Pesquisar este blog

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Top 10 Cinema: 2010




Nesse ano que se encaminha pro fim, eu fui menos do que gostaria ao cinema. Fui menos do que em 2009, também. Pode ter sido preguiça pura. Ou, talvez, esse ano não tenha sido tão rico em filmes como foi o ano que passou. Ainda assim, não podia deixar 2010 acabar sem fazer o infâme Top 10 Casa do Capita. Deu um pouquinho de trabalho, inclusive por culpa das nossas distribuidoras, que não mandaram pra Porto Alegre uma porção de filmes que eu queria ver, ou mandaram e deixaram aqui por pouquíssimo tempo. De qualquer modo, à lista:

10 - Invictus
OK, tecnicamente é um filme de 2009, mas só estreou no Brasil em 2010, então, entra na lista. A história de como Nelson Mandela (Morgan Freeman) usou descaradamente a Seleção Sul-Africana de Rúgbi para dar unidade a um povo afastado por anos de appartheid funciona com perfeição na tela, graças ao elenco encabeçado por Freeman e Matt Damon, e à mão firme de Clint Eastwood, que, se é grande na frente das câmeras, atrás delas é gênio!
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
9 - Kick-Ass - Quebrando Tudo
Matthew Vaughn flertou e fugiu da Marvel em mais de uma ocasião. Ele já havia amarelado na direção de X-Men 3 e de Thor, foi apenas na terceira tentativa, com Kick-Ass, que ele finalmente encarou o desafio de levar às telonas a adaptação de um quadrinho da editora do Homem-Aranha. E o resultado foi ótimo. É impossível não se divertir com as peripécias e desventuras de Dave Lizewsky e sua epópeia para, armado apenas com uma fantasia improvisada, um par de porretes e muita ingenuidade, se transformar em um super-herói do mundo real. Sua trajetória se complica e suas lesões se tornam mais graves conforme ele chama a atenção de bandidos e heróis (A Hit-Girl é a filha que todo nerd gostaria de ter.) de verdade. Ágil, honesto, e, acima de tudo, muito divertido. Que venha Kick-Ass 2.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
8 - O Livro De Eli
Nunca sabemos ao certo quanto tempo faz que a guerra devastou o mundo. Não sabemos, também, que tipo de guerra foi. O que sabemos, é que o céu foi queimado pelas bombas, e sob ele há apenas um arremedo calcinado do que antes foram cidades. Sabemos, também, que um homem chamado Eli (Denzel Washington, grande!) ruma de maneira incessante para o oeste, levando consigo um livro que pode salvar a humanidade, e que talvez tenha sido a causa da guerra que quase a destruiu. Em seu caminho surge Carnegie (Gary Oldman, ótimo.), que comanda uma pequena vila, mas sonha com muito mais, e sabe que o livro que Eli leva consigo pode ser a ferramenta de sua ascensão, e não está disposto a permitir que Eli suceda em sua missão. Grande filme dos irmãos Hughes, que não deixam a peteca cair no quesito ação, e nem permitem que o discurso sobre fé se torne o mote do filme tornando-o panfletário ou enfadonho. Futuro cult movie nas estantes de nerds intelectualóides, mas nem por isso, menos do que ótimo. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
7 - Tudo Pode Dar Certo
Após anos filmando na Europa filmaços como Match-Point e Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen voltou a sua Nova York de sempre e fez uma pequena jóia com a cara da sua filmografia. Boris Yellnikoff (Larry David, um Woody Allen V-12) é um físico que se afastou da humanidade e vive isolado mastigando a própria misantropia, niilismo e hipocondria após uma tentativa fracassada de suicídio. Vivendo de ensinar crianças a jogar xadrez, ele está satisfeito com a própria infelicidade até conhecer a desmiolada Melody (Evan Rachel Wood, tudo de bom), rainha de concursos de beleza no sul que fugiu de casa e pede que Boris a acolha enquanto tenta se ajustar à vida na big apple. Dessa relação, surge um efeito dominó em que pessoas passam pela vida de Boris e, dele, rumam em busca de sua parcela de felicidade. As interações do casal protagonista são ótimas, mas é quando Boris se dirige à audiência que percebemos o quão engraçado e cerebral Woody Allen pode ser na mesma sentença.
Bem vindo de volta a NY, Woody.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxnxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
6 - A Estrada
