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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Resenha Cinema: Relatos Selvagens


O cinema brasileiro engatinha se for comparado ao cinema dos nossos hermanos de além da fronteira sudoeste. Sério... Chega a ser uma comparação maldosa. Só pra ficar no prêmio máximo do cinema, enquanto os portenhos já levantaram dois Oscar, com Luís Puenzo e seu A História Oficial em 86, e Juan Jose Campanella com O Segredo dos Seus Olhos (que é o filme do mês na TNT e vale demais uma espiada), nós continuamos tentando, e se batemos na trave com o excelente Cidade de Deus, a verdade é que o longa de Fernando Meirelles foi nosso último competidor com chances reais de prêmio.
E hoje, enquanto o carro chefe do nosso cinema é o Leandro Hassum, reciclando (com resultados lamentáveis) a comédia de Jerry Lewis, Jim Carrey e Eddie Murphy, os seguidores de são Maradona produzem cinema de qualidade, com filmes de gêneros diversos, bem escritos, bem produzidos, bem dirigidos e bem atuados.
Exemplar mais recente da qualificada produção cinematográfica dos hermanos a desembarcar por aqui, Relatos Selvagens é outra demonstração da inequívoca superioridade do cinema argentino.
O longa de Damián Szifrón (em seu primeiro longa-metragem) é, na verdade, uma pequena coleção de curtas, Pasternak, As Ratas, O Mais Forte, Bombita, A Proposta e Até que a Morte Nos Separe, as seis histórias não têm ligação entre si, exceto por todas tratarem de violência, vingança, e do prazer de, eventualmente, perder o controle.
Pasternak, o hilário segmento inicial estrelado por Darío Grandinetti e María Marull, mostra o que acontece quando os passageiros de um avião vão descobrindo um ponto em comum no passado uns dos outros.
As Ratas, estrelado por Julyetta Zilberberg, Rita Cortese e César Bordón se concentra no que acontece quando o desejo de vingança de uma garçonete indo ao encontro da sede de justiça de uma cozinheira quando confrontadas pela presença de um desafeto do passado da primeira.
Em O Mais Forte, segmento com um quê de Encurralado (primeiro longa de Steven Spielberg) com Leonardo Sbaraglia e Walter Donado, um desentendimento na estrada escalona até um confronto de proporções trágicas.
Bombita, protagonizado por Ricardo Darín, mostra um engenheiro de demolições que vê sua vida desmoronar a partir do momento em que seu carro é rebocado por engano, numa espiral de desacertos que o leva além o limite, fazendo-o explodir.
Em A Proposta, o segmento mais fraco do longa, o milionário Mauricio (Oscar Martínez)está disposto a tudo para impedir que seu filho vá pra cadeia. Mas apenas até achar que estão tentando tirar vantagem dele.
E no segmento final, o ótimo Até que a Morte nos Separe, a noiva Romina (Erica Rivas, genial) descobre, durante a festa de casamento, que o noivo Ariel (Diego Gentile) tem um caso com uma das convidadas, o resultado é uma explosão de tristeza inicial, que, aos poucos, vai dando lugar à ira, e então a um determinado desejo de vingança, com resultados constrangedores e hilários.
Com um roteiro ágil e esperto do próprio Szifrón, música sublime de Gustavo Santaolalla e um elenco na ponta dos cascos (se ferver Wagner Moura, Selton Mello e Lázaro Ramos numa panela não sai meio Ricardo Darín), Relatos Selvagens é uma ótimo programa, e certamente vale o ingresso.
Veja no cinema.

"Que violência? Estou descrevendo uma realidade. Onde está a violência?"

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