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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Quadrinhos: Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal


E aconteceu. Após longos anos, finalmente uma editora brasileira concluiu a publicação da genial Planetary, brilhante obra de Warren Ellis e John Cassaday para a Wildstorm.
Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal compila as edições 19 a 27 do gibi que investigou a história secreta de um mundo estranho repleto de maravilhas ocultas do público por uma trama de conspirações através dos olhos de Jakita Wagner, O Baterista e Elijah Snow.
Na primeira história Mistério no Espaço, Snow, Jakita e o Batera vão até o Zâmbia, onde um posto de monitoramento de Planetary detectou um aparato alienígena vagando nas imediações do sistema solar.
Para investigar a anomalia, Elijah usa os anjos, entidades extraterrestres que se alimentam de informação.
Enquanto Jakita e O Baterista se maravilham com o interior da imensa construção, onde uma civilização inteira se desenvolve em cada seção da espaçonave, Snow espera que o fenômeno atraia a atenção de Jacob Greene.
Na história, Ellis brinca com o conceito sci-fi do Big Dumb Object, e homenageia Galactus, o devorador de mundos.
A história seguinte, Encontro, é uma sequência direta da anterior, e apresenta, finalmente Greene.
Membro dos Quatro a ficar demasiadamente deformado pela anomalia que deu aos vilões seus poderes únicos (qualquer semelhança com o coisa não é, claro, mera coincidência), Jacob Greene vive escondido, seus poderes, uma resistência que o torna "imatável", além de força física absurda e ressentimento infinito contra a humanidade, uma paleta de qualidades que o tornam a mais perigosa arma nas fileiras dos Quatro de Randall Dowling.
Mas Elijah Snow tem um plano para lidar com ele. De preferência, de maneira definitiva.
Um plano tão bem guardado e arquitetado que faz com que Jakita se pergunte o que aconteceu ao líder do Planetary.
A terceira história, Telemetria de Máquina da Morte mostra Elijah Snow buscando a ajuda de uma feiticeira.
Embora Melantcha se considere uma cientista especializada em um ramo muito particular da ciência, ela obviamente segue o estilo Dr. Estranho de expansão da mente e indução à visões.
Na história (que rendeu a John Cassaday o prêmio Eisner de melhor desenhista em 2004), Elijah busca recuperar sua memória, parcialmente apagada por Randall Dowling, com o auxílio de Melantcha ele invade o domínio dos mortos, e desvela segredos envolvendo seu papel no mundo como um dos Bebês do Século.
História sem grandes referências, Telemetria de Máquina da Morte traz boas revelações sobre a função dos Bebês do Século de Ellis, bem como da visão do autor para o papel das pessoas com super-poderes no mundo.
Em A Tortura de William Leather conhecemos a origem e o passado da versão malvada do Tocha Humana de Planetary, o William Leather do título, e como se deu sua longa sociedade com Randall Dowling (num flashback que remonta a O Cavaleiro Solitário, O Sombra, O Besouro Verde e O Aranha).
Com a narrativa de Leather, aprendemos um pouco mais sobre os Bebês do Século, as reais intenções dos Quatro, e a natureza dos super-poderes.
A seguir vem Percussão, onde, durante uma conversa entre O Baterista e Jakita ficamos sabendo mais a respeito da origem do membro mais jovem de Planetary, e de por que ele pode ser a pessoa com mais razões para apoiar a violenta investida de Elijah contra os Quatro.
Percussão talvez seja a primeira história e explorar um pouco mais a fundo O Baterista, dando ao leitor uma chance de entender melhor seus poderes, mas também como esses poderes o fazem se relacionar com o mundo e as outras pessoas.
Mais ainda, a história revela, através do batera, o que de fato é Elijah Snow.
Em Sistemas, a quinta história do livro, Snow abre o jogo com Jakita e O Baterista, deixando claro que entendeu seu papel no multiverso após a consulta com Melantcha e contando o que pretende fazer, e por quê.
A compreensão de Snow gera uma resposta violenta dos Quatro, e prepara o tabuleiro para o começo do jogo.
Fria, a história que se segue mostra Elijah Snow indo ao encontro de seu velho amigo John Stone, em busca de respostas.
Flertando com Nick Fury e a SHIELD na figura de Stone, mas indo em direção à Apokolips d'O Quarto Mundo de Jack Kirby no flashback das revelações do espião, a história de Ellis mostra a verdade sobre como os Quatro conseguiram seus poderes e a que custo.
A sétima história não tem título, mas foi publicada na edição 26 da revista Planetary original, e tem uma capa fodona.
Nessa edição Elijah Snow chama Randall Dowling e Kim Suskind, os membros remanescentes dos Quatro para uma conversa derradeira, o encontro que vai culminar com vinte e cinco edições de ressentimento e tensão de parte a parte.
Elijah tem apenas uma chance de utilizar todo o conhecimento acumulado como arqueólogo do mistério para pôr fim à ameaça dos Quatro e daqueles responsáveis pelos poderes deles.
A última história da edição, na verdade um epílogo, também não tem título.
A Organização Planetary começou a dividir com o mundo as maravilhas da ciência que os Quatro ocultaram da Terra por décadas.
Tratamento anti-câncer, sistemas de levitação elétricos, super impressoras 3-D, estações de vida, dispositivos de comunicação com o espaço profundo, folhas de hiper-colimação... Nada parece impossível para os segredos que os Quatro trancafiaram longe dos olhos da humanidade.
Mas entre todas essas maravilhas, há apenas uma que interessa a Elijah Snow:
Uma forma de salvar Ambrose Chase, antigo terceiro homem da equipe de campo, dado como morto durante uma missão anos antes.
O problema é que a única maneira de salvar Ambrose depende de inúmeras variáveis e pode ter como efeito colateral a destruição do tempo e do espaço. Estará Elijah Snow disposto a enfrentar tais riscos para salvar seu amigo? E se estiver, será que ele entende realmente o que significa fazê-lo?
Mais uma ótima história, onde o Baterista, graças a seus poderes e aos dados secretos dos Quatro assume um papel de liderança em Planetary e onde Jakita Wagner questiona sua utilidade e capacidade de viver em paz após passar tanto tempo lutando.
Em meio à salada de física quântica que envolve o tipo de viagem no tempo imaginada por Ellis, ainda sobra espaço para Elijah Snow mostrar que não é tão frio quanto parece, e que o futuro da organização Planetary permanece brilhante, mesmo que não possamos vê-lo.
Espetacular. A despeito da tristeza de saber que Planetary não vai mais aparecer nas bancas (exceto se resolverem publicar a versão Omnibus por aqui), dá gosto de poder ter na estante, finalmente completa, uma das melhores e mais inteligentes séries de quadrinhos já publicadas.
Planetary tem todos os melhores elementos de um bom gibi, com personagens carismáticos e espertos, tramas cheias de reviravoltas e mistérios, e, de lambuja, uma série de homenagens e referências a marcos da cultura pop do Século XX inteiro, tudo isso ilustrado com o traço único de John Cassaday, facilmente um dos melhores artistas do quadrinhos mainstream norte-americano.
As 228 páginas de Planetary - Arqueologia Espaço-Temporal voam enquanto a gente lê, e quando terminamos, dá vontade de correr pra reler a série inteira de uma vez só.
Por 24,90, com capa cartão e papel LWC no miolo é pra comprar duas. Uma pra deixar na estante e outra pra ler sempre que tiver vontade com os dedos sujos de Doritos.

"Vamos então passar o resto de nossa longa, longuíssima vida, neste mundo tão estranho que nós amamos. Mantendo-o assim."

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