Outro filme pós-apocalíptico que chegou ao cinema em 2010 e não fez feio. Em A Estrada, um homem (Viggo Mortensen, excelente.) e seu filho (Kodi Smit-McPhee) vagam obstinadamente por um mundo gelado, cinzento e estéril lutando para manterem-se vivos até chegar ao litoral.
Em meio à devastação e o marasmo quebrado apenas pela constante ameaça da extinção e eventuais encontros fortuitos, ou não, nos deparamos com a luta de um pai para dar esperança ao filho em um mundo onde a redenção está cada vez mais distante, e onde todas as decisões, em algum momento, parecem más decisões quando o doloroso hoje, é comparado com um iluminado ontem.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
5 - O Segredo dos Seus Olhos
Pode ter sido a emoção, mas vi esse filme ontem, e hoje ele entrou na minha lista. Impossível não dar o braço a torcer pra produção cinematográfica argentina, os caras entendem dos riscado, e o suspense elegante sobre um homem (Ricardo Darín, um dos grandes, se não o maior intérprete hermano) que não consegue se conformar com a insolubilidade de um homicídio de mais de trinta anos atrás talvez seja o ápice da cinematografia portenha. Direção comedida e segura de Juan Jose Campanella, atuação ótima de Ricardo Darín e da excelente surpresa Soledad Villamil construindo um suspense enxuto e sem arroubos. Mas não é melhor que Tropa de Elite 2, como Maradona não é melhor que Falcão.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
4 - Ilha do Medo
Martin Scorsese é mestre no seu ofício, todo mundo sabe. E a parceria dele com Leonardo DiCaprio rende frutos saborosíssimos desde Gangues de Nova York, passando por O Aviador, Os Infiltrados, e agora Ilha do Medo, ótimo suspense onde Scorsese mostra o quanto entende de cinema brincando com vários estilos simultâneamente, mas sem se perder nos labirintos visuais das referências, da história que quer contar.
A história do agente federal Teddy Daniels, que, em 1954, ao lado de seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), vai até a prisão-hospício da ilha Shutter investigar o desaparecimento de uma paciente. Scorsese rege com habilidade as reviravoltas da trama que envolvem campos de concentração, traumas do passado, médicos de intenções duvidosas e psicóticos em tratamento culminando com um daqueles finais "Ma'como???".
Atuações seguras de um elenco que ainda conta com Ben Kingsley, Max Von Sidow, Emily Mortimer e Michelle Williams completam o pacote de um dos melhores filmes do ano.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
3 - A Rede Social
Algumas pessoas pode ter imaginado, ao ler a notícia de que David Fincher ia dirigir um filme sobre a criação do site de relacionamentos Facebook, que o diretor de Seven e Zodíaco havia bebido água do parto. Algumas pessoas se enganaram. Ao invés de simplesmente dirigir um filme sobre os bastidores da criação do orkut dos gringos, Fincher conta, de forma não linear, uma história de traição e ganância protagonizada por caras que não são lá muito diferentes daquele seu amigo bobão que manja tudo de informática. Quando Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg, ótimo no papel) leva um fora da namorada e resolve se vingar em seu blog, e depois, com a ajuda do amigo Eduardo Saverin (Andrew-Homem-Aranha-Garfield, muito bem.), cria um site para comparar a aparência das universitárias.
Daí em diante é um pulo até Zuckerberg criar(?) o seu The Facebook, e ver essa criação lhe trazer desafetos como os gêmeos Winklevoss (Armie Hammer, que nem parece um único ator fazendo dois papéis), idealizadores de um site de relacionamentos para alunos de Harvard que supostamente foi copiado por Zuckerberg, e amigos duvidosos como o co-criador do Napster, Sean Parker (Justin Timberlake, surpreendentemente bem.).
Sem apontar culpados, certo ou errado, Fincher traça um retrato do jovem de hoje: Egoísta, isolacionista, e iludido pela máscara de anonimato da internet. Bravo!
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
2 - Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro
Em 2007 José Padilha se juntou a Wagner Moura para contar a história do BOPE limpando as favelas cariocas durante a chegada do Papa ao Brasil, ao mesmo tempo em que apresentava os aspiras Neto e Mathias que saíam da corrupta PM carioca para se juntar à tropa de elite da polícia do Rio. De lambuja, o bom drama policial ainda apresentou o que se tornaria, talvez, o grande ícone pop brasileiro: O capitão do BOPE Roberto Nascimento. Sucesso absoluto de público, e filme divertidaço.
