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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Jogador Problema


Existe no RPG um tipo de player a quem cabe chamar de Jogador problema. Feliz do mestre de jogos que consegue levar sua campanha adiante sem um jogador problema no grupo. Esse mestre consegue conduzir a trama de sua campanha de maneira leve e descontraída, aumentar o foco na interpretação em certas ocasiões e deixar as coisas mais dramáticas em outras tantas. Esses mestres que não tem um jogador problema no grupo não sabem a sorte que têm a menos que já tenham tido um jogador problema no grupo.
E vamos deixar bem claro que, quando me refiro a jogador problema, não estou falando daquele colega que tem vergonha de interpretar seu personagem à mesa, nem daquele porra-loca que fica dissecando o livro de regras em busca de uma maneira de aumentar os próprios poderes a qualquer custo... Não. Esses jogadores um mestre tira de letra. Eles são fáceis de levar, são até divertidos em determinadas ocasiões.
O jogador problema é diferente disso. O jogador problema não está particularmente interessado nos seus índices de jogo, embora, claro, tenha interesse em ter o melhor personagem possível, ele não está interessado em ser uma máquina de matar, não. Tampouco tem vergonha do role play, embora, ás vezes, o mestre e os demais players à mesa desejem que ele tivesse.
O jogador problema é identificável pois ele é o jogador que monta o personagem que ninguém quereria montar. Enquanto todos gostam da ideia de ser um personagem forte, ou com grande potencial que crescimento de poder, o jogador problema monta personagens que só funciona dentro da sua cabeça, e que só existe na mesa do coitado do mestre que o acolheu.
O jogador problema é um meio-elfo com quatro classes de personagem ao mesmo tempo. Ele é um gnomo cantor, é um halfling dançarino, um anão pacifista com lesões cerebrais.
O jogador problema é aquele que sempre se separa do grupo obrigando o mestre a conduzir uma narrativa que é somente sua, e que serve unicamente pra que ele se sinta protagonista e atravanque a condução da história.
O jogador problema prefere ser um protagonista que só se dá mal, a ser um coadjuvante trabalhando pelo bem do time.
Claro que existem formas de mestrar para o jogador problema. Elas geralmente envolvem que o mestre use sua prerrogativa de ser árbitro do jogo e se comporte de forma arbitrária...
Aquela caixa na sala abandonada? Tinha um leopardo da neve faminto, lá dentro.
Aquela porta trancada no corredor do oitavo andar? Um portal dimensional levando para o abismo...
A velhinha andando solitária pela rua que entrou em um beco? Um doppleganger muito mal intencionado...
Não faz sentido, eu concordo. Parece estrambólico ou exagerado, mas são maneiras de se fazer um sinal, um sinal bem claro e específico, mostrando ao jogador problema que, se ele age de maneira idiota, coisas idiotas acontecem com ele.
O maior risco que o mestre corre é o de o player começar a pegar gosto pelas próprias desventuras, não importa o quão idiotas elas sejam...

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