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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Rapidinhas do Capita profundamente contrariado com o fiasco colorado.


Pois foi sorrindo que a Amélia se aproximou do Severino no meio da quermesse. Ele lá, todo nervosão, com botina, calça de brim, camisa xadrez e cabelo penteado. Até tinha aparado aquele bigode de carroceiro dele, sabe aqueles bigodes? Que crescem com poucos fios e acima dos cantos da boca? Pois é, o Severino tinha um desses, deixava a Amélia louca da vida. Pois não é que o Severino aparou aquela porcaria? Sumiu o tal do bigode, até apresentável ele ficou. A Amélia chegou perto dele sorrindo, e o pegou pela mão. Dançaram, ele muito nervoso, olhando pro chão pra não pisar nos pés dela, calçados com delicadas chinelinhas plásticas transparentes. Quando começou uma música lenta, e eles dançaram com os corpos colados e olhos nos olhos, a Amélia apoiou a cabeça na junção do pescoço e do ombro do Severino, o nariz e os lábios dela tocando na pele dele, nossa. O Severino quase desmaiou, chegou a sentir um formigamento na parte de trás das côxas que pensou que fosse precisar sentar, mas acabou a música.
Comeram algodão doce, pamonha e tomaram quentão. Depois, a Amélia conduziu o Severino até atrás de um galpão próximo, e eles se beijaram muito, durante muito tempo. Se beijaram com sofreguidão, de ficar com os lábios vermelhos e precisar fazer "ahm" pra recuperar o fôlego entre um beijo e o outro. As mãos de Amélia passeavam pelo peito, pelas costas e pelo pescoço de Severino, ele passava as mãos na cintura, nos quadris e na barriga de Amélia.
Após algum tempo, ele a olhou nos olhos, encantado, e disse:
-Amélia, eu te amo...
Ela sorriu e respondeu:
-Se eu te amar te aviso. Por enquanto, não te ilude e aproveita.

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A Verinha e o Osmar eram unha e carne. Tavam sempre juntos. Se davam super bem, amigos, mesmo, de longa data. Se conheciam a anos. A amizade dos dois já havia sobrevivido a namoros de um e de outro, a casamentos e noivados, a viagens e mudanças, havia sobrevivido até a outras amizades e sempre perdurara.
"Vocês deviam era casar um com o outro!" diziam as pessoas que conheciam ambos. Até que fazia sentido. Se eram tão próximos, se se entendiam tão bem, se eram tão importantes um para o outro, por que não?
Pro Osmar era bem simples, ele se sentia, de fato, atraído pela Verinha, além de adorá-la do fundo do coração, era um sujeito persistente, e estava disposto a abrir precedentes para fazer funcionar o que ele considerava uma belíssima chance de viver algo muito bacana, nem teriam de ser muitos precedentes, Verinha e ele tinham tanto em comum que o convívio dos dois era relativamente fácil, escetuando-se algumas radicais diferenças de personalidade que não chegavam a ser nenhuma tragédia grega.
O Problema era Verinha. Verinha também adorava Osmar. Verinha também se sentia atraída por ele, Verinha também achava que os dois combinavam em muitas coisas, que o tempo que passavam juntos era sempre tempo bem gasto, e que, com um pouquinho de esforço de parte a parte, podiam fazer as coisas funcionarem. O Problema é que Verinha não esquecia de nada. Nunca. A Verinha era um banco de dados wireless, que não esquecia virtualmente nada, especialmente coisas que se referiam ao Osmar. E Verinha vira como haviam acabado vários dos relacionamentos dele. Verinha vira-o sabotar relações com pessoas que ela considerava melhores do que ela própria e considerava, baseado no que ela sabia de Osmar, e ela sabia muito, mais próximas do que ele desejava. E, se perguntava como seria se, em algum momento, o Osmar se cansasse dela, o que podia acontecer a qualquer momento quando ele percebesse que ela não era quem ele idealizava.
Era quando pensava nisso que a Verinha cravava firmemente os pés no chão e não se deixava levar. Pois tinha medo demais de ver a amizade tão bacana que fora construída ao longo de anos ser ameaçada por uma decisão mal pensada de sua parte.
Ainda assim, em várias ocasiões, ela olhava pro Osmar quando ele se distraia e suspirava pensando se não valeria a pena dar um salto de fé...

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TRADUÇÕES:

Ele disse:
-Claro que eu sei que dia é hoje, e já tô com tudo preparado, inclusive, me espera que eu vou te buscar na saída do trabalho pra gente sair juntos e comemorar.
Mas, na verdade, ele quis dizer:
-Ai, cacete, o que foi que eu esqueci dessa vez???!!!

Ele disse:
-Não, Dulcinéia, eu te acho muito bonita, mas eu não te vejo dessa forma, a gente se conhece a tanto tempo que, sei lá, eu acho que só consigo pensar em ti como amiga...
Mas, na verdade, ele quis dizer:
-Não, Dulcinéia, fala sério, tu é um canhão, mulher, nem sob efeito de grandes quantidades de álcool, vamos ser francos, eu já te faço um favor sendo teu amigo...

Ele disse:
-Olha, Tainá, acho que a gente não deve mais se ver, eu te acho linda, inteligente, divertida, mas ficou bem claro que faltou alguma coisa entre nós, sabe? Alguma coisa da nossa química não deu liga, ás vezes acontece, ás vezes, não, infelizmente, acho que acontece, mas olha, ia significar muito pra mim se nós continuássemos sendo amigos.
Mas, na verdade, ele quis dizer:
-Olha, Tainá, acho que a gente não vai mais se ver, eu te acho muito gostosa, maior tesão e tudo, mas tu é muito puritana. Eu esperava que uma gostosa que nem tu fosse dar logo no primeiro encontro, por que eu não tô disposto a me amarrar com ninguém. Enfim, espero que tu não saia dizendo por aí que eu tentei te comer logo de cara, hein?

2 comentários:

  1. hahaha quanto mais eu leio as TRADUÇÕES, mais eu gosto do meu cachorro !
    Ahh não fica triste não pelo Inter, pense que ele ganhou de lavada aqui do grêmio prudente ( se é que isso de alguma forma é animador :) )

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  2. Ah, pois é, aprenda comigo enquanto estou vivo, meu pai já diz, nós homens, via de regra, não somos confiáveis.
    Mas tudo bem, talvez seja hipócrita da minha parte, mas quando o Inter vence, somos "nós", quando o Inter perde, são "eles". Então, tô xingando "eles" desde anteontem, eheheheh

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