Malek, que faz um tour de force digno de prêmio no papel principal.

8 - Viva: A Vida é Uma Festa


A animação da Pixar, a Pixar dos estúdios de animação, transportou a audiência para o mundo dos mortos para contar a história de Miguel, um pequeno aspirante a músico proibido de levar sua paixão adiante por conta da histórica aversão musical de sua família após sua tataravó ter sido abandonada por seu tataravô cantor.
Tentando reencontrar suas raízes musicais durante o Dia dos Mortos mexicano, Miguel acaba preso no além-vida e tem até o amanhecer para voltar ao mundo dos vivos, ou estará perdido para sempre. Unindo forças com o espírito vagabundo Hector, Miguel vai explorar o mundo dos mortos em busca da benção de seu falecido tataravô.
Colorido, vibrante e tocante como só os longas da Pixar sabem ser, Viva: A Vida é uma Festa não perde tempo lamentando a morte, e usa cada precioso minuto de sua projeção para celebrar a vida num emocionante conto sobre música, destino e amor familiar.

7 - Um Lugar Silencioso


Um Lugar Silencioso saiu do nada para se tornar um dos melhores filmes do ano em grande parte graças à uma história simples, excelentes atuações e, por estranho que pareça, o uso do som.
Embora seja tecnicamente um filme de ficção científica que quase foi parte da antologia Cloverfield, os alienígenas são tão raros e espaçados que o longa se torna muito mais um conto sobre família, e como as relações familiares podem ser complicadas graças à atuação de Emily Blunt e à direção esperta de John Krasinski.
Adicione a isso um elemento de horror de deixar na ponta da cadeira com a família obrigada a viver em constante estado de atenção a qualquer ruído que possa atrair as criaturas e nós nos vemos roendo as unhas durante o filme inteiro. E, a cereja do bolo, uma trilha sonora que enfatiza a falta de ruído e deixa a audiência de cabelo em pé ante qualquer barulhinho, e tem-se o panorama de porque Um Lugar Silencioso foi tão bom.

6 - Missão: Impossível - Efeito Fallout


Entra ano, sai ano e Tom Cruise volta a arriscar a vida na pele de Ethan Hunt para mais um capítulo da melhor crise de meia-idade da história do cinema.
Retornando para um sexto capítulo, a primeira sequência direta da franquia, a IMF precisa se reagrupar após uma missão fracassada colocar a Terra na mira de uma ameaça terrorista de proporções apocalípticas. Quando Hunt se torna suspeito de cooperar com os terroristas conhecidos como Os Apóstolos, o espião resolve usar essa suspeita a seu favor, e correr contra o relógio para impedir o fim do mundo como o conhecemos enquanto é perseguido pela CIA, por antigos aliados e pelos verdadeiros vilões contando com a ajuda de seus mais leais companheiros em mais um segmento de uma franquia que, a exemplo da Letícia Spiller, melhora com o tempo.

5 - Você Nunca Esteve Realmente Aqui


Joaquin Phoenix confirma novamente porque é considerado um dos melhores atores de sua geração com esse brutal drama que se importa menos com tensão e mais com um intenso mergulho na psique de seu protagonista. Filmado com urgência e lirismo por Lynne Ramsey, Você Nunca Esteve Realmente Aqui acompanha o calejado e traumatizado veterano de guerra Joe em seu trabalho como matador para os clientes de um detetive particular enquanto ele tenta resgatar a filha de treze anos de um senador de um grupo que explora prostituição infantil.
Sem focar no fetichismo da violência, Ramsay foca nos traumas de infância que marcaram a mente de Joe tanto quanto seu corpo repleto de cicatrizes. Com notas de Taxi Driver e energizado pela poderosa atuação de Phoenix em seu retrato de um homem sofrido, Você Nunca Esteve Realmente Aqui é um doloroso estudo sobre um homem mentalmente instável tentando encontrar alguma medida de graça ou redenção em um mundo onde ele não se encaixa mais.

