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sexta-feira, 7 de junho de 2019

Resenha Cinema: X-Men: Fênix Negra


Não é de hoje que eu digo que os filmes dos X-Men produzidos pela Fox são vítimas de uma incompreensível má-vontade por parte da audiência, especialmente após o advento do MCU.
Veja, eu entendo que as pessoas prefiram o MCU, realmente entendo. É particularmente bem arquitetado, têm atores e personagens que aprendemos a amar ao longo de inúmeros filmes e é, basicamente, uma coleção de feel good movies de super-herói. Mesmo entre os piores filmes do MCU (E acredite, há alguns que são de amargar numa segunda assistida), é difícil não conseguir encontrar algo de que se gostar, nem que seja o carisma de um único ator (ouviram bem, Homem de Ferro 2 e 3 e Homem-Aranha: Volta ao Lar?).
E eu sou o primeiro a reconhecer que o X-Verso da Fox é extremamente irregular pra se dizer o mínimo. X-Men 3 - O Confronto Final, é horroroso, de três filmes solo do Wolverine, dois não valem a película em que foram filmados e X-Men: Apocalipse é um longa menor na comparação aos seus irmãos oriundos de Primeira Classe. Eu sei. Ainda assim, X-Men: O Filme é uma ótima adaptação, especialmente se contextualizarmos o filme de maneira correta. X-2 ainda é um dos melhores filmes de quadrinhos de seu tempo. Primeira Classe é excelente (e especial, pra mim), Logan é uma pérola, Deadpool e Deadpool 2 são divertidíssimos e X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido é uma das minhas adaptações de gibi favoritas, então, enquanto fã de cinema e de quadrinhos, sempre foi muito difícil, pra mim, não ver esse ranço para com os filmes como mero mimimi.
E foi por isso que ontem eu me dirigi ao cinema mais próximo da minha casa pra conferir o penúltimo longa da franquia sob a batuta da Fox (eu acho, francamente não sei de Novos Mutantes e nem tenho certeza se o filme será lançado e, quando for, se será pela Fox ou pela Disney...), X-Men: Fênix Negra.
O longa abre com um flashback. É 1975 e os Grey estão fazendo uma viagem de carro, Elaine Grey (Hannah Anderson) dirige ao lado de seu marido John (Scott Shepherd) com Jean, então com oito anos de idade, no banco de trás. Jean, que ainda não controla seus poderes, causa um grave acidente, e após ser liberada do hospital sem nenhum arranhão, é acolhida por Charles Xavier (James McAvoy).
Corta pra 1992.
Um acidente que parece envolver erupções solares coloca toda a tripulação de um ônibus espacial em perigo.
Na Mansão X, Charles Xavier recebe uma ligação em sua linha pessoal com o presidente dos EUA (Ponta de Bryan d'Arcy James, de Spotlight) e envia os X-Men para o resgate.
Liderados por Mística (Jennifer Lawrence) e Fera (Nichola Hoult), a equipe formada por Ciclope (Tye Sheridan), Tempestade (Alexandra Shipp), Mercúrio (Evan Peters), Noturno (Kody Smit-McPhee) e Jean Grey (Sophie Turner) viaja à órbita da Terra para salvar os astronautas.
À revelia das incertezas de Fera e Mística, Charles insiste para que nenhum membro da tripulação da NASA seja deixado para trás, o que faz com que o ônibus espacial seja banhado por uma estranha forma de energia que é absorvida por Jean.
De volta à Terra, os X-Men, agora celebrados pela humanidade como heróis, com direito a pintura facial e figuras de ação, são recepcionados como heróis e tudo parece terrivelmente bem até que Jean começa a sofrer efeitos colaterais de sua exposição à estranha energia no espaço.
Seus poderes começam a aumentar eme escala geométrica e ela passa a ter dificuldade em contê-los. E quando Jean começa a lembrar de eventos de seu passado, e essa estranha energia passa a dominar suas ações fortalecendo suas emoções mais negativas, Jean se torna um perigo para todos ao seu redor, mesmo seus mais antigos amigos.
