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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Resenha Filme: Vingança a Sangue Frio


Se tem uma coisa que eu adoro nessa vida é a descoberta que Liam Neeson fez de que poderia ser um herói de ação da terceira idade e começar a lançar um filme de vingança ou família em perigo onde ele mata a vagabundagem a mãozada na cara por ano sem deixar de fazer filmes "di veRdadi" como o ótimo A Balada de Buster Scruggs ou o soberbo Silêncio entre uma fita policial duvidosa e a outra.
Nesse ano de 2019 o filme de porradaria de Liam Neeson foi um pouco diferente do habitual. O ator norte-irlandês é o protagonista desse Vingança a Sangue Frio, remake do longa norueguês O Cidadão do Ano estrelado em 2015 por Stelan Skarsgård e Bruno Ganz e dirigido por Hans Petter Moland, que também é o diretor dessa versão hollywoodiana.
No filme conhecemos Nels Coxman (Neeson) um dos pilares da sociedade da cidadezinha turística de Kehoe, no Colorado.
Responsável por remover a neve que se acumula na estradas da região gélida ao redor dos resorts de esqui, ele vive em uma cabana confortável afastada dos turistas com sua esposa, a maconheira Grace (Laura Dern) e o filho Kyle (o ator Micheál Richardson, filho de Liam Neeson na vida real), e acaba de ganhar o prêmio de cidadão do ano na cidade.
A vida tranquila de Nels muda quando Kyle é envolvido por seu amigo Dante em um imbróglio envolvendo roubo de drogas no aeroporto onde trabalha carregando bagagem, e acaba sendo assassinado pelos traficantes que tiveram sua mercadoria surrupiada.
O assassinato de Kyle é armado para parecer uma overdose de heroína, e é isso que faz com que Nels tenha certeza de que seu filho foi morto. A morte de Kyle tem um efeito devastador sobre o casamento de Nels, que não consegue mais se comunicar com a esposa enlutada, e é quando está flertando com a ideia de tirar a própria vida que ele tem suas suspeitas confirmadas, e obtém o nome de um dos responsáveis pelo destino trágico de seu filho.
Não tarda para Nels fazer uma visita ao traficante, e matá-lo com as próprias mãos. Enrolá-lo em tela de galinheiro, e jogá-lo de uma cascata no fundo do rio Colorado.
Mas esse sujeito não é o suficiente para a sede de vingança de Nels. E ele vai atrás de outro traficante. E de outro... E a cada nova morte, ele sabe que precisa de mais. E decide que quer a cabeça de Trevor "Viking" Calcote (Tom Bateman), o grande chefão do tráfico de drogas em Denver.
Ao levar sua vingança à alturas impensáveis para um homem de família comum, Nels inadvertidamente inicia uma guerra de gangues e sua contagem de corpos começa a se estender para além do esperado conforme as duas facções rivais começam a fechar o cerco ao seu redor.
Vingança a Sangue Frio é, sem sombra de dúvida, o filme mais estranho estrelado por Neeson em anos recentes.
O longa é extremamente subversivo no que tange ao que se esperaria de um filme com essa premissa estrelado pelo ator de Busca Implacável, e fãs que esperam uma fita de vingança mais tradicional podem se desapontar mesmo que não leve mais de vinte minutos para vermos o protagonista esmurrando um sujeito com metade de sua idade até as portas da morte.
Há muita comédia em Vingança a Sangue Frio e eu francamente não consegui discernir quanto dela é proposital ainda que boa parte efetivamente seja, por exemplo o fato de o grande vilão do filme ser tanto um psicopata violento que comanda um cartel de drogas quanto um pai dedicado à beira da obsessão, ou o fato de que todos os coadjuvantes do longa têm um background de que a audiência toma conhecimento em algum momento, sejam coisas simples como o fato de que um capanga nasceu para voar, um é apaixonado pelos Cleveland Browns, ou que outro tem uma técnica para fazer sexo com camareiras em motéis com taxa de sucesso de 20%, ou o fato de que a jovem patrulheira interpretada por Amy Rossum consegue informações com a polícia de Denver prometendo sexo ao ex-namorado, ou que Búfalo Branco (Tom Jackson) líder da tribo de traficantes indígenas que comanda a venda de narcóticos em Kehoe é um pai dedicado e se ressente da herança de seu povo ser apropriada pelos brancos que exploram o turismo na região...
E, não. Eu não sou politicamente correto a ponto de me sentir mal com o humor negro do filme que abertamente faz piadas com misoginia e estereótipos racistas, mas eu acho que para justificar esse tipo de abordagem o longa precisaria ser consideravelmente melhor do que é.
Por mais que Hans Petter Molland esteja se divertindo muito com o longa, uma impressão reforçada pela presunção de alguma tiradas re-re-repetidas ao longo do filme, a audiência nem sempre se diverte tanto.
Há algumas decisões interessantes, porém, como o fato de que a violência do longa não é tão gráfica quanto poderia se esperar, ou que o longa subverte a expectativa de quem achava que Neeson ia sair matando todo mundo com as próprias mãos como em muitos outros de seus filmes, mas isso tudo é muito pouco para sustentar um roteiro que se acha muito mais inteligente e engraçado do que de fato é.
Ainda assim, Vingança a Sangue Frio vale uma olhada apenas pela tentativa de entregar alguma coisa diferente dos filmes de vingança de sempre, o longa não é bem sucedido em todas as tentativas que faz, mas é em algumas, e por mais que tenha defeitos, é difícil não ficar interessado no que vai acontecer a seguir quando estamos assistindo, nem que seja por curiosidade mórbida.
O longa está no catálogo do Amazon Prime Vídeo.

"-Qual é o lance com todos esses apelidos?"

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