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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Resenha Cinema: Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força


Pra muita gente é uma espera que se arrasta desde 2005. Pra outros tantos, é uma espera que se arrasta desde 1983. Depende, claro, de o quanto tu gosta de Star Wars, do teu ponto de vista, e de o quanto as "prequências" engendradas por George Lucas a partir de 1999 foram satisfatórias (ou insatisfatórias...).
Desde que a Disney comprou a Lucasfilm e anunciou uma nova trilogia (além de diversos derivados), todos ficaram em compasso de espera, aguardando ansiosamente por dezembro de 2015, quando o filme seria lançado.
Meses de tensão e catarse quando cada nova imagem e cada novo vídeo eram jogadom na internet lançando uma pequena luz sobre a produção que, na melhor tradição dos longas de J.J. Abrams era envolta em mistério, e ontem, pós essa longa espera, finalmente, era hora de voltar ao cinema e assistir Star Wars novamente.
Conforme o tapete de letras que sobre pela tela nos diz logo de cara, a vitória de Luke, Leia e Han ao final de O Retorno de Jedi não significou paz na galáxia.
Das cinzas do antigo Império de Palpatine, surgiu a Primeira Ordem, um grupo militar organizado à imagem e semelhança do Império sob o comando do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), do general Hux (Domhnall Gleeson) e de Kylo Ren (Adam Driver).
Opondo-se à Primeira Ordem existe a Resistência, uma organização que segue os moldes da Aliança Rebelde, lutando extra-oficialmente em uma guerra que se estende por anos, desde que Luke Skywalker (Mark Hamill) se retirou em um exílio secreto após sua tentativa de treinar uma nova geração de Jedi terminar de forma trágica.
Quando o filme começa, estamos no planeta Jakku, para onde a general Organa (Carrie Fisher) enviou seu melhor piloto, Poe Dameron (Oscar Isaac) em busca do que pode ser a salvação da Resistência:
A localização de Skywalker.
Dameron obtém um mapa de Lor San Tekka (Max Von Sidow), e o esconde em seu dróide BB-8 após um ataque da Primeira Ordem acabar com sua captura e o completo genocídio dos aldeões sob ordens de Ren.
Enquanto Dameron é levado à bordo da nave de Ren para ser interrogado, BB-8 se afasta o máximo que pode do conflito, perdendo-se no interminável deserto do planeta.
Surge Rey (Daisy Ridley).
Uma sucateira que vaga pelo deserto procurando peças que possam ser vendidas a Unkar Plutt (Simon Pegg) em troca de comida.
Rey e BB-8 eventualmente se encontram e o dróide convence a garota a ajudá-lo a chegar ao entreposto Niima, onde Poe Dameron deveria estar.
Mas Poe segue preso em poder de Ren, que extraiu de sua mente a localização do mapa e já iniciou uma busca por BB-8 em Jakku.
O que a Primeira Ordem não sabe é que o stormtrooper FN2187 (John Boyega) está disposto a tudo para desertar. Inclusive ajudar na fuga de Dameron.
Os dois fazem uma arrojada escapada em um Tie-Fighter, mas são avariados e caem em Jakku, onde FN2187, rebatizado Finn por Dameron, perde seu companheiro após o pouso forçado.
Após vagar horas pelo deserto, ele chega ao entreposto Niima, bem a tempo de encontrar Rey e BB-8 e se envolver em uma nova fuga quando os stormtroopers reconhecem o dróide a quem Rey e Finn acompanham.
Incapazes de lutar contra as forças da Primeira Ordem, o trio precisa fugir, e acaba conseguindo isso ao embarcar numa velha espaçonave. Casualmente, a lata velha mais rápida da galáxia.
A movimentação da Millenium Falcon eventualmente atrai a atenção de seu antigo dono, Han Solo (Harrison Ford)e seu co-piloto Chewbacca (Peter Mayhew)Juntos, os quatro precisarão trabalhar juntos para levar BB-8 até a resistência, uma tarefa que se torna mais e mais complicada à medida em que a Primeira Ordem está disposta a tudo para impedir este reencontro, inclusive usar de maneira indiscriminada sua nova arma definitiva:
A base Starkiller.
Um poderoso engenho construído ao redor de um planeta vivo que apaga sóis para destruir sistemas planetários inteiros.
É muito bacana.
O Despertar da Força tem tudo o que nos habituamos a ver em Star Wars. O admirável universo habitado por criaturas bizarras, heróis ingênuos e vilões desprezíveis. A sensação de "futuro desgastado" dos filmes originais está lá, tão palpável quanto nos anos setenta/oitenta, graças à decisão de J.J. Abrams de apostar em efeitos práticos, fantasias, máscaras e cenários, ao invés de computação gráfica em cada frame conforme ocorreu nos episódios I, II e III.
Claro, há muita computação gráfica, as batalhas aéreas, por exemplo, são todas geradas por computador, e são excelentes. Há apenas uma luta no espaço, as demais são todas batalhas travadas dentro da atmosfera de planetas, a batalha em Takodana é espetacular, e ali vemos toda a perícia de Poe Dameron, uma mistura de Han Solo, Luke Skywalker e Wedge Antilles no tocante a pilotagem.
Toda a pirotecnia do CGI porém, não tira a alma do filme. O Despertar da Força é escrito por Michael Andt e o veterano da série Lawrence Kasdan (o mesmo dos episódios V e VI), que conseguem equilibrar espetáculo e personagens vivos.
Rey e Finn, personagens centrais do filme, ganham personalidades arquetípicas conforme pede a cartilha de Star Wars, mas têm camadas que permitem que eles sejam mais do que meros arquétipos.
O diretor também acerta a mão ao emular de maneira bastante óbvia a atmosfera e a trama de Uma Nova Esperança em tudo, desde a mensagem secreta escondida no dróide em um planeta desértico que acaba nas mãos de uma pessoa jovem ingênua e corajosa, passando pelo personagem mais velho e experiente que guia o novo grupo de heróis, e o temível vilão que tem uma história familiar intrincada, passa por uma crise de identidade e serve a um mestre que é verdadeiramente podre até a raiz da alma.
Mais do que isso, há referências visuais óbvias à batalha de Yavin, à caverna de Dagobah, à Hoth, Tatooine e Endor. Maz Kanata (Lupita Nyongo) ecoa como Yoda em sua sabedoria milenar, e o nazismo visual do Império alcança seu ápice quando, antes de usar a estação Starkiller, o general Hux se dirige às tropas da Primeira Ordem em formações que emulam descaradamente os discursos inflamados de Hitler, com direito a saudações de mão e flâmulas escarlates.
Em meio aos novos personagens, surgem os antigos, Han, Leia, Chewie, R2-D2 (Kenny Baker), C-3PO (Anthony Daniels), almirante Ackbar (Tim Rose/Erik Bauersfeld), para fazer o obrigatório fan-service, que inclui referências à trilogia original (Que a Força esteja com você, Eu tenho um mau pressentimento sobre isso, ou a volta de Kessel em menos de doze (e não quatorze) parsec.).
Equilibrando-se bem entre todos os elementos obrigatórios de Star Wars, de sua galáxia pequena o suficiente para todo mundo se cruzar por acaso como se morasse em André da Rocha, a comédia, o melodrama, a tensão, as risadas e lágrimas, a aventura e o misticismo, Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força é uma excelente volta da franquia à sua melhor forma.
Não é perfeito. Não é melhor do que os filmes originais. Mas respira. Vive. E diverte.
Que venha o episódio VIII.

"-É verdade. Tudo. O lado sombrio. Os Jedi. É tudo real."



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