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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Quando É Bom Estar Errado...


A vida, já disse alguém, é feita de oportunidades.
E parece factível. Nossa trajetória provavelmente pode ser graduada pelos chances que nos foram dadas e que fizeram com que avançássemos em direção ao próximo estágio de nossa existência.
Claro... Há oportunidades que, uma vez desperdiçadas, estão perdidas de maneira perene.
Todos conhecemos as histórias das pessoas que deixaram de tomar uma atitude, fosse por receio ou incompetência, e viram o que mais tarde identificariam como um potencial evento divisor de águas em suas vidas escafeder-se na esteira do tempo tornando-se nada além de uma elusiva sombra do que poderia ter sido projetada em uma parede para a qual evita-se olhar.
Todas as pessoas carregam arrependimentos. Poucos são os que pode dar-se ao luxo de citar Edith Piaf sem pensar "Tá... Quase" em um ponto ou outro da narrativa da própria existência. Porque entre todos os caminhos que a vida oferece, nós geralmente podemos optar por escolher apenas um, e nem mesmo os muito sábios conseguem ver os dois lados, já diria Gandalf, o Cinzento.
E quando o arrependimento de alguém advém de ter errado, mas feito a melhor escolha possível baseado nas informações às quais tinha acesso em determinado momento, suponho que seja mais fácil de conviver com os eventuais rescaldos de más decisões. Afinal, fez-se o melhor que pôde.
Mas quando se deixa de fazer por medo...
Esse é um arrependimento particularmente doloroso.
Ele é não apenas testemunho de mau julgamento, mas também de covardia. E passar o resto da vida sendo confrontado com a própria falta de coragem deve ser dessas coisas que matam o espírito de alguém.
E o tempo é um algoz nefasto na hora de espezinhar aqueles que perderam a chance de fazer a diferença por si próprios.
Não haverá dia em que a sombra do "E se...?" não vá fustigar o incauto que deixou o cavalo passar encilhando e não o montou.
Que deixou a chance de ser feliz escorrer por entre seus dedos e ser levada pela sarjeta até fora de seu alcance.
Que não disse a palavra que estava na ponta da língua, ou que não deu o passo adiante e tomou a atitude que deveria ter tomado.
Há oportunidades que não voltam.
Que se vão e deixam um vácuo que jamais poderá ser preenchido. Que se tornam uma lacuna que jamais será reparada.
Que serão, na melhor das hipóteses, uma penosa advertência para que outrem não deixem passar a chance. Um mau exemplo.
Há oportunidades que não voltam.
E para as quais olharemos sempre com uma ponta de melancolia enquanto pensamos no quão tolos éramos por desperdiçá-las.
Eu pensei, durante muito tempo, que tu era uma dessas oportunidades que não voltam.
A mais linda das decisões não tomadas, a mais perfeita das chances desperdiçadas.
Que bom, meu amor, que eu estava errado.

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