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segunda-feira, 22 de abril de 2019

Resenha Série: Game of Thrones, Temporada 8, Episódio 2: A Knight of the Seven Kingdoms


Atenção!
Spoilers abaixo!
Winterfell, primeiro episódio da derradeira temporada de Game of Thrones, foi um bom episódio. Não mexeu a trama como gostaríamos, mas era importante que a série fizesse aquele quem é quem necessário para situar os espectadores que não são capazes de citar todas as casas nobres de Westeros de cor e salteado, e que não permanecem lamentando as mortes de Grenn e Pyp, e nem acharam golpe baixo Jon sugerir sexo em uma caverna de gelo a Daenerys quando mal fazem cinco anos que Ygritte morreu.
Os primeiros cinquenta e três minutos do fim de Game of Thrones foram um quem é quem para os fãs que não se lembram de todo mundo. Um mapa de quem estava onde e fazendo o que após mais de um ano de hiato em que nem todo mundo ficou revendo as temporadas anteriores.
Os cinquenta e oito minutos de A Knight of the Seven Kingdoms novamente não movimentaram a trama como poderíamos esperar para uma temporada de apenas seis episódios, entretanto, tivemos o proverbial último fôlego antes de um mergulho.
Se Winterfell relembrou a audiência quem eram aqueles personagens, o segundo capítulo da temporada nos lembrou por que nos importamos com esse povo todo. Não houve praticamente nenhuma cena que não tenha servido a esse propósito específico, restabelecer as dinâmicas entre eles, e entre eles e a audiência, para que, quando as portas do açougue se abrirem no domingo que vem, nós lamentemos infinitamente mais.
Poderia-se argumentar que esse é um tremendo golpe baixo dos showrunners, roteiristas e diretores, sem dúvida. Poucas manobras podem ser mais rasteiras, entretanto, quando bem utilizado, o recurso é extremamente válido e funcional, e em A Knight of the Seven Kingdoms, Bryan Cogman e David Nutter, respectivamente roteirista e diretor do episódio, fazem um tremendo trabalho ao usar o expediente.
Nós não somos apenas relembrados de por que gostávamos desses personagens, nós temos pouco menos de uma hora para nos apaixonarmos por eles novamente.
Jaime Lannister, um dos meus personagens favoritos nos livros e que na série teve sua jornada de redenção deveras comprometida durante a quinta temporada, retoma o caminho da expiação, e não consegue fazê-lo sozinho, mas através de Brienne, que o faz através de Sansa... O roteiro do capítulo encapsula tudo o que sabemos sobre esses personagens, suas complicadas relações e os tortuosos caminhos que eles trilharam desde a primeira temporada até aqui, o que torna ter acompanhado todo o percurso muito mais saboroso.
Tome por exemplo tudo o que sabemos sobre Brienne desde a primeira vez que a vimos na segunda temporada, diz não ligar para o título de cavalaria até ser desmentida por uma careta de Podrick, mas que quando se levanta após ser ordenada por Jaime tem os olhos rasos de lágrimas e um sorriso escancarado no rosto, uma reação que reverbera muito mais para aqueles que se lembram da forma como ela só desejava uma posição na guarda pessoal de Renly Baratheon.
É uma escrita muito esperta, e se estende a todos os personagens. Jorah, que almejava se tornar mão da rainha com a ascensão de Daenerys ao Trono de Ferro fala em favor de Tyrion, com quem a paciência da mãe dos dragões está prestes a se esgotar, depois se conecta com sua prima, Lyanna Mormont, a herdeira de sua casa, e então a Sam, com quem troca reminiscências sobre Jeor Mormont. De novo, é muito mais saboroso de se ver quando acompanhamos todo o resto... E é como um rastilho de pólvora correndo pela casa ancestral dos Stark.
Jaime faz as pazes com Bran, se reconecta com Tyrion, e jura serviço à Brienne. Gilly e Davos convencem uma menina de rosto marcado como Shireen Baratheon a se proteger nas criptas, Tormund conta como ganhou a alcunha de Terror dos Gigantes enquanto corteja "a mulher grande", Arya partilha uma bebida com o Cão de Caça e Beric Dondarrion, mas quando se dá conta de que aquela pode ser sua última noite na Terra decide ir atrás de alguém por quem sempre sentiu afeição, Missandei e Verme Cinzento fazem planos para após a guerra, e o reencontro entre Theon e Sansa me levou às lágrimas.
Sophie Turner, por sinal, merece aplausos. Ela transformou a insuportável adolescente que recebeu entre os fãs a não-elogiosa alcunha de Sonsa Stark em uma líder forte e inteligente. A conversa entre ela e Daenerys deixa claro o tamanho da astúcia que a ruivona adquiriu nos últimos anos com a forma como ela joga um balde de água gelada nas calorosas intenções da Khaleese de fazer as pazes com a cunhadona.
Vemos Jon se reencontrar com Edd Doloroso e Tormund, e depois, nas criptas, vemos que saber de sua verdadeira linhagem não tornou Jon menos filho de Eddard Stark.
Ele não tem nenhum desejo de contar à Daenerys sobre quem são seus pais. Ele provavelmente nem mesmo quer o Trono de Ferro, mas é honrado demais para omitir a verdade.
A reação de Daenerys também é as oito temporadas da personagem em uma casca de noz, a guria comeu o pão que o diabo amassou para conseguir exércitos, navios e dragões e quando finalmente chegou ao continente e está praticamente com um pé na cadeira mais desconfortável da cultura pop, ouve que o seu novo namorado não só é seu sobrinho como tem preferência para a coroa...
O momento não podia ser pior escolhido, mas Jon não quer ir para o campo de batalha com esse segredo, porque, como todos os demais personagens ao longo do episódio, de Jaime a Arya, de Brienne a Sam, ele não acredita que vá sobreviver. A Knight of the Seven Kingdoms é um jab para os murros que começarão a ser desferidos na próxima semana quando provavelmente muitos, muitos desses personagens que nós passamos oito temporadas aprendendo a amar serão chacinados diante de nossos olhos, mas é um tremendo jab, brilhantemente galgado no que é a verdadeira força de Game of Thrones, seus personagens e os roteiristas, diretores e atores que os trazem à vida.

"-Se eu fosse um rei, eu a teria feito cavaleira dez vezes...
-Não é preciso um rei. Basta outro cavaleiro. Deixe-me mostrar..."

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