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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Top 10 - Cinema 2015

O ano de 2015 não foi, nem de longe, generoso como 2014 e especialmente 2013, na quantidade de bons filmes que chegaram aos cineplexes brasileiros.
Com cada vez menos locadoras operando, e os cinemas forçados a encherem suas salas de comédias brasileiras com elenco de globais, ficou particularmente difícil assistir a todos os filmes que eu queria ter visto sem fazer downloads ilegais, de modo que, pela primeira vez em anos, tive dificuldade para encontrar dez filmes que fizessem justiça à lista.
Ainda assim, aqui está mais um infame top 10 Casa do Capita, dedicado aos melhores filmes de 2015:

10 - Noite sem Fim


O ótimo policial estrelado por Liam Neeson, Joel Kinnaman e Ed Harris ganhou um lugar no pé da lista em grande parte devido à ausência de grandes filmes nos cinemas ao longo do ano, é verdade. Não é menos verdade, porém, que o longa de Jaume Collet-Serra foi uma das mais surpreendentemente aprazíveis experiências cinematográficas que tive esse ano.
Com um Liam Neeson deixando meio de escanteio sua veia de one-man-army e se aprofundando no estilo William Munny de ser, a história de camaradagem e vingança entre mafiosos irlandeses de Nova York é um desses filmes que merecem ser assistidos, e fazem a gente se arrepender de não ter ido ao cinema conferir.
Fica a lição: Liam Neeson não faz duas porcarias no mesmo ano.

9 - Missão: Impossível - Nação Secreta


Digam o que quiserem de Missão: Impossível, eu provavelmente concordarei com tudo, mas há uma coisa que não se pode deixar de dizer:
Por Deus, que filmes divertidos.
A cinessérie iniciada por Cruise no distante ano de 1996 envelheceu tão bem quanto seu acrobático protagonista, encontrando o equilíbrio entre a trama de espionagem clássica do primeiro segmento e a pirotecnia francamente descerebrada do segundo para encarreirar ótimas matinés de ação/espionagem em sequência.
Em um ano em que James Bond não segurou o roldão e os homens da U.N.C.L.E. não convenceram, Ethan Hunt e sua equipe garantiram a honra do gênero com mais uma bem sucedida incursão da MIF nas telonas para se opor ao Sindicato, a nação secreta de espiões que tenta desestabilizar o mundo livre.

8 - Vício Inerente


A história de detetive lisérgica de Paul Thomas Anderson estrelada por um Joaquin Phoenix no auge de sua forma adapta de maneira absurdamente competente a obra de Thomas Pynchon.
Diferente de qualquer outro filme noir que tu tenha assistido na vida, o longa de PTA tem um grande elenco e uma trama que parece desconexa para deixar a audiência no mesmo barco que Doc Sportello (Phoenix), um detetive/médico/hippie constantemente chapado que investiga três casos ao mesmo tempo enquanto lida com o policial Christian 'Big Foot' Bjornsen (Josh Brolin) e as lembranças de sua namorada desaparecida Shasta (uma hipnótica Katherine Waterston). Se "ovos se quebram, chocolate derrete e vidro estilhaça" pois é da natureza das coisas se deteriorar, Vício Inerente é uma grata exceção à regra.

7 - Sicario - Terra de Ninguém


A tensa história policial de Dennis Villeneuve começa com extrema categoria na hora de criar uma atmosfera com a agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt) e equipe encontrando uma sinistro cemitério improvisado emparedado em uma casa num subúrbio do Arizona. Daí pra frente, Kate é arrastada pelo agente Matt Graver e seu associado, o consultor Alejandro (Benício Del Toro), cada vez mais profundamente para dentro do sombrio mundo dos cartéis de drogas numa inquietante jornada por um terreno sem preto ou branco, mas extensa e indefinidamente cinza, onde a única alternativa à justiça de verdade é escolher o menor de dois males, uma tarefa que pesa na consciência, e deixa as mãos irremediavelmente sujas.

6 - Ponte dos Espiões


Steven Spielberg volta à carga e à lista de melhores do ano com a história de como, durante a Guerra Fria, o advogado Jim Donovan (Tom Hanks) é escalado para defender o espião soviético Rudolph Abel (Mark Rylance) no que deveria ser um julgamento de faz-de-conta para dar a impressão de processo legal sério ao mundo.
Donovan, porém, se recusa a fingir, e vai até onde a lei permite e além para salvar a vida de seu cliente, uma decisão que se prova acertada quando um piloto americano é capturado em espaço aéreo soviético, e Donovan deve viajar à Alemanha Oriental para negociar a troca de Rudolph pelo rapaz, uma trama que se complica quando um estudante americano capturado pelos alemãs surge na equação.
Brilhante trabalho de elenco (destaque para Hanks e Rylance), parte técnica acima da média e um inesperado casamento redondinho entre a veia solene de Spielberg e o escárnio dos irmãos Cohen, roteiristas do longa, no que é o melhor trabalho recente de Spielberg, um cineasta fundamental do Século XX, e um dos melhores filmes do ano.

