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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Resenha Cinema: Vingadores: Ultimato


Foi há onze anos, quando Robert Downey Jr. deu cara, voz e muito de sua própria personalidade ao gênio, playboy, bilionário, filantropo Tony Stark, destinado a se tornar o Homem de Ferro, que o primeiro passo foi dado pelo que se tornaria, possivelmente, o mais colossal fenômeno da história do cinema.
A "Fórmula Marvel" de misturar comédia e ação com personagens saídos das páginas dos quadrinhos cresceu em proporção geométrica, o MCU abarcou nove franquias, vinte e um longa-metragens que variavam em qualidade de coisas como O Soldado Invernal a Homem de Ferro 2, o trabalho de milhares de pessoas que arrastou milhões ao cinema e faturou bilhões de dólares, e tudo isso culmina em Ultimato, o blockbuster dos blockbusters, onde uma dúzia de subtramas confluem para criar o que se tornou, ao menos para mim, a experiência de fã definitiva, e dar fecho aos eventos cataclísmicos de Guerra Infinita tendo a audácia de aumentar o escopo.
Ontem eu obviamente estava devidamente paramentado para assistir ao filme na pré-estréia após ter brigado de foice para conseguir bilhetes numa sala da pior rede de cinemas do Brasil, a Cinemark, e assistir ao longa que encerra mais de uma década de aventuras dos personagens da Marvel na telona.
Conforme fora alardeado durante a divulgação, praticamente tudo o que vemos nos principais trailers do longa acontece nos primeiros vinte minutos de filme, quando encontramos Tony (Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillen) à deriva no espaço, e os Vingadores que sobreviveram a Thanos (Josh Brolin), Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner (Mark Ruffalo), Máquina de Combate (Don Cheadle) e Rocket (Bradley Cooper) se unindo à Capitã Marvel (Brie Larson) para tentar um último ataque ao vilão três semanas após o estalar de dedos do Titã Insano.
As coisas, porém, não saem como os heróis esperam, e não lhes resta alternativa exceto retornar à Terra e lamber as feridas de seu maior fracasso.
Cinco anos se passaram e Steve Rogers se dedica a liderar grupos de apoio onde partilha sua história de vida e a importância de seguir em frente, Natasha e Rodhes tentam manter o que restou do mundo em ordem sempre em contato com Okoye (Danai Gurira), Danvers, Rocket e Nebulosa, Thor se uniu aos demais sobreviventes de Asgard e firmou Nova Asgard (na Dinamarca, conforme Odin sugerira em Ragnarok), mas agora vive entregue à depressão por ter falhado em deter Thanos. Clint Barton (Jeremy Renner) após ver sua família ser vaporizada diante de seus olhos assumiu a identidade de Ronin, e espalha seu próprio equilíbrio ao mundo, punindo exemplarmente aos perversos que foram poupados pela aleatoriedade do estalar, Bruce Banner encontrou sua paz interior, e Tony Stark seguiu com sua vida ao lado de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) enquanto o universo amarga um luto que parece jamais ter fim.
As coisas ganham uma nova luz quando Scott Lang, o Homem Formiga (Paul Rudd) é trazido de volta do Reino Quântico onde estivera preso pelos últimos cinco anos tendo sentido a passagem de apenas cinco horas.
Desesperados, os remanescentes dos maiores heróis da Terra se reúnem para uma última e desesperada tentativa de reverter o genocídio perpetrado por Thanos e devolver o universo ao seu estado natural, custe o que custar.
Ao contrário de Guerra Infinita, que era protagonizado por dúzias de super-heróis e inúmeras linhas narrativas correndo em paralelo, Ultimato é centrado em um grupo muito menor de personagens. Isso torna o longa mais enxuto e fluido, mesmo com suas três horas de duração, e o fazem mais paciente e focado, o que é ótimo considerando quão complexo é o plano dos heróis para retaliar Thanos, ainda que sua trama arraste consigo elementos de uma dúzia de outros filmes.
Ao retirar o foco do antagonista, Ultimato dá aos maiores heróis da Terra a chance de voltarem a ser protagonistas em seu próprio filme, e isso traz de volta muito do que funcionara no primeiro Os Vingadores, quando as relações entre essas pessoas extraordinárias eram o cerne do filme.
Mais do que isso, o roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely (mais crédito para esses homens) oferece a Joe e Anthony Russo a oportunidade de extrair algumas das melhores atuações que essa franquia já viu, em especial de Scarlett Johansson, Downey Jr. e Chris Evans.
Capitão América e Homem de Ferro, por sinal, recebem o tratamento merecido após se tornarem ícones heroicos indeléveis na cultura pop, e têm o arco de personagem que os fãs sempre quiseram, e o destaque que Ultimato dá aos dois é, sob diversos aspectos, uma ode ao Universo Cinemático Marvel como um todo.
Muito disso passa pelo fato de que Ultimato é provavelmente a primeira oportunidade que o MCU dá aos fãs de olhar para trás ao invés de para a frente. Nos últimos onze anos nós aprendemos que os filmes da Marvel eram sempre a preparação para o próximo evento. Os primeiros longas individuais preparavam terreno para Vingadores, os seguintes para a chegada de Thanos e assim por diante. Dessa vez as coisas seguem na direção oposta. O longa revisita tramas de filmes anteriores, conecta todos os pontos e traz de volta as coisas que todos os fãs amam.
Se Guerra Infinita foi todo a respeito de subverter expectativas, Ultimato é todo fan service em sua melhor forma. É uma carta de agradecimento aos fãs por sua paciência e dedicação pelos últimos onze anos nos entregando tudo aquilo que nós queríamos, sim, mas de diversas formas nos tirando, de uma maneira tão emocionalmente pujante quanto definitiva, o que é provavelmente a maior, mais completa e triunfante experiência jamais partilhada por fãs.
Sob diversos aspectos o Universo Cinemático Marvel morre em Vingadores: Ultimato. O mosaico que tínhamos visto se formar peça por peça ao longo de vinte e um filmes chegou ao seu desfecho. Há um novo mosaico se formando, claro, mas parece virtualmente impossível que ele supere ou mesmo repita o que nós tivemos nesses vinte e dois filmes, e francamente?
É melhor assim.
Como certa vez Visão nos disse: As coisas não são belas porque duram.

"-Avante, Vingadores."

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