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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Resenha Cinema: As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne


Há quem diga que Steven Spielberg nasceu pro Tintin, o personagem do quadrinista Hergé, um intrépido repórter investigativo que se envolve em inúmeras aventuras.
Talvez fosse a semelhança que as enrascadas em que o personagem original se envolvia com as aventuras de Indiana Jones, repletas de lugares misteriosos, vilões ameaçadores e enigmas intrincados. Ou, quem sabe, fosse apenas esperança que o frescor juvenil das aventuras imaginadas pelo Hergé contaminassem o diretor que, vamos combinar, não vem na sua melhor forma, e digo isso de um dos meus realizadores cinematográficos preferidos, mas já tem muito tempo desde O Resgate do Soldado Ryan, Minority Report e O Império do Sol.
Nem mesmo seu retorno a Indiana Jones foi o que se esperava. O Reino da Caveira de Cristal foi divertidíssimo, mas não lambe as botas d'O Templo da Perdição, talvez o mais fraco da trilogia original.
Foi, então, com esperança que fui assistir o que prometia ser uma parceria épica entre Spielberg e Peter Jackson, um longa rodado com o sistema de captura de performance que Robert Zemeckis vem aperfeiçoando nos últimos anos, e que transformaria Jamie Bell, Daniel Craig, Simon Pegg e Nick Frost e Andy Serkis, especialista nessa modalidade de atuação nas criações de Hergé numa fita aventuresca como a muito tempo Spielberg não fazia.
Ao filme:
O repórter Tintin (Jamiel Bell) compra uma miniatura de um navio, o Licorne do título, em uma feira de antiguidades. Imediatamente surgem pessoas dispostas a comprar o modelo, como Barnabé, e o misterioso senhor Sakharine (Craig).
Intrigado com o interesse dos estranhos na sua aquisição, Tintin resolve fazer uma pequena investigação com seu inseparável cão Milu, e acaba por descobrir que o segredo do Licorne está ligado ao capitão Haddock (Serkis), o que o envolve em uma viagem através de fronteiras da Europa à África para montar um quebra cabeças que pode levar à uma fortuna perdida.
Está tudo lá, como eu me lembrava nas animações que via nas tardes da TV Cultura, tudo turbinado pela espetacular animação por CG que dá novos e interessantíssimos tons ao traço de Hergé, e pela mão de Steven Spielberg para filmar cenas de ação de tirar o fôlego.
Os personagens não chegam a gerar aquele "vale da estranheza" que alguns trabalhos em computação gráfica acabam causando, mas estão extremamente bem feitos, envoltos por sombras vivas e texturas realistas de pele e cabelos mas sendo, ainda, fiéis ao traço original em um excelente trabalho da WETA digital de Peter Jackson.
O espetáculo visual, no entanto, está muito mais galgado na capacidade de Steven Spielberg de imaginar sequências espetaculares e da forma como ele as gera ao se ver livre das amarras de uma câmera física. Essa capacidade sensacional do cineasta está presente em todo o filme na forma das lindas transições onde o oceano pode virar uma possa d'água ou um aperto de mão se transforma nas dunas do Sahara, mas fica, de fato, evidente na grande sequência em que Tintin, Milu e Haddock perseguem, em uma moto com side-car, Sakharine e seus comparsas em um jipe.
Sem um único corte de câmera Spielberg constrói uma sequência empolgante e esteticamente lindíssima, passando por cada um dos núcleos envolvidos na perseguição, incluindo aí uma enxurrada, um falcão e um tanque de guerra!
Pessoalmente, porém, não achei o filme tão bom quanto alguns setores da crítica alardearam. Tintin é uma aventura divertida e correta, tem seus encantos, mas ainda não é o filme que vai devolver Spielberg à velha forma.
Mas certamente valeu a tentativa.

"-Como anda a sua sede de aventuras, capitão?
-Insaciável, Tintin."

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