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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Resenha Game: Assassin's Creed - Unity


Ah, o fim do ano... As festas se aproximando, o espírito natalino se espalhando e a chegada do décimo-terceiro salário garantindo que o orçamento não fique (ainda mais) comprometido por conta dos lançamentos recentes do Playstation 4, que estão me fazendo varar noites acordado e me causando urticária por passar horas e horas experimentando jogos sem, efetivamente, conseguir terminar nenhum.
O último foi esse Assassin's Creed - Unity, primeiro lançamento da muitíssimo bem-sucedida franquia da Ubisoft para a nova geração de consoles (eu sei, Assassin's Creed - Black Flag também saiu para PS4, mas foi uma versão revista de um game criado para PS3), e sequência do que deve ser o último lançamento da franquia para a geração anterior de consoles, Assassin's Creed - Rogue (golpe sujo da Ubisoft, lançar, simultaneamente os dois games. Azar deles, comprei um só, e só comprarei o outro quando entrar naquelas promoções de custar 30 reais e olhe lá...).
Em Assassin's Creed Unity acompanhamos a trajetória de Arno Victor Dorian, um jovem de origem franco-austríaca que, aos oito anos de idade perdeu seu pai, um membro da ordem dos Assassinos, e foi adotado por François de la Serre, um pequeno nobre de Versalhes e Grão-Mestre templário da França.
De la Serre, um bom homem, acolheu Arno e o criou junto com sua própria filha, Élise, e em respeito a seu inimigo tombado, jamais tentou cooptar Arno para a causa dos Templários.
O jovem cresceu com algum conforto, apaixonado pela filha de seu tutor, e envolvendo-se em confusões e altercações devido à sua paixão pelo jogo e pelo álcool.
Quando já é um homem feito, Arno acaba sendo indiretamente responsável pela morte de François, assassinado por templários que não partilhavam de seu desejo de conciliação com os Assassinos e discordavam da trégua firmada entre as partes.
Para piorar, os algozes de François conseguem incriminar Arno, que acaba sendo culpado pelo crime e preso na Bastilha.
É lá que ele conhece Pierre Bellec, um Assassino veterano que descobre a herança de Arno, lhe revela a verdade sobre seu pai, e o acolhe na irmandade que trabalha nas trevas para servir à luz.
Tornando-se um Assassino, Arno irá galgar os degraus da irmandade enquanto luta por vingança e redenção, ao mesmo tempo em que tenta revelar a verdade por trás da trama que culmina com a Revolução Francesa.
Assassin's Creed - Unity é um baita jogo. Não é fabuloso, não é maravilhoso, duvido que seja o melhor jogo do ano e nem mesmo é o melhor Assassin's Creed (esse, pra mim, segue sendo Brotherhood, seguido de perto por Black Flag), mas o game deu uma necessária refrescada na franquia.
Se em Black Flag houve um respiro graças ao aprofundamento nas atividades navais (um mero mini-game em Assassin's Creed III), não chegava a ser uma novidade, mas apenas um recurso já visto melhor aproveitado, isso não acontece em Unity.
O novo título não traz nenhuma grande novidade, mas redesenha todas as características da série, dos movimentos de parkour até o combate, passando pelas abordagens de low e high profile na hora das execuções e até o sistema de furtividade.
Embora tudo seja familiar, nada é igual em Assassin's Creed Unity.
Quase...
Na verdade, algumas das falhas mais recorrentes da série ainda estão lá. O protagonista meio sem sal (e será que, algum dia, alguém conseguirá competir com Altair e especialmente com Ezio?), a história que não chega a empolgar no durante e pode ser insatisfatória no final, e até alguns problemas de má resposta nos controles, um problema antigo que fica evidenciado quando a jogabilidade passa por mudanças, por mais sutis que sejam.
Mas calma. Nem só de percalços resultam as novidades em Assassin's Creed - Unity. O game tem seus pontos fortes, e eles não são poucos.
Comecemos pelo que se vê primeiro:
Os gráficos.
Unity tem o que são, de barbada, os melhores e mais belos gráficos da série. Texturas de pele, cabelos, armaduras e roupas são de chorar, a movimentação dos modelos 3-D, a forma como todas essas unidades se movimentam umas sobre as outras e todas elas sobre a brilhante reprodução da Paris do século XVIII.
