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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Rapidinhas do Capita Noel


Asturion acordou antes do sol, ainda estava escuro quando ele saiu de sob suas cobertas de pele e andou trôpego até o lago próximo. Após atender ao chamado da natureza e lavar o rosto com a água fria, ele encarou o céu daquela gélida manhã de inverno e constatou que podia seguir viagem, pois era improvável que voltasse a nevar. Acima das colinas tingidas de branco pelo gelo, ele pode discernir com alguma clareza, á despeito da distância, as formas de um grupo de homens à cavalo. Oito, talvez mais. "Mercenários" ele pensou enquanto atava com firmeza a bainha da espada ao cinto e mordia um pedaço de carne seca.
Apagou sua fogueira, colocou seu arco e sua aljava nas costas e tomou o rumo do norte. Talvez se encontrasse com os mercenários, talvez, não. Talvez eles fossem amistosos, talvez não. Talvez houvesse uma luta, talvez, não. Mas era bom, pensou Asturion enquanto checava o fio da lâmina de sua espada, estar preparado para o pior.
Centenas de anos depois, Alésio estava acordando em sua casa, confortavelmente deitado em sua cama com o braço sob o travesseiro de plumas anti-alérgicas. Levantou gemendo por conta do braço dormente enquanto empurrava seu edredon de verão, e andou até o banheiro. Fechou a janela pois estava frio naquela manhã. Atendeu ao chamado da natureza, lavou o rosto, e voltou para o quarto onde vestiu sua camiseta e suas calças jeans. Apanhou um par de meias brancas na gaveta das meias brancas, e as calçou enquanto olhava para a divisória de sapatos do guarda-roupa e escolhia um tênis para usar naquele dia. Tinha que ter amortecedores, pensou Alésio, pois sua coluna doía.
Ligou a TV no canal de meteorologia e viu que havia sessenta e quatro por cento de chance de chover, apanhou um casaco, e mordeu vigorosamente uma nectarina enquanto saía rumando para o trabalho. Antes de fechar a porta, porém, viu seu guarda-chuva pendurado no armário da cozinha. Talvez chovesse, talvez, não. Talvez ele se molhasse, talvez, não. Talvez pegasse uma gripe, talvez, não. Mas era bom, pensou Alésio, enquanto testava o botão de abertura de seu guarda-chuva, estar preparado para o pior.
Cada um a seu modo, Asturion e Alésio, eram pessimistas natos.

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O Luciano estava feliz da vida, encontrara o que acreditava ser a mulher ideal. Ela era bonita, divertida, simpática, inteligente, engraçada tinha bom gosto pra música, pra filmes, pra leitura, era nerd, mas não em excesso, gostava de se exercitar ao ar livre, e tinha uma qualidade meio molecona que só a deixava mais atraente. O Luciano não podia acreditar que aquela guria existia, jamais imaginara encontrar uma mulher que se encaixasse tão, mas tão bem no seu ideal feminino. Luciano pensava nela, e imediatamente sorria. Pensava se devia fazer um movimento, se devia convidá-la pra alguma coisa, ou, pelo menos, pedir o MSN dela, quem sabe. Imaginava como era sortudo de ter encontrado aquela moça. Imaginava ser sortudo até se dar conta que ela vivia a mais de mil cento e sessenta quilômetros de distância.
-Ah... Agora faz sentido.
Pensou Luciano olhando o mapa.

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Agora ruim, mas ruim, mesmo, é quando as músicas do Abba começam a fazer sentido.

Um comentário:

  1. éé como diz naquele filme : ''Às vezes eu queria não ter te conhecido. Assim eu poderia ir dormir à noite sem saber que tem alguém como você por aí ( a mais de mil cento e sessenta quilômetros de distânica )... Mas sei lá, aviões e passagens aereas parceladas em até 3 x no cartão existem pra isso eu acho...

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