4 - Três Anúncios Para Um Crime


Frances McDormand está demolidora como Mildred Hayes, uma mãe que, cansada de lamentar a morte da filha violentada e assassinada meses antes, resolve declarar guerra ao xerife Willowghby (Woody Harrelson) e de seus comandados usando três outdoors nas cercanias da cidade de Ebbing, no Missouri, apenas o primeiro passo no conflito do qual Mildred não está disposta a arredar o pé.
Isso a torna alvo do ódio de boa parte da cidade, incluindo o mentecapto racista Dixon (Sam Rockwell). Sob a lente de Martin McDonagh essa premissa pesada se torna uma inesperadamente divertida comédia de humor negro carregada de teor emocional e embalada por atuações espetaculares de McDormand, Rockwell e Harrelson, todos indicados ao Oscar, com os dois primeiros vencendo nas categorias de atriz e ator coadjuvante.

3 - A Forma da Água


O visionário Guillermo Del Toro conseguiu de novo. Transportou toda a audiência para um mundo de fantasia como só ele poderia encravar no coração da Guerra Fria para contar a história de amor entre uma faxineira muda (Sally Hawkins) e a misteriosa criatura anfíbia (Doug Jones) levada para o laboratório secreto onde ela trabalha e submetida a toda a sorte de experimentos nas mãos dos homens da ciência dos anos 1950.
Com um roteiro tocante, atuações excelentes de Hawkins, Octavia Spencer, Richard Jenkins e Michael Shannon e a direção onírica, sombria e bela de Del Toro, A Forma da Água abocanhou o Oscar de melhor filme e se perfilou a O Labirinto do Fauno no rol das maiores obras do sempre competente cineasta mexicano.

2 - A Balada de Buster Scruggs


A deliciosa antologia de faroeste dos irmãos Coen é tanto uma carta de amor ao gênero quanto um cínico escrutínio que disseca o estilo sem dó e nem piedade.
Embrulhado no fatalismo que é marca registrada dos Coen, contadores de histórias que preferem os fracassados aos bem-sucedidos, os seis contos de A Balada de Buster Scruggs vão do sombrio ao desenvolto e de volta sem jamais perder o bom-humor e o pessimismo presentes em toda a filmografia de Joel e Ethan. Ninguém no mundo dos Coen está a salvo da tristeza e do absurdo. Do pretenso ladrão de bancos de James Franco e sua desastrada dança com a morte à pobre mocinha de Zoe Kazan, que finalmente se vê dona do próprio destino apenas para descobrir que sua caravana está sendo perseguida por índios passando pelo garimpeiro de Tom Waits e pelo sombrio empreendedor do show business vivido por Liam Neeson, todos os personagens em cena estão sujeitos às mais inesperadas e impressionantes formas de desventura deixando claro, desde o primeiro segmento, com o personagem título, o pistoleiro/cantor Buster Scruggs que essa balada é tanto uma homenagem quanto uma desconstrução do mito...

1 - Vingadores: Guerra Infinita


Eu francamente tentei não ser um fanboyzinho e colocar Guerra Infinita no topo da lista, mas não foi possível.
Por mais que eu tenha assistido filmes melhores sob diversos aspectos, nenhum filme de 2018 me cativou na escala de Guerra Infinita. Provavelmente por sua, bem... Escala.
Não há filme com apostas mais altas. O destino de metade do universo está em jogo e praticamente todos os personagens que conhecemos ao longo de dezoito filmes precisam se unir para impedir que Thanos (Josh Brolin, soberbo) ganhe controle sobre as seis jóias do Infinito.
Com um ritmo surpreendentemente fluido para um filme com uma dúzia de protagonistas e dando uma aula de subversão de expectativas (eu ainda não te esqueci, Rian Johnson. Vá se foder.) Vingadores: Guerra Infinita conseguiu a proeza de ser a sequência de quase vinte filmes e, ao mesmo tempo, funcionar de forma isolada ao centrar fogo, não em seus heróis, mas no seu vilão.
Ao dar voz e propósito a Thanos, os diretores Joe e Anthony Russo e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely mudaram o panorama do longa, opondo os heróis mais poderosos da Terra e além a um inimigo obstinado não em destruição, mas no que considera o único caminho para a manutenção da vida. Ao termos o ponto de vista de Thanos, mesmo não concordando com ele, sabemos porque ele se considera o herói de sua própria história, e quando ele coloca os Vingadores de joelhos, nós não nos sentimos traídos, e o início do fim do MCU como nós conhecemos, se torna uma aposta muito mais arriscada.

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