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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Dor de garganta


O Alípio acordou naquela manhã sentindo o gosto ruim e a sensação desagradável de ardência causados pela sua dor de garganta. Repetiu seu ritual matutino costumeiro. Lavou o rosto, escovou os dentes e gargarejou e bochechou um anti-séptico bucal. A ardência, porém, permanecia em sua garganta dolorida toda a vez que ele engolia saliva. Chato. Mas não inesperado. Na noite anterior, ele precisara limpar o freezer para o degelo. Havia lá, oito sacolés, e dois potes de sorvete inacabados. Alípio cuidara de tudo. Comeu o sorvete napolitano assistindo Law & Order Special Victim Unity, comeu o sorvete de pistache enquanto via Matrix. E devorou os sacolés enquanto jogava Assassin's Creed Brotherhood.
Eram dias quentes aqueles últimos em Porto Alegre, nenhuma novidade. O verão da cidade batia, normalmente, na casa dos quarenta graus em dias de final de janeiro e começo de fevereiro, mas em dezembro... Em dezembro não era normal.
Talvez tenha sido aquela anormalidade na temperatura que fizeram com que Alípio atacasse tão vorazmente todos os doces gelados em seu freezer, e depois dormisse descoberto com o ventilador ligado diretamente em cima de si. Enfim, se os dias eram tão quentes, as noites eram de temperaturas amenas. Na casa dos vinte graus, ás vezes menos. Aquela noite marcara dezoito graus. Aí estava, pensou Alípio assistindo o noticiário da manhã, a razão de sua dor de garganta. Enquanto calçava os tênis e procurava seu pen-drive antes de sair para o Trabalho, Alípio não pôde deixar de notar a ironia de como era fácil entender por que tinha a garganta dolorida, e como era difícil saber por que seu coração estava no mesmo estado.

Um comentário:

  1. ahh o pior é que pra sarar a dor de garganta tem remédio né? Já pra dor no coração...

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