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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Resenha Cinema: Rush - No Limite da Emoção


Eu cresci amando o automobilismo. Até meus treze, quatorze anos de idade quando descobri que gostava de futebol, o único esporte pelo qual eu demonstrava interesse eram o basquete, muito por causa de Oscar Schmidt, e acima de tudo, o automobilismo em geral, mas a Formula 1 em especial.
Domingo, pra mim, era sinônimo de grande prêmio, de torcer por meus pilotos preferidos (Nelson Piquet, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Allain Prost, e mais tarde Michael Schumacher, Jack Villeneuve, Damon Hill), beber a adrenalina das corridas, comemorar vitórias, lamentar derrotas e até chorar quando meu herói de macacão e capacete perdia o campeonato (Fiz isso por causa de Nelson Piquet, quando tinha cinco ou seis anos. Fui para baixo da mesa da sala com o meu carrinho Williams azul, amarelo e branco e chorei após uma derrota no GP da Áustria).
Eu era um fedelho tão fissurado, que minha mãe e meu pai eram incumbidos de me acordar de madrugada para acompanhar os GPs da Austrália e do Japão, e assim faziam.
Hoje em dia, com a Formula 1 transformada em um circo sem alma, talhado para movimentar rios de dinheiro e nada mais, perdeu a graça assistir às corridas, acompanhar o campeonato, ficar acordado até altas horas acompanhando os treinos para ver quem sai na pole-position... O esporte perdeu tanto a sua popularidade e a sua emoção, que eu sequer me lembrava do porquê de antigamente gostar tanto de ver as corridas.
Sábado, depois do trabalho, eu fui ao cinema ver Rush: No Limite da Emoção, e me lembrei.
Rush, dirigido com estilo e mão firme por um Ron Howard voltando à sua melhor forma, mostra a rivalidade entre dois pilotos, o britânico James Hunt (o Thor, Chris Hemsworth), e o austríaco Niki Lauda (Daniel Brühl, o Fredrick Zoller de Bastardos Inglórios).
Nos anos setenta a Formula 1 era um esporte de altíssimo risco, repleto de acidentes e com uma média de fatalidades que ultrapassava uma por temporada. Usando esse pano de fundo, Howard e o roteirista Peter Morgan (os dois repetindo a dobradinha do ótimo Frost/Nixon) desenvolvem a relação de dois homens totalmente opostos em tudo, exceto pela excelência na arte de pilotar em alta velocidade.
De um lado Hunt, um playboy mulherengo, agressivo e farrista, disposto a tudo para vencer dentro de um circuito, inclusive se casar, acreditando que isso o tornaria um piloto melhor, e de outro Lauda, um homem de gelo, pragmático, metódico e calculista, aceitando vinte por cento de chance de morrer pilotando, e nada além disso.
Rush acompanha os dois protagonistas, mostrando as diferenças entre os dois dentro e fora das pistas desde o início de suas carreiras na Formula 3, até encontrar seu ápice na temporada 1976 da Formula 1, quando Lauda, correndo pela Ferrari e Hunt, pilotando pela McLaren lutam ponto a ponto pelo título de campeão.
É espetacular, Ron Howard, que nos anos setenta estrelou filmes de corridas como Eat My Dust e Grand Theft Auto (nada a ver com o game), revive seus tempos de velocidade com maestria, cada corrida filmada por ele é sensacional, e apenas a sequência da carona de Niki Lauda na Itália, quando ele conhece sua futura esposa, já coloca todas as perseguições automobilísticas da série Velozes & Furiosos inteira no bolso.
Se a direção invocada de Howard e o roteiro afinado de Morgan se equilibram com maestria entre o drama esportivo e o espetáculo adrenalístico, turbinadas por uma fotografia espertíssima, algo crua e granulada de Anthony Dd Mantle, e uma música espetaculosa de Hans Zimmer, o elenco principal é outro grande trunfo, Chris Hemsworth convence como o boa pinta, cabeça quente e sanguíneo piloto inglês, e Daniel Brühl está simplesmente demolidor como Lauda. As atrizes que interpretam suas respectivas esposas, Olivia Wilde (tão linda que chega a ser irritante), como a modelo Suzy Miller, e Alexandra Maria Lara, no papel de Marlene Knaus repetem as atuações dos maridos, com ambas convincentes, mas a esposa de Lauda brilhando mais. Há, ainda outros nomes reconhecíveis no elenco (Christian McKay, Natalie Dormer, Pierfrancesco Favino e Julian Rhind-Tutt), mas Rush acerta ao não abrir concessões e manter seus dois protagonistas na tela o tempo todo, afinal é a história deles, de sua rivalidade e da velocidade que seguram a a audiência colada na tela até o catártico final.
Excelente filme, corra pro cinema pra assistir.

"Bem vindos à corrida da década!"

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