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sábado, 3 de outubro de 2015

Resenha Game: FIFA 16


E com FIFA 16 nas lojas, este FIFeiro que vos escreve já está jogando vorazmente há várias horas, com uma carreira muito promissora como técnico encaminhada no Newcastle United, já tive dose suficiente do jogo para encontrar todas as diferenças que a breve experimentação da versão demo não deixavam claras.
FIFA 16 perdeu muito de seu dinamismo.
A versão passada era um jogo de velocidade intensa onde ter o sujeito mais rápido na frente acenava com muito mais possibilidade de vitória do que possuir um pensador de jogo na meia cancha.
Claro, não fazia mal nenhum ter um sujeito veloz na meiuca pra fazer umas enfiadas sinistras pelo meio da defesa adversária, mas a verdade é que, em várias ocasiões, depois que neguinho jogava a bola na frente, era sair pro abraço, e isso valia de lado a lado, até mesmo enfrentando o computador nos níveis de dificuldade mais elevados.
FIFA 16 rompeu de vez com essa toada. A nova versão do game mostra um futebol muito mais cadenciado, onde saber pensar o jogo é mais importante do que correr desabragaladamente, e no mínimo tão importante quanto tirar um drible mágico da cartola na hora em que a defesa adversária fecha ao redor.
E acredite. No novo FIFA, a defesa adversária é um grande problema.
A nova inteligência artificial do game tornou as defesas muito mais aplicadas, zagueiros e laterais são mais espertos e têm maior poder de recuperação. Acertar o drible não é garantia de gol (e nem de finalização a gol), já que o defensor driblado pode tanto conseguir se recuperar no espaço curto, quanto ter uma cobertura vigilante logo atrás pra infernizar a vida dos atacantes. As defesas do novo FIFA foram geradas para ter um senso de trabalho em conjunto mais profundo. Feitas para dificultar a vida dos atacantes fechando ângulos e espaços.
Os goleiros estão consideravelmente mais seguros, soltando menos bolas, e, também, sendo capazes de recuperações rápidas em lances em que tu já estava pronto pra ir pra galera.
Ainda que haja vantagem em partir no mano a mano contra um zagueiro adversário quando se está comandando um atacante rápido, é muito menos provável que o craque do time adversário passe feito um trator no meio da tua defesa e marque um gol como quem cospe na rua.
Agora, o meio de campo é onde o jogo se resolve, deixando pra trás o jogo de uma área pra outra de FIFA 15. Passes bem pensados podem transformar uma interceptação rotineira em um contra-ataque mortal, se os meio-campistas forem hábeis o suficiente. Como as defesas adversárias são mais espertas, o game se tornou mais desafiador. Não é difícil ser cozinhado pelos adversários com um meio-de-campo lotado após o outro time conseguir alguma vantagem.
FIFA se tornou um game mais difícil, levando muito a sério a pecha de simulador, o que, por vezes, pode tornar o game frustrante para os não-iniciados (e desesperador para players de PES) nesse futebol eletrônico de cadência.
Essa perda na velocidade, porém, não tornou FIFA menos divertido, apenas mais desafiador. O game não te impede de fazer gols, mas os torna mais suados, e por conseguinte, mais satisfatórios (minha única goleada durante o primeiro ano da minha carreira como ménager do Toon, contra o West Ham, foi celebrada com socos no ar).
FIFA 16 aposta na tensão e no alívio criados por uma partida tensa quando aquela bola decisiva bate no travessão nos minutos finais contra o Manchester United (maldito seja, Cabella), ou Charlie Austin encontra o espaço após cortar o Martesacker e encontrar o cantinho do Ospina na segunda metade de um jogo encardido contra o Arsenal.
Os principais modos de jogo solo receberam melhorias. O Carreira continua se dividindo entre treinador (onde se dirige um time ao longo de quinze anos) ou jogador, onde se é um único atleta digital em busca de seu lugar ao sol no panteão dos grandes futebolistas. Ambos ganharam uma interessante mecânica de treinos e testes onde o player pode aumentar as habilidades de jogadores. Tem um atacante alto e forte que é mais lerdo que uma lesma?
Faça treinos específicos para ele ganhar velocidade.
Tem um jogador rápido e cerebral que se machuca feito um pêssego?
Faça treinos específicos para torná-lo mais forte e resistente.
O FIFA Ultimate Team também voltou. O game que mistura jogo de cards com futebol digital e é um dos carros chefes da franquia inclusive tem um novo modo que tenta tornar o modo menos exclusivo para adolescentes que não saem da frente do PS4 (quem quer jogar FUT sem se irritar profundamente precisa passar horas, MUITAS horas apenas jogando o modo pra ter condições de competir com os viciadinhos do mundo.), o DRAFT Mode. Nesse modo, escolhe-se um nível de dificuldade, escala-se um capitão em uma lista de jogadores top de linha, a partir do qual o time será montado. Escolha os demais jogadores, ajeite-os em posição, e escolha o treinador da equipe procurando sempre formas de criar sinergia entre eles de modo a afetar a química feral do time, aumentando seu nível. Com isso pronto, pode-se competir em séries de até quatro partidas permanecendo e ganhando mais prêmios até ser derrotado.
O grande barato do DRAFT Mode é que ele te permite acessar jogadores de altíssimo nível que seriam virtualmente impossíveis de obter no modo tradicional. Ele também permite aprender sobre estratégias e edificação de química entre os jogadores sem te fazer envelhecer na frente da TV enquanto participa de algum timeco de quinta categoria.
Se o DRAFT Mode é a forma de introduzir pessoas (com muito tempo livre) ao verdadeiro FUT, ele não é a única concessão que o game faz aos novatos.
Os testes entre os jogos, aqueles minigames que o player pode fazer enquanto espera uma partida carregar estão melhores do que nunca, em muitas ocasiões, ensinando estratégias e truques que serão realmente úteis dentro das partidas enquanto um sistema de treinador dentro dos games envolve o jogador que tem a bola com dicas contextuais, indicando que botões apertar. Jogadores habituais obviamente desligam o sistema à primeira vista, mas quem está começando, ou ensinando alguém a jogar, pode se valer das orientações.
Em termos de apresentação pouca coisa mudou do ano passado pra cá, mas ei, ano passado a apresentação já era boa pra cacete.
O visual, a música e os efeitos sonoros captam com perfeição a atmosfera de uma partida transmitida pela TV, com versões digitais quase perfeitas dos grandes jogadores da Europa (a jogadores não tão renomados sendo, ainda, reconhecíveis) e replays que encantam pela fluidez.
Os comentários da dupla Martin Tyler e Alan Smith (eu