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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Resenha Filme: The Ridiculous Six


Eu vi críticas extremamente pesadas a The Ridiculous Six na internet. Tanto no Brasil quanto fora, todo mundo destruiu o filme de Adam Sandler, primeiro de uma parceria de quatro longas entre o serviço de streaming Netflix (que mudou minha relação com seriados) e a produtora do comediante, Happy Madison.
Não chegou a me surpreender que o filme fosse ruim. Eu sou um costumeiro detrator de Sandler a quem não acho engraçado. Nunca fui fã do comediante, nem no Saturday Night Live, nem em seus tenebrosos filmes de estréia, O Rei da Áfua, Um Maluco no Golfe, ou Billy Madison - Um Herdeiro Bobalhão... Pra não dizer que desprezo totalmente Sandler, gostei de Embriagado de Amor, Reine Sobre Mim, e sua única comédia que me agrada é Afinado no Amor.
Sandler dá a impressão de ser como aquele amigo pregador de peças que todo mundo tem. O sujeito que adora tirar sarro dos outros, mas fica fazendo beiço quando alguém prega uma peça nele. Em todos os seus filmes ele é um sujeito simplório e/ou de bom coração que bate em todo mundo, trolla todo mundo, é casado com uma tremenda gostosa e ainda é bom em esportes... Tudo bem que cinema é faz de conta, mas acho que até minha irmã consegue dar uma coça no Sandler.
Mas as críticas profundamente ressentidas que eu vi de The Ridiculous Six tinham menos a ver com a (má) qualidade das comédias de Sandler, e mais com o preconceito que o longa destilava contra mulheres e nativos americanos.
Foi por conta dessa faceta que ontem resolvi desperdiçar duas horas da minha vida e assistir The Ridiculous Six ao invés de mais um par de episódios de House of Cards.
No longa, escrito por Tim Herlihy e pelo próprio Sandler com direção de Frank Coraci conhecemos Tommy Faca Branca Stockburn (Sandler).
Tommy é um branco que ficou órfão após um pistoleiro assassinar sua mãe, e foi criado entre os apaches pelo chefe Águia que Grita. Adulto, ele se tornou exímio no uso de facas, forte, rápido, enfim, toda aquela ladainha que já nos acostumamos a ver nos filmes de Sandler, um Zohan do velho oeste, que aproveita-se de sua aparência para trafegar entre os brancos que desprezam os peles-vermelhas e fazer pequenas incursões à cidade com sua noiva, Raposa Quente (a linda Julia Jones).
Após uma dessas incursões, que acaba em uma briga com a gangue do Olho Esquerdo, a tribo de Faca Branca recebe uma visita de seu pai verdadeiro. O há muito desaparecido Frank Stockburn (Nick Nolte).
Frank conta a Tommy que após uma longa vida como fora da lei, ele juntou uma pequena fortuna, e quer dá-la a seu filho para que ele divida com sua tribo.
Antes que Frank e Tommy possam ir desenterrar o dinheiro, porém, a antiga gangue de Frank, agora sob o comando de Cicero (Danny Trejo) surge querendo sua parte. Frank diz que levará os bandidos até o dinheiro, contanto que Tommy e sua tribo sejam deixados em paz.
Assim que a gangue parte, Tommy decide seguir no rastro de seu pai, juntando as pistas deixadas pelo velho e cinquenta mil dólares, para alcançá-lo antes que Cicero o mate.
No caminho, porém, Tommy descobre que seu pai se divertiu um bocado na vida, e em cada cidade por onde passa, tem um, ou mais irmãos.
Não tarda para que ele conheça Ramón (Rob Schneider), Lil Pete (Taylor Lautner), Herm (Jorge Garcia, de Lost), Danny (Luke Wilson) e Chico (Terry Crews), e juntos, os seis ridículos comecem uma onda de crimes roubando de todos aqueles que são desonrados para obter os cinquenta mil dólares e salvar a pele do pai que a maioria jamais conheceu.
É óbvio que é ruim.
É uma comédia com Adam Sandler com todos os defeitos recorrentes das comédias de Adam Sandler. Das participações especiais dos amigos do ator (Jon Lovitz, Chris Kattan, John Turturro, Steve Buscemi, David Spade, Nick Swardson, Blake Clark, Chris Parnell, a esposa de Sandler, Jackie Sandler, além de Harvey Keitel, o jurado do The Voice americano Blake Shelton e, que Odin os perdoe, Vanilla Ice interpretando Mark Twain) aos prodígios físicos ímpares que o personagem do protagonista consegue realizar passando pela escatologia absoluta da diarreia do burro tudo o que torna os filmes de Sandler engraçados pro público americano médio (e aparentemente pro brasileiro médio, já que a maioria das atrocidades cinematográficas cometidas por Sandler estréia nos cinemas brasileiros.) está lá.
Vou ser franco e dizer que não. Não achei nada no roteiro particularmente ofensivo aos nativos americanos. Na verdade, os índios são as únicas pessoas sãs do filme. As piadas idiotas com os nomes das mulheres (Raposa Quente, Bafo de Castor e Nunca Usa Sutiã) não são nada comparados aos perenes papéis de vilão dos índios nos westerns de antigamente, e se todas as mulheres do filme são mostradas como donas de casa ou prostitutas... Ora, no que isso difere The Ridiculous Six de oito em dez outros faroestes?
O problema de The Ridiculous Six não é o preconceito racial ou de gênero de seu roteiro, é simplesmente a falta de graça. O único momento vagamente engraçado do filme é quando John Turturro aparece em cena como Abner Doubleday (o general da guerra civil americana a quem é creditada a invenção do beisebol.) ensinando um grupo a jogar beisebol (ou Bastões McShinkles), mas como eu disse, é vagamente engraçado, e isso porque as regras do esporte são de fato muito arbitrárias.
Em suma, The Ridiculous Six não é mais ofensivo que a maioria das boas comédias, nem mais estereotipado do que a maioria dos filmes em geral, é apenas um longa mal escrito, com uma estrutura narrativa pobre, más atuações, e sem graça. A epítome dos filmes de Adam Sandler.

"Esse foi um lance místico!"

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