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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Resenha Game: The Amazing Spider-Man 2


Já disse isso antes, e volto a repetir: Games baseados em filmes baseados em quadrinhos geralmente não são lá muito bons, e isso pra dizer o mínimo.
Uma prova bastante cabal disso é que o game que resultou na melhor série de super heróis nos consoles, os Batman Arkham, surgiu após uma tentativa fracassada de criar um game sandbox do morcegão baseado em Batman - O Cavaleiro das Trevas, o que, diga-se de passagem, foi excelente, já que baseado tanto na qualidade de Arkham Asylum quanto na falta de qualidade do game de Batman Begins, nada se perdeu, apenas se ganhou.
É aquele problema de se fazer um produto rapidamente tentando pegar carona no sucesso de outro.
Todo mundo viu a porcaria que foram todos os games que a SEGA fez para os heróis da Marvel. O único que se salva, Captain America - Supersoldier, deve muito de seu relativo êxito à descarada chupada que o game deu, ora, veja, na série Arkham.
Entretanto, se há um super-herói que não pode se queixar das suas adaptações cinema/game, é o Homem-Aranha.
Se Ultimate Spider-Man ainda é meu game favorito do herói aracnídeo, não podemos esquecer que Spider-Man 2, e Spider-Man 3, jogos que aludiam aos filmes de mesmo título lançados em 2004 e 2007, estavam longe de serem produtos descartáveis. Em especial o primeiro game, que, se não me engano, foi o primeiro sandbox estrelado pelo cabeça de teia, e que era divertidíssimo mesmo que fosse um jogo que que não primava pela parte gráfica e tivesse alguns segmentos quase constrangedores em sua storyline (O duelo de prender bandidos com Mysterio, por exemplo...).
A boa sorte do amigão da vizinhança com games derivados de suas incursões cinematográficas se seguiu em 2012.
The Amazing Spider-Man se localizava no universo do filme de mesmo título, mas mostrava uma sequência alternativa à trama do filme, onde o herói precisava da ajuda de Curt Connors para combater uma infecção viral proveniente dos experimentos genéticos da Oscorp, bem como os robôs esmaga-aranha do doutor Alistair Smythe.
O game misturava elementos de exploração de mundo aberto com pequenas missões que surgiam no mapa com missões que focavam mais nas capacidades de stealth do Homem-Aranha. Longe de ser uma maravilha, o game tinha seus bons momentos. Algumas ótimas ideias e outras nem tão boas, e, por aí, se salvava como um produto bacana pra fãs e palatável pra audiência em geral.
Com a aproximação do novo filme, era de se esperar que um novo videogame fosse lançado para aproveitar o embalo do cabeça de teia nas telonas.
Semana passada eu comprei o game, e após seis dias de intensa jogatina turbinada por um conveniente resfriado, pude experimentar praticamente tudo que O Espetacular Homem-Aranha 2 tem a oferecer.
O game começa antes dos eventos mostrados no filme, com uma história paralela e alternativa e que começa antes do longa metragem.
A trama, que envolve os vilões do filme, Electro e o Duende Verde, mas também o Rei do Crime, Shocker, Kraven o Caçador, a Gata Negra, o Camaleão e o Carnificina, começa com o Homem-Aranha procurando pelo assassino do tio Ben, numa investigação que o coloca em meio à uma guerra de gangues de criminosos pelo comando do submundo de Nova York, mais a queda de braço entre Wilson Fisk e Harry Osborn pelo comando da Oscorp, ao mesmo tempo em que todos os bandidos estão se borrando de medo do "assassino carnificina", um serial killer que está matando membros de gangues e apavorando a cidade.
Embora o plot do game seja bastante bagunçado, e nem de perto um exemplo de inspiração, The Amazing Spider-Man tem algumas novidades interessantes.
