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quarta-feira, 13 de março de 2019

Resenha Série: Deuses Americanos: Temporada 2, episódio 1: House on the Rock


Praticamente um ano e meio após o oitavo e último capítulo de sua brilhante primeira temporada, Deuses Americanos retornou a seus fiéis trazendo na bagagem uma dose de drama em seus bastidores que supera com folgas o drama de seus oito episódios originais.
Após perder seus showrunners (Bryan Fuller e Michael Green) por diferenças com relação ao orçamento da temporada, duas atrizes de seu elenco (Gillian Anderson e Kristin Chenoweth) e suscitar rumores a respeito de desavenças no set, atrasos nas filmagens e até mesmo sobre o novo showrunner, Jesse Alexander ter se transformado em uma rainha da Inglaterra durante o desenvolvimento do novo ano, Deuses Americanos retornou com esse House on the Rock para tentar nos levar de volta ao fascinante mundo engendrado por Neil Gaiman em seu romance e traduzido tão espertamente para a telinha por Fuller e Green em 2017.
Após a revelação de Odin e Ostara no final da primeira temporada, Quarta-Feira e Shadow retomam sua viagem para Winsconsin onde haverá a reunião para o qual os dois vêm se preparando desde The Bone Orchard.
Agora acompanhados por Laura (Emily Browning) e Mad Sweeney (Pablo Schreiber), eles chegam a um dos locais de poder dos Estados Unidos onde são aguardados pelo Sr. Nancy (Orlando Jones), o Djinn (Mousa Kraish), o Czernobog (Peter Stormare), Zorya Vechernyaya (Cloris Leachman) e Bilquis (Yetide Badaki) e mais Salim (Omid Abtahi), e a inédita Mama-Ji (Sakina Jaffrey, de House of Cards) para que Quarta-Feira tente convencer os velhos deuses a travar uma guerra contra os novos.
Entretanto Sr. Mundo (Crispin Glover não gostou nem um pouco da coça que levou em Come to Jesus, e prepara uma retaliação à altura.
É flagrante a ausência dos showrunners originais nesse debute da nova temporada.
Não me entenda mal, não há absolutamente nada de ruim ou ofensivo em House on the Rock, a começar pela excelente ambientação, a química que se formou entre algumas dessas duplas (Sweeney e Laura ofuscam Shadow e Quarta-Feira no quesito, ao menos nesse primeiro capítulo), e o peso de alguns dos atores em cena. Ian McShane segue brilhante em sua interpretação, e Ricky Whittle empresta a Shadow Moon um senso de maravilhamento e surpresa absolutamente cativante, enquanto Orlando Jones crava os dentes com força em Sr. Nancy, roubando todas as cenas em que têm ao menos uma fala, e Yetide Bataki tem uma presença magnética e absolutamente sexual mesmo sem nenhuma cena de sexo em sua operação como agente dupla a serviço de Sr. Mundo.
O antagonista da vez, por sinal, é um pouco decepcionante. Eu estava ansioso para ver mais do personagem interpretado por Crispin Glover, mas ao menos nesse primeiro episódio ele faz pouco além de retorcer os bigodes e disparar monólogos vilanescos, ainda assim, têm mais o que fazer do que Technical Boy (Bruce Langley), relegado à posição de chofer resmungão no episódio.
Há uma sensação de que Deuses Americanos perdeu um pouco de sua ambição no debute da nova temporada, apesar de algumas boas sacadas visuais (eu gostei do visual dos velhos deuses nos "bastidores" da mente de Quarta-Feira) o texto repleto de sugestões veladas e solilóquios rebuscados que não dizem nada (do qual Sweeney e Laura escapam com louvor graças a uma atitude desdenhosa frente às maquinações do deus caolho) sugere uma freada na audácia do primeiro ano, mas foram apenas os primeiros cinquenta e três minutos da nova temporada, que usou muito de seu tempo restabelecendo as relações do espectador com esses personagens após a extensa ausência de mais de dezoito meses, justificando um pouco da negligência do roteiro, amainada pelo comprometimento do elenco para com seus personagens.
A guerra que Odin tenta engendrar parece estar bem distante, o que é bom. Talvez, com mais tempo, a segunda temporada de Deuses Americanos possa melhorar seu ritmo, e recuperar na audiência o senso de encantamento que Ricky Whittle vende com tanta galhardia em cena.
Oremos.

"-Você é um péssimo homem bom..."

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