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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Resenha DVD: Máquinas Mortais


Não me lembro ao certo quando foi que assisti o trailer de Máquinas Mortais, que alardeava incansavelmente o envolvimento do roteirista e produtor Peter Jackson, o mesmo de O Senhor dos Anéis e O Hobbit (eu ainda gosto de O Hobbit...), mas me lembro que antes mesmo de a prévia terminar eu já sabia que o filme seria ruim.
Não era difícil de perceber, ainda no trailer que o longa que adaptava o livro de Philip Reeve não estava no mesmo patamar da obra imortal de J. R. R. Tolkien, e que por mais talentosos que sejam Jackson e suas habituais colegas, Phillipa Boyens e Fran Walsh, a verdade é que, sem o lastro Tolkeniano para ampará-los, eles têm um cartel modesto em termos de cinema, provavelmente Almas Gêmeas é o único filme deles que não adapta a Terra Média que é acima da média (e, vi agora no IMDB, ainda não tinha Boyens na patota).
Seja como for, no sábado, resolvi visitar a locadora de que sou sócio, e, como Paulo estava escasso de lançamentos que eu ainda não havia visto, resolvi arriscar Máquinas Mortais e tentar descobrir se o filme era tão ruim quanto parecia.
No longa, após a obrigatória narração em voice over informando que a humanidade destruiu a Terra e que os últimos vestígios de civilização foram cidades transformadas em assentamentos móveis que vagam pelas ruínas da civilização sobre gigantescas esteiras de tanques ou rodas de colossais picapes-monstro (de como esse prodígio de engenharia foi alcançado, nós não recebemos nem um vislumbre) que agora vagam pelas ruínas do mundo procurando pelos últimos resquícios de recursos naturais e, na ausência deles, consumindo umas às outras num sistema chamado de Darwinismo Municipal (sério.).
Logo na sequência de abertura acompanhamos a tentativa desesperada de um vilarejo romeno de escapar da monstruosa Londres, que persegue a cidade muito menor em busca de seu sal.
A perseguição, liderada por Thaddeus Valentine (Hugo Weaving) acaba com a assimilação da pobre cidadezinha romena que, entre seus habitantes, esconde Hester Shaw (Hera Hilmar), uma jovem que nutre um ardente desejo de vingança profundo contra Valentine.
Quando tem o sujeito ao alcance de sua faca, porém, Hester é impedida de desferir o golpe de misericórdia no seu desafeto pelo jovem Tom Natsworthy (Robert Sheehan, uma estranha mistura de Jim Caviezel, Eddie Redmayne e Lee Pace), um historiador do museu Londrino, ex-aspirante a aviador e apaixonado pelo passado que estuda a Guerra dos Sessenta Minutos para entender tudo o que pode a respeito da aniquilação da Terra.
Um fã de Valentine (que é engenheiro energético, arqueólogo, aspirante a prefeito e sabe-se lá mais o que em Londres), Tom impede que Hester mate seu ídolo e a persegue pelas entranhas de Londres.
Eventualmente, Hester consegue escapar, mas não sem antes explicar que deseja matar Valentine para vingar a morte da própria mãe. E, assim que Tom menciona isso para seu ídolo, ele próprio é chutado pelo alçapão de lixo e deixado para morrer no ermo.
O que provavelmente teria acontecido se Tom não despertasse a tempo de encontrar Hester e se juntar a ela em uma corrida para retornar a Londres antes que Valentine seja capaz de encontrar tecnologia antiga em quantidade suficiente para construir uma super arma capaz de aumentar exponencialmente o poderio londrino em sua luta por sobrevivência, já que Hester herdou de sua mãe a chave para impedir que tal arma seja ativada.
Para suceder em impedir os planos de Valentine, Hester e Tom contarão com a ajuda de Anna Fang (a bela Jihae Kim), uma terrorista que luta contra o Darwinismo Municipal (eu não tô inventando, eles usam esse termo no filme) e sua equipe de pilotos ases multi étnicos, mas também terão em seu encalço Shrike (Stephen Lang, praticamente irreconhecível sob toneladas de pixels), o ciborgue zumbi remanescente de um exército chamada de Brigada Lázaro que conhece Hester há anos tem a intenção de matá-la e transformar a guria em um ciborgue zumbi igual a ele.
Se essa premissa não deixou claro o tamanho da bagunça que esse filme é, permita-me afirmar acima de qualquer interpretação que Máquinas Mortais é uma baderna.
É impressionante o quanto essa mistura de Mad Max com romances para jovens adultos consegue ser frustrante em todos os aspectos cinematográficos, da narrativa às interpretações passando pela trilha sonora e (pasmem!) até os efeitos visuais.
O diretor Christian Rivers, diretor de arte de Peter Jackson desde Fome Animal faz seu debute em longas metragens e é difícil discernir quanto dos problemas de Máquinas Mortais é má execução por sua falta de inexperiência e quanto são péssimas ideias de Jackson, Walsh, Boyens e Reeve que confundem contar uma história com inserir elementos de maneira aleatória entre uma sequência de ação gravada diante de uma tela verde não-tão-convincente e a próxima, ou se a culpa deve ser igualmente dividida entre todos, seja como for, o resultado é um filme que não empolga e nem funciona.
Não posso nem dizer que tive sorte de não assistir a esse longa no cinema, pois, como afirmei lá em cima, ainda na primeira prévia já sabia que o filme não seria bom, mas rapaz, nem de longe eu podia imaginar que ele seria tão ruim.
Passe longe se for possível.

"-O que eles estão caçando?
-Nós."

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