Três anos se passaram, e a dupla dinâmica Padilha/Moura tinha a missão de superar o primeiro filme. Bueno, missão dada, missão cumprida.
Dez anos se passaram, e Nascimento agora é coronel. Após uma operação que acaba mal sob seu comando, Nascimento, por uma dessas ironias da política, acaba promovido, ao invés de rebaixado, tornando-se sub-secretário de segurança do Rio de Janeiro. Com o apoio do coronel, o BOPE se transforma em uma máquina de guerra, destroçando o tráfico nas favelas cariocas. O que Nascimento não sabe, é que, ao fazer isso, cria um vácuo de poder que é perfeitamente ocupado pelos novos, e mais perigosos inimigos da lei e da ordem: Policiais e políticos corruptos dispostos a tudo para aumentar sua margem de lucros.
Tropa de Elite 2 é um tremendo filme de ação, assim como o primeiro, e aborda temas realistas espinhosos como a primeira parte, mas ganha em imediatismo, uma vez que a ação não se passa dez anos atrás. O elenco afiado, encabeçado por Moura, reune André Ramiro (Capitão Mathias), Milhem Cortaz (O ótimo capitão Fábio) e Maria Ribeiro (Rosane), e adiciona Seu Jorge (Beirada), André Mattos (Fortunato, roubando suas cenas), Sandro Rocha (Rocha), Irandhir Santos (Fraga) e Tainá Müller (Clara), está todo redondinho, e a montagem invocada, os bons efeitos especiais, a trilha sonora barulhenta e a ótima direção de José Padilha se complementam e fazem de Tropa 2, um produto de gênero, entretenimento do bom, e ainda, material pra reflexão. Um dos melhores filmes do ano.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1 - Origem
Muito mistério antes e durante as filmagens de A Origem devem ter ajudado o filme a ficar com fama de produto de difícil acesso, ininteligível, hermético e não sei mais o quê. Bobagem. A Origem é, grosso modo, quase um filme de espionagem ao estilo Bourne, ou um filme de assalto ao estilo Onze Homens e Um Segredo. A diferença é que, ao invés de desfilarem sua habilidade e elegância em bancos, ou cassinos, ou bases militares inimigas, os personagens mostram do que são capazes dentro do subconsciente de seus alvos, conectando-se a eles enquanto dormem e roubando-lhes segredos, de outro modo, inacessíveis.
O grande mestre dessa arte sutil e moralmente reprovável, pra dizer o mínimo, é Don Cobb (Leonardo DiCaprio, mostrando cada vez mais talento tanto como ator quanto como escolhedor de projetos), americano impossibilitado de voltar para os Estados Unidos por razões legais, e que ao lado de seu parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt, se recuperando da participação em G.I. Joe com outra boa atuação) trabalha no ramo dos segredos industriais. Ao tentar invadir a mente de Saito (Ken Watanabe, outro tremendo ator), Cobb e Arthur são desafiados a realizar um trabalho sensivelmente diferente do que estão acostumados: Ao invés de extração, inserção de uma ideia.
Começa aí a montanha russa de A Origem, com Cobb, disposto a tentar a inserção, considerada impossível por muitos em troca de seu retorno seguro aos EUA e seus filhos. Para isso ele une a equipe formada pela arquiteta Ariadne (Ellen Page), o falsário Eames (Tom Hardy), o químico Yousuf (Dileep Rao), unidos para invadir a mente de Robert Fischer (Cillian Murphy) e plantar lá, a ideia que pode mudar os rumos da indústria de energia enquanto lida com a perseguição onírica de sua falecida esposa Mal (Marillon Cotillard).
Elenco talentosíssimo que conta ainda com Michael Caine e Tom Berenger trabalhando em conjunto com uma equipe técnica capaz de tornar coisas absurdas possíveis, música e roteiro irrepreensíveis sob a batuta do cada vez melhor Christopher Nolan constróem o grande filmes de 2010.

2 comentários:

  1. eu quero, pela primeira vez, protestar!!!! não sou nerd e quero muito que minha filha seja como a hit- girl! e tá bom daí! não posso falar mais nada pois esse é o TEU top 10! é que o MEU não é bem nesta ordem e nem incluí alguns filmes...

    bj bj e feliz blá blá blá blá

    ResponderExcluir
  2. Bem, de todos esses, só assisti a a ilha, gostei muuito e acho que vem pra minha preteleira. Do resto... não sei dizer...

    ResponderExcluir