5 - Whiplash: Em Busca da Perfeição


Tecnicamente um longa de 2014, eu sei, mas a história do jovem baterista de jazz Andrew Neimann (Miles Teller, ótimo) e seu professor, o tirânico Terrence Fletcher (J.K. Simmons, genial) só estreou no Brasil em janeiro desse ano, e após doze meses, ainda é um dos melhores filmes de 2015.
O longa de Damien Chazelle é econômico em quase tudo: Duração, tempo de filmagem, orçamento, mas esbanja talento de elenco e equipe, qualidade e uma surpreendente tensão ao opôr o jovem estudante de música que almeja se tornar um virtuose e o professor com níveis de exigência estratosféricos que não quer deixar o próximo virtuose se perder por falta de incentivo mesmo que isso signifique literalmente arrancar sangue de seus pupilos num crescendo de tensão que explode na brilhante sequência final.
Bravo!

4 - Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força


Aposta fácil. Depois dos trailers com Han Solo proclamando que ele e Chewie haviam voltado pra casa, todo mundo sabia que O Despertar da Força seria um filmão.
E foi. Voltar àquela galáxia bem, bem distante conduzido por J.J. Abrams para reencontrar Han Solo (Harrison Ford), Chewbacca (Peter Mayhem), Leia Organa (Carrie Fisher), Luke Skywalker (Mark Hammil), a Força, os Jedi, a Millenium Falcon, os caças TIE, e as X-Wing e conhecer uma nova geração de heróis com Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) além de novos vilões como Kylo Ren (Adam Driver), capitã Phasma (Gwendolyne Christie), general Hux (Domhnall Gleeson) e o supremo líder Snoke (Andy Serkis) foi um deleite.
A galáxia continua menor que o bairro onde tu cresceu, os engenheiros imperiais ainda são péssimos e o serviço de inteligência dos heróis ainda é um lixo, mas quem liga?
Esses são os elementos que tornaram Star Wars uma peça indelével da identidade cultural contemporânea, e quando eles se juntam para contar uma história empolgante e adorável, quem é que vai se queixar de coincidências fortuitas?
Que a Força esteja conosco. Ano que vem tem mais.

3 - Divertida Mente


A mais recente empreitada da Pixar é o ápice da Pixar, perfilando-se aos brilhantes Wall-E e UP - Altas Aventuras como os pontos culminantes da brilhante filmografia do estúdio.
Na trama co-dirigida por Pete Docter e Ronnie DelCarmen a história das emoções da menina Riley, de onze anos, entrando em polvorosa quando a guria se muda com a família do interior de Minnesota para São Francisco é um desses deleites que o estúdio fundado por Steve Jobs consegue criar fazendo parecer a coisa mais fácil do mundo.
A jornada de Tristeza e Alegria para voltarem à cabine de comando da mente de Riley é uma figura de linguagem apropriada para (entre outras coisas) um longa que faz a audiência rir e chorar de maneira tão imediatamente alternada.
Como aprendemos com a história de Riley e suas emoções, que também incluem Nojinho, Medo e Raiva, a tristeza é uma parte importante da vida, e quem não derrama lágrimas eventuais, não vai saber valorizar os sorrisos.
Obra prima.

2 - Perdido em Marte


Eu sou fã de Ridley Scott e não é de hoje. O diretor alcunhado de "homem do visual" por conta de sua capacidade ímpar de criar imagens que ficam marcadas na memória da audiência e filmes que poderiam ser mudos por conta de sua capacidade de contar histórias de maneira gráfica, porém, vinha claudicando.
Seus trabalhos recentes eram muito menos do que a grife Ridley Scott deveria ser, e seu último filme realmente acima de qualquer suspeita, era O Gângster.
Scott precisou sair do planeta Terra para voltar a contar uma grande história, mas não precisou de xenomorfos nem de nenhuma espécie de monstro espacial, apenas contar a empolgante jornada de sobrevivência do astronauta Mark Whatney (Matt Damon), e sua luta para suportar as mais adversas condições do sistema solar para se tornar, meio aos trancos e barrancos, o primeiro colonizador humano em outro planeta após ser erroneamente dado como morto, e deixado pra trás por sua equipe após uma missão de exploração em Marte dar errado.
Exibindo uma veia nerd insuspeita, Damon toma conta da tela enquanto a audiência se junta ao resto da equipe da Ares III e à NASA em suas desesperadas tentativas de trazer o "marciano" de volta pra casa, num excelente retorno de Scott à velha forma, com a melhor ficção científica do ano.

1 - Mad Max: Estrada da Fúria


Testemunhe-me, desafia o garoto de guerra Nux (Nicholas Hoult) numa frase que poderia muito bem ser dita por George Miller, o idealizador de Mad Max: Estrada da Fúria.
O retorno do diretor australiano ao futuro distópico onde não existe lei, exceto a do mais forte, e onde a gasolina e a água são as molas que mantém homens deformados física e mentalmente em movimento não poderia ter sido melhor.
Max Rockatanski voltou, agora com a cara e a econômica voz de Tom Hardy, apropriando-se sem cerimônia do papel de Mel Gibson, ele tem seu caminho cruzado pela tribo de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) e por sua guerreira renegada Imperator Furiosa (Charlize Theron), que trai seu líder para salvar as cinco esposas do vilão e tirá-las da Cidadela onde vivem.
O ato de rebeldia de Furiosa dá início à uma violenta caçada humana que se estende pelo deserto sem fim onde a ação se passa, dando a Miller carta branca para criar um espetáculo de tensão em alta octanagem alicerçado em personagens perturbados e vivos e uma parte técnica sublime, com direção de arte, design de som, música e fotografia sensacionais.
Mad Max: Estrada da Fúria é um filme de arte de ação. Um longa de macho feminista. Uma obra prima em meio à uma franquia. Um trabalho de gênio que deveria viver tunado e cromado por toda a eternidade, e o indiscutível melhor filme de 2015.

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