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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Resenha Game: Heavy Rain



Nos últimos dias de Março peguei meus minguados rendimentos e, após uma rápida contabilidade, achei que poderia me auto-presentear com um novo jogo de videogame. Fui até o shopping e lá, vasculhei as prateleiras em busca de novidades. Três jogos imediatamente entraram na disputa que organizei em minha própria mente para ver qual seria o escolhido:
Aliens VS. Predador, God Of War III, e Heavy Rain.
Em que se pese que eu não joguei God Of War I e II, e apesar de ser fã de Aliens e Predadores não guardo as melhores lembranças de jogos relacionados aos extraterrestres, acabei pegando Heavy Rain, cujas novidades eu vinha acompanhando pela internet no último ano, e sobre o qual repousava grande curiosidade de minha parte com relação às decantadas inovações em termos de gameplay.
Agora, após ter terminado minha primeira incursão no mundo do "Assassino do Origami", posso falar a respeito com algum lastro. Vamos lá.
Heavy Rain é um suspense bastante semelhante aos que infestam os canais de filmes a cabo, na história, uma cidade típica dos EUA é assolada pelos ataques de um assassino serial conhecido como "Assassino do origami", que sempre opera da mesma forma: Sequestra um garoto com idade entre oito e dez anos, o mantém cativo por uma semana, o afoga, e então, abandona o cadáver da criança em algum lugar inóspito com uma orquídea e uma figura de origami.
Nesse cenário, surgem os personagens principais do game, que são quatro, todos com papéis a desempenhar na trama, cada um com sua história e todos jogáveis em capítulos sucessivos:
Ethan Mars, arquiteto divorciado, meio que o personagem central do game, teve o filho mais velho, Jason, morto em um acidente dois anos antes dos eventos do jogo, ele se vê envolvido nos crimes do origami de duas formas diferentes quando seu filho, Shawn, é sequestrado pelo criminoso ao mesmo tempo em que o trauma da morte de Jason começa a fazê-lo questionar a própria sanidade.
Scott Shelby, o detetive particular asmático, ex-policial, é o personagem com o maior número de sequências de ação, e parece resoluto em descobrir quem é o assassino não importa a que custo.
Norman Jayden, criminologista do FBI é enviado de Washington para auxiliar a polícia local na resolução do caso, ele possui um aparato de investigação criminal de fazer inveja ao pessoal do C.S.I., é dedicado e segue as regras, embora o seu vício em drogas possa complicar, e muito, sua investigação.
Fechando a quadra há Madison Paige, repórter insone que se vê envolvida no caso quase por acidente, e subitamente se torna o fiel da balança que pode significar vida ou morte para Shawn Mars.
Eu sei, não parece grande coisa.
Qualquer pessoa que tenha jogado um survivor horror em algum momento desde a era dos trinta e dois bits já viu histórias semelhantes.
Mas não se engane, Heavy Rain é bem diferente dos demais games que enchem as prateleiras das lojas por, pelo menos, três razões:
É um jogo de investigação, de suspense, onde as ações de cada um dos quatro personagens em suas respectivas linhas narrativas pode alterar o final do game, beleza, inovação número um.
O jogo investe em uma trama que foge das que geralmente vemos em videogames de última geração, é um suspense, não é um game de terror, nem é um game de ação, embora hajam alguns momentos tensos (A sequência de Madison no porão do médico é de fazer roer as unhas.), e esporádicas (e boas) sequências de ação, o clima é de investigação durante a maior parte do jogo, inovação número dois.
Durante essa investigação não há certo ou errado, não há um script correto para seguir. O jogador é responsável pelo jogo baseado em suas escolhas e em seu esmero ou desleixo na hora de realizar as tarefas que o game propõe.
Se você falhar em um quick time event (Aqueles momentos estilo God Of War em que uma sequência de botões deve ser realizada corretamente para cumprir uma tarefa.), se você não tiver tempo de tentar de novo, sua falha é incorporada à história, e você seguirá por uma linha narrativa que conduzirá a um desfecho diferente do que seria em caso de sucesso.
Se um dos personagens morre enquanto você joga, não há game over, ele morreu, e você segue jogando numa linha narrativa que incorpora a morte do personagem e você terá que encarar sua falha até o final do game (Ainda lamento ter "matado" o agente Norman Jayden... Prometo cuidar melhor de você na minha segunda tentativa, Norm.), inovação número três.
Além dessas belas novidades, há o apuro técnico. Heavy Rain é um jogo de animação bela e gráfico perfeito, os personagens são incrivelmente vivos. Claro, há problemas em certos momentos de movimento mais lento, quando se percebe que a movimentação dos personagens não é tão fluída quanto a de pessoas de carne e osso seria, porém as feições digitalizadas dos atores que interpretam os papéis no game (Com a mesma técnica de captura de performance usada por Robert Zemeckis em A Lenda de Beowulf e Expresso Polar) são de comover, assim como a boa dublagem e os cenários perfeitos.
Um bônus que nós, Brasileiros ganhamos na carona dos nossos patrícios portugueses é a possibilidade de jogar o game dublado em português (luso, não é o bicho, o som em inglês é bem melhor.), ou com legendas em português de Portugal, bacana pra quem não domina inglês, uma vez que o texto é fundamental para aproveitar o que o jogo oferece de melhor, sua história.
Eu sei, é uma história parecida com todos aqueles filmes dos canais a cabo à noite e tudo mais, mas aqui, você está no comando do personagem principal. Mais que isso, dos quatro personagens principais. Se estiver atrás de um game onde pensar e ser paciente é tão útil quanto esmagar botões, gritar, babar, bater no peito e gritar que é muito macho, invista cento e oitenta reais nesse. Vale a pena.

"Eu sou um pai, também..."

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