A mais alardeada, o sistema "Herói ou Ameaça" é bacana. A ilha de Manhattan do game é palco de diversos tipos de emergências que necessitam da intervenção de um super-herói. Problemas que vão de meras perturbações da paz pública até impasses da polícia com gangues armadas, passando por perseguições automobilísticas, incêndios, arrombamentos e bombas plantadas por terroristas podem ser encontrados por todo o mapa praticamente o tempo inteiro.
Quanto mais sucesso o player tem em impedir que tais crimes e catástrofes se desenvolvam, mais a opinião pública toma partido do herói, isolando J. Jonah Jameson como detrator do cabeça de teia.
No entanto, se o jogador não for rápido e eficaz em sua missão de salvar os habitantes de NY, seu nível heroico diminui, e o coloca no radar da má imprensa, e da Força Tarefa patrocinada por Wilson Fisk e a Oscorp para policiar as ruas, um grupo de policiais escolhidos a dedo pelo Rei do Crime para receber armamento pesado de alta tecnologia.
Por bacana que o sistema Herói ou Ameaça seja, outra novidade me chamou muito mais a atenção:
O novo sistema de balanço de teias do game.
Se poder se balançar pela cidade sempre foi um dos pontos altos dos jogos do Homem-Aranha, não é menos verdade que coisas como as teias se grudarem nas nuvens e a movimentação do balanço não levar em conta nenhuma leia da física causavam algum estranhamento aos jogadores mais cri-cri (entre os quais me incluo).
Em O Espetacular Homem-Aranha 2, o jogador precisa ter onde colar sua teia, de outro modo, simplesmente cai.
Mais bacana que isso, cada um dos gatilhos 2R e L2 do controle (de PS3), responde pela respectiva mão do Aranha enquanto ele se balança. Então, no momento de grudar a teia, é importante saber onde se está mirando, e se há algo lá para a teia ancorar. Leva poucos minutos pra dominar a técnica, e se ela parece bobagem, experimente se atirar do Empire State e disparar sua teia com o braço certo no prédio adequado pra ver o ganho que isso gera em termos de física.
Nem tão inspirado é o sistema de combate, bastante repetitivo, e, embora tão eficiente quanto no game anterior, peca pela falta de variedade. Se surrar os vagabundos das ruas deveria, mesmo, ser fácil, os duelos contra os chefes poderiam ter recebido mais atenção.
As intermináveis telas estáticas após cada resgate, irritam após algum tempo (tanto porque se estendem além da conta, quanto por serem repetitivas demais), e há alguns tilts e quebras de polígonos capazes de acabar com a calma de qualquer cabeça de teia.
A música é apenas OK, o trabalho de dublagem é bom, embora em algumas sequências cinemáticas a falta de sincronização entre a dublagem, e a animação seja quase irritante, e os atores do filme façam falta, em especial Emma Stone e Andrew Garfield, os gráficos são maneiros, e algumas das coisas mais bacanas do game anterior, os gibis pra ler no jogo, continuam espalhados pela cidade, podendo ser lidas na comic shop de Stan Lee (ele mesmo), em Times Square.
As missões do game estão mais abertas ao estilo de jogo do player, não sendo mais tão voltadas ao elemento da furtividade como no jogo anterior, embora, em algumas delas essa abordagem seja a mais aconselhável (Nos esconderijos russos, que por sinal são bem maneiros, com uniformes alternativos como recompensa, o "stealth" é quase obrigatório), e trazem vários objetivos secundários como registros de áudio e fotografias para o Clarim que aumentam (sensivelmente) o desafio e o fator replay.
No final das contas, O Espetacular Homem-Aranha 2 é um game que fica devendo ao filme em que é baseado, mas mantém o Homem-Aranha com sorte acima da média pra heróis cujos filmes viraram games.
Particularmente recompensador para os fãs do herói, mas pouco pra fazer não-fãs se coçarem em 200 reais.

"...Eu precisei me tornar um homem. Homem-Aranha."

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