Em AC-U o ambiente é mais vivo do que jamais foi. A capital francesa às portas da revolução é um colírio, uma megalópole imensa, pulsante de vida, com suas ruas repletas de pessoas, volta e meia milhares delas (nunca houveram tantas multidões em Assassin's Creed, em uma missão, em particular, mais ao final do game, tem tanta gente na rua que dá vontade de ficar apenas observando o povo protestar), e com o apuro visual que a série já consagrou nos primeiros games elevada à enésima potência. Escalar uma das torres da cidade e ver a cidade erigida em detalhes, de seus becos enlameados com o sangue dos sans-culottes aos palacetes dos bairros abastados enquanto a câmera se afasta é um espetáculo.
As escaladas, por sinal, foram redesenhadas no novo título, e se as diferenças para o que havíamos nos acostumado a ver na série são quase imperceptíveis quando se sobe, se tornaram bastante evidentes quando se desce.
Se tu, como eu, era daqueles desgraçados que se matavam diversas vezes ao saltar de uma torre sem encontrar o bom e velho monte de feno embaixo, vai ficar feliz em saber que agora existe um sistema de descida tão eficaz quanto o de subida na hora do "free-running", que gera algumas boas alternativas na hora de uma fuga, e aumenta o estilo do Assassino que não parece mais um saco de batatas despencando de um penhasco ou um mergulhador suicida.
Outro sistema que passou por modificações foi o combate. Eu, francamente, achei menos fluido do que o das outras versões (o combate de Assassin's Creed III ainda é o mais bonito na minha opinião), mas ao menos aumenta um pouco o fator desafio quando ainda não pegamos o jeito.
Outra alteração bem-vinda ao game (além da redução a quase zero das insuportáveis missões de perseguição) foi a possibilidade de o jogador poder escolher a abordagem que pretende usar na hora de cometer um assassinato. Isso é uma mão na roda tanto porque o sistema de cobertura do game é um pouco confuso, o que dificulta as missões furtivas, quanto porque dá mais liberdade ao player para "assinar" sua obra com as características que prefere e domina.
Essa possibilidade de personalização, aliás, não está restrita à forma de cumprir determinadas missões, Unity traz à série uma faceta de RPG totalmente inédita, permitindo alterar as roupas, o equipamento e as habilidades de Arno ao gosto do jogador, tornando toda a experiência de jogo mais pessoal, e servindo à outra novidade do título, a cooperação on-line.
Várias missões do game podem ser realizadas por até quatro jogadores, cada um com seu Arno (então, é uma boa que cada jogador possa mudar tudo, as roupas, as armas, e as cores do seu assassino), com isso, é interessante formar times que possam operar de maneira variada, alguns mais safos na hora de sumir, e outros mais cascudos na hora de descer o martelo de guerra no crânio dos guardas.
O sucesso nas missões (co-op e solo) rende pontos e dinheiro que podem ser usados para comprar melhorias para o seu personagem, e progredir até se tornar um Mestre-Assassino.
Outra faceta recorrente do game, as missões fora do Animus, são bastante reduzidas em Unity, mas as que existem são interessantes, e trazem um bem-vindo intervalo à epopeia de Arno, além de nos dar a oportunidade de rever Rebecca e Shaun (cujas notas e informações com seu indefectível e mordaz humor britânico volta e meia me fazer rir sozinho na sala).
No fim das contas, Assassin's Creed - Unity dá um passo adiante na franquia, mostra que a Ubisoft ainda tem cartas na manga, está disposta a inovar e que a guerra entre Assassinos e Templários ainda tem muito cartucho pra queimar.
Seria interessante, porém, que a produtora pensasse em eliminar as falhas da franquia, e em contar melhores histórias antes de inserir novas mecânicas, que são, sim, muito bem vindas.
Arno, com sua cara de Jean Dujardin e trama de vingança meio reciclada não tem jeito de que vá ser o carro chefe da franquia na nova geração, mas segura as pontas para apresentá-la.
Vale a jogatina.

"Onde outros homens seguem cegamente à verdade, lembre-se: Nada é verdadeiro.
Onde outros homens são limitados por moralidade ou lei, lembre-se: Tudo é permitido."

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