As coisas apenas se complicam quando os remanescentes dos D'Bari, uma raça alienígena liderada por Vuk (Jessica Chastain) chegam à Terra em busca da energia que Jean hospeda, disposta a tudo para cooptá-la e usá-la para encontrar um novo lar, e a única coisa entre os alienígenas e Jean, são os X-Men, mas após uma tragédia dividir os membros da equipe, a pergunta não é nem se eles conseguirão deter os D'Bari e Jean, mas se irão conseguir colocar suas diferenças de lado para tentar fazê-lo.
Conforme eu disse lá no início, eu sou um habitual defensor dos filmes dos X-Men da Fox, mas não sou cego.
X-Men: Fênix Negra é um longa cheio de boas intenções, e, enquanto tentativa de adaptar um dos mais dramáticos e épicos arcos dos X-Men dos quadrinhos, é infinitamente mais competente do que X-Men 3 havia sido, entretanto fica claro que Simon Kindberg, produtor e co-roteirista de longa data da série se ressente de experiência nessa sua primeira vez como cineasta.
É difícil não imaginar que esse filme poderia ser muito mais interessante nas mãos de um Bryan Singer ou Matthew Vaughn. Parece faltar a Kindberg a malandragem de saber quais ideias desenvolver e quais descartar na hora de contar sua história, e isso pesa contra o filme. Claro, o fato de o longa ter passado por extensas refilmagens para diferenciá-lo de Capitã Marvel não deve ter ajudado, mas o inchaço do filme é flagrante. Kindberg tem tanta dificuldade na hora de decidir onde centrar sua lente que temos uma raça alienígena que mal é apresentada, e uma vilã cujo nome é mencionado apenas uma vez ao longo do filme. Se as pessoas reclamaram da forma como o talento de Oscar Isaac fora desperdiçado em Apocalipse, certamente terão urticária ao ver o que é feito de Jessica Chastain.
Outra questão é a forma arbitrária com que o longa coloca sua trama em movimento. É difícil não ver muitos dos conflitos e contratempos do longa como mera encheção de linguiça ou desculpas para levar a história por um determinado caminho. Eu não tenho nenhum problema com a exploração da faceta mais pragmática e sombria de Charles Xavier, eu inclusive gosto dela porque humaniza um personagem que tem tendência ao messianismo, mas o arco do Fera, por exemplo, é absolutamente incoerente para com tudo o que sabemos sobre o personagem, e a estratégia de Mística na hora de resgatar os astronautas deixa claro que, ou ela é péssima em seu ofício (são apenas trinta segundos para o resgate, e o MERCÚRIO está sentado bem ali atrás! Mas ela envia Jean e Noturno.), ou o roteirista simplesmente não conseguiu pensar em nenhuma boa razão para chegar onde ele queria além de "porque sim".
Apesar de ter alguns bons momentos e atuações sólidas, em especial de James McAvoy e Nicholas Hoult (e um grande esforço de Sophie Turner e Michael Fassbender, que fazem o possível com o material que lhe é dado), o longa jamais empolga. Suas decisões mais acertadas são mal desenvolvidas e acabam soado discretas, enquanto seus piores defeitos se destacam. Não há uma grande mensagem, não há um grande momento, não há uma grande sequência de ação (ainda que a luta no trem blindado seja bem-intencionada), e isso pesa sobre um longa de super-herói que está sendo lançado pouco mais de um mês após Ultimato, mas especialmente sobre o que deveria ser o desfecho de uma franquia que existe há quase vinte anos e uma dúzia de filmes entre os quais há momentos de excelência.
De minha parte, continuo não sendo um detrator dos X-Men da Fox. Entre altos e baixos, continuo achando que a franquia teve filmes melhores do que piores, e há ao menos três longas entre os doze, que figuram entre aqueles que considero algumas das minhas melhores experiências de fanboy no cinema, Fênix Negra não vai nem pro topo e nem para o fundo da lista, é uma experiência medíocre, deslocada no que deveria ter sido o canto do cisne para a série.
Melhor sorte no MCU?

"-Você acha que pode me consertar?
-Você não está quebrada, Jean."

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