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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Homem-Aranha: Com Grandes Poderes...


Após vários dias com a revista pesando em minha estante sem ter sido lida, resolvi, após ler as duas Superinteressante que estavam melhor posicionadas na fila dos meus interesses momentâneos, ler Homem-Aranha: Com Grandes Poderes... Primeira edição da série especial lançada pela Panini com alto padrão de acabamento gráfico que promete ótimas histórias inéditas de alguns de seus personagens mais clássicos. Promete, beleza, mas cumpre?
No quesito alto padrão de qualidade gráfica, certamente que sim, capa dura com verniz localizado, páginas em papel couché, tudo muito bonito, pra ficar uma belezura na estante e por módicos dezenove reais e noventa centavos, espetáculo.
Mas quanto á ótima história...
Francamente, achei que não.
Homem-Aranha: Com Grandes Poderes... É um história do tipo retcon, que acrescenta elementos, personagens e situações aos dias iniciais da carreira de Peter Parker como Homem-Aranha, quando ele ainda não tinha, como o título deixa bastante claro, grandes responsabilidades. Temos ali um Peter Parker retratado de maneira até bastante crível, ele foi vilipendiado pelos seus colegas de escola durante todo o ensino médio e subitamente se vê capaz de prodígios espetaculares, é perfeitamente aceitável que um pirralho de quinze anos se achasse o rei da cocada preta, que se tornasse respondão e que resolvesse dar vazão aos seus instintos mais baixos e prioridade ás coisas que lhe dão prazer em detrimento de suas obrigações.
A história escrita por David Laphan e desenhada por Tony Harris enfatiza essa faceta "aborrescente" do personagem enquanto mostra seus primeiros dias de Aranha como estrela de TV e da luta-livre, apresentando personagens que jamais haviam sido mencionados e criando motivações "plausíveis" pra coisas como os lançadores de teia e o uniforme, explicações plausíveis que jamais fizeram falta ao cânone de Lee e Ditko, mas enfim, que vão de encontro aos interesses de uma geração que conheceu o personagem dos quadrinhos no cinema e ainda não é capaz de guardar as proporções entre os gibis escritos no começo da década de sessenta e o filme produzido na aurora do século XXI.
A história de Com Grandes Poderes é consistente, e entrega o que se propõe, mostra um jovem adolescente com grandes poderes e nenhuma responsabilidade, mas escorrega feio ao alterar demais, não só a personalidade de Peter, mas o espírito do personagem como o conhecemos (Ou conhecíamos, baseado em recentes eventos dos quadrinhos...).
Peter pode ter flertado com irresponabilidade e fortuna fácil, mas ele jamais foi um covarde, jamais foi um ingrato, e jamais daria as costas ao tio Ben e à tia May.
Recentemente uma história curta de J. M. DeMatteis foi publicada no gibi mensal do Homem-Aranha, ela mostrava o Homem-Aranha, no auge de seus quinze anos, em uma de suas primeiras missões de super-herói após a morte do tio, seu medo, sua falta de jeito, e todos os elementos que teriam feito qualquer outra pessoa largar tudo aquilo de mão.
Não era uma história longa como a da edição especial, não era tão elaborada. Mas tinha alma.
Talvez esse seja, no final das contas, o elemento que faz uma boa história.

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