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sábado, 24 de outubro de 2015

Resenha DVD: Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros


Eu fui uma daquelas crianças que, em 1993, foi ao cinema assistir Jurassic Park, de Steven Spielberg, quatro vezes (bendita a minha vó, que tinha paciência pra me levar no cinema repetidas vezes pra assistir O Exterminador do Futuro 2, RoboCop 2, As Tartarugas Ninja 2...), e depois gastou o VHS do filme, aquele cuja caixa preta imitava um fóssil escavado na pedra.
Eu comprei livros de dinossauros, revistas de dinossauros que vinham em fascículos semanais e montavam um esqueleto de dinossauro que brilhava no escuro, dinossauros de borracha, e fiz velociraptores de massa de modelar com olhos de contas de um colar que eu arrebentei intencionalmente com único intento que meus raptores tivessem olhos mais expressivos (desculpe, mãe).
Eu joguei Geleca (um primo ancestral da Amoeba que se encontra nas lojas de brinquedos hoje em dia) escura na cara da minha irmã imitando o dilofossauro, e andei pelo corredor da escola com os braços encolhidos como se fosse um Tiranossauro Rex, eu cheguei a ficar rouco aperfeiçoando minha imitação do rugido do rei dos dinossauros.
Mas os anos se passaram. Em 1997 fui assistir Jurassic Park: O Mundo Perdido no cinema, e talvez seja o filme de Steven Spielberg do qual eu menos gosto. Em 2001, fui ao cinema ver Jurassic Park III, e vou confessar que, apesar dos pesares (e eram vários pesares) o filme não me ofendeu, mas também não chegou nem perto de me deslumbrar da maneira que o original havia feito.
Após a desastrada incursão do doutor Alan Grant e da família Kirby pela Ilha Sorna, eu achei que os dinossauros redivivos de Michael Crichton já haviam dado o que tinham pra dar.
Mas ei!
Estamos naquela fase da crise criativa, e tudo mais. Uma franquia conhecida é sempre mais atraente para os grandes estúdios e Jurassic Park é uma marca que obviamente não seria desperdiçada pela Universal, de modo que nesse ano de 2015, os dinossauros (tu nunca, mas nunca mesmo, me ouvirá falando "dino".) voltaram.
Jurassic World mostra o sonho de John Hammond realizado. A Ilha Nublar, na Costa Rica, abriga o parque Jurássico, chamado Jurassic World em respeito às vítimas do parque original (ainda que o logotipo seja o mesmo e, o nome, bastante semelhante a despeito de a maioria dos dinossauros que estrelam o longa serem do período Cretáceo).
O Jurassic Worl é um empreendimento extremamente bem sucedido, operando há mais de dez anos sem nenhum tipo de incidente. A petfarm de bichos pré-históricos recebe mais de vinte mil visitantes por dia, e fatura milhões para seu idealizador, o oitavo homem mais rico do mundo, o bilionário indiano Masrani (Irrfan Khan).
Sob a supervisão da executiva Claire (Bryce Dallas-Howard, reavivando a minha paixonite por ela dos tempos de A Vila), o parque segue funcionando e procurando novas maneiras de atrair turistas e investidores.
Além de seguir procurando por espécies para recriar e agregar ao catálogo do parque, os engenheiros genéticos da InGen, chefiados pelo doutor Henry Wu (B. D. Wong) procuram por novidades. Coisas maiores, mais ferozes, com mais dentes.
É desse objetivo que surge o Indominous Rex, uma super-espécie de dinossauro híbrido sendo experimentada para reaquecer o interesse dos visitantes.
No final de semana em que recebe patrocinadores em potencial, apresenta o Indominous Rex para o chefe e tem seus sobrinhos Grey (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson) no parque, Claire precisa lidar com uma catastrófica quebra na segurança do parque, quando o super-carnívoro híbrido escapa do confinamento e se mostra terrivelmente mais inteligente do que o esperado, deixando um rastro de destruição e morte pelo parque, e colocando a vida de todos na ilha em perigo enquanto procura por seu lugar na cadeia alimentar.
Com a Ilha Nublar e o Jurassic World indo para o inferno, Claire é obrigada a juntar forças com Owen (Chris Pratt), ex-fuzileiro naval convertido em tratador de velociraptores para salvar seus sobrinhos, perdidos no parque, bem como os milhares de visitantes em perigo conforme o sistema de segurança do Jurassic World despenca como um castelo de cartas, para o nefasto representante da InGen, Hoskins (Vincent D'Onofrio, o Dennis Nedri da vez), uma oportunidade única de testar as feras do parque como armas biológicas.
Jurassic World não é um filme, é uma montanha-russa.
Ainda que seja divertido e excitante em diversos momentos, com algumas sacadas bastante interessantes (O mosassauro devorando um grande tubarão branco num espetáculo com cara de Seaworld, fazendo referência, talvez, a Jurassic World abocanhando o que foi o primeiro blockbuster de verão do cinema: Tubarão, de Steven Spielberg? Os pterodáctilos atacando as pessoas no centro de compras do resort, uma alusão a Os Pássaros? O passeio por cenários do primeiro longa, ou o padoque do T-Rex, feito à imagem e semelhança do cenário da memorável sequência do T-Rex em Jurassic Park...), é impressionante como Jurassic World consegue fazer esses pequenos acertos e a escala de aventura se perderem em uma história que só anda porque os personagens fazem coisas estúpidas em sequência.
Tome o evento catalisador do filme: A fuga do Indominous Rex.
Ela só se dá porque os personagens centrais, em especial o herói do filme, agem como completos amadores jogando com a própria segurança e as normas de qualquer zoológico do mundo.
O herói do filme, por sinal, um Chris Pratt despido de todo o carisma e malemolência de Guardiões da Galáxia, tornado em um "badass" que dispara tantas frases de efeito quanto tiros de seu inútil rifle, é um personagem tão porcamente escrito quanto a mocinha.
Uma Bryce Dallas-Howard reduzida a um figurino de mulher de negócios que inclui um salto alto que parece feito sob medida para a piada dos "sapatos ridículos", mas que, no final das contas, é quem salva os sobrinhos, e o próprio herói no clímax do longa, apenas para encontrar a "redenção" por não ter filhos e priorizar a carreira em detrimento de relações pessoais.
Com personagens tão rasos quanto estereotipados, o que também vale para os irmãos, (um adolescente que só quer saber de meninas, mas também encontra seu momento ao cuidar do irmão mais novo, um fanático por dinossauros como Joseph Mazzelo do filme original) o técnico de informática que resolve ficar para trás (Jake Johnson) e o amigo estrangeiro do herói (Omar Sy), fica quase impossível ligar se alguém vai ser comido pelos dinossauros, ou não. Na verdade, nós até torcemos para alguém ser comido e termos uma surpresa em meio à mesmice de perseguições e desencontros.
Mesmo as estrelas genuínas do longa, os dinossauros, acabam gerando sentimentos dúbios. A audiência é levada a vê-los como a ameaça do filme, mas também, como criaturas que foram retiradas de seu ambiente e trazidas a um mundo absolutamente estranho, onde estão apenas seguindo seus instintos, então como lidar com o fato de que elas são exterminadas ao longo das duas horas de projeção pelos mocinhos?
Com um roteiro escrito a oito mãos por Rick Jaffa, Amanda Silver, Derek Connolly e mais o diretor Colin Trevorrow, e incapaz de se sustentar sem a burrice dos personagens, Jurassic World faz justiça a seu nome de parque temático, pois é isso que o longa é de fato:
Um passeio pelo legado de um grande filme de 1993. Não merecia estar em salas de cinema, mas sim em Orlando, na Flórida.
Assista se estiver apenas em busca de um par de horas de diversão descerebrada e barulhenta.

"-Essa gente não aprende..."

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