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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nós (os homens) e futebol...


Há algo de primitivo em todo o homem, e quando digo homem, não me refiro á espécie humana, mas aos representantes do gênero masculino, o homem, e não a mulher.

O homem é criado desde pequeno de forma mais primitiva do que a mulher, quem nunca viu uma mãe ou pai colocando um pequerrucho pra fazer xixi ao pé de uma árvore em uma rua lotada? Agora já viu um pai ou mãe fazendo o mesmo com a filhota? Na praia, as menininhas em sua maioria, mesmo aquelas que recém deram os primeiros passos, usam a parte de cima do biquini, ou maiô completo. Os guris, por outro lado, até pelados andam quando são bem pequenos.

É, talvez, uma preparação pro futuro. Todos sabem que é uma selva lá fora, logo, o caçador mais apto terá maior chance de sucesso. Quase como se estivéssemos de volta ás cavernas, vemos os homens sendo preparados para o que der e vier. Se a filha briga na escolinha é um escândalo, se o filho briga, tudo bem, coisa de guri. Se ela tira notas ruins, não terá futuro, se ele tira notas ruins, pelo menos é bom em esportes. Se a guria rouba um beijo de um colega, "minha filha o que é isso? Que comportamento é esse?", se o guri repetir conduta "Mas, ah, guri.".

Os pais protegem a virtude das filhas desde a mais tenra infância. Já com os filhos... Há até um certo orgulho nos progenitores quando o pimpolho se comporta de forma moralmente reprovável, contanto que ele demonstre competitividade.

Quando crescidos, os homens se deparam com uma sociedade que ainda exige que eles sejam chefes de família, bons provedores, que defendam sua casa e família, que sejam educados e inteligentes e espirituosos e capazes de citar Nietzsche, mas ao mesmo tempo encontram mulheres evoluídas que aprenderam que biologia não é destino, que querem, antes de casar e ter filhos, saber mais, trabalhar mais, ganhar mais, ver mais filmes da Nora Ephron e da Sophia Copolla, ler mais livros da Martha Medeiros e fazer academia entre o trabalho e as aulas da pós-graduação. E aí, meus camaradas, o homem se perde. Ele não consegue encontrar seu meio-termo, então exagera pra mais ou menos e ajuda a mulher menos do que deve, e então é um grosseiro e um relapso, ou ajuda demais e então é um machista e um afetado.

Talvez seja por isso que nós, homens, gostamos tanto de futebol, no futebol nós vemos representado um mundo de regras simples onde o mais apto física e mentalmente é favorito á vitória, ao mesmo tempo, mesmo esse mundo de regras simples guarda espaço para o imponderável, e o mais fraco ainda pode levar a melhor contra todas as chances. O esporte substitui a guerra no inconsciente do homem, nós gritamos, torcemos, xingamos e confraternizamos com completos desconhecidos, quando vamos ao campo (de batalha) lutar pela bola estamos satisfazendo os instintos que foram cultivados em nós por nossos ancestrais mas que nem sempre encontram lugar na sociedade moderna, nos abraçamos aos nossos companheiros após o triunfo, caçoamos do inimigo derrotado, bradamos gritos de guerra e tocamos tambores primevos.

Ali, seja calçando chuteiras na sexta-feira de noite, seja quarando ao sol no estádio no final de semana, nós estamos satisfazendo nosso cro-magnon interior, encontrando um lugar nesse (nem sempre) admirável mundo novo onde podemos ser aquilo que nascemos e somos criados pra ser, mas que a sociedade do século XXI não nos permite ser.

E ainda há quem se pergunte por que nós gostamos tanto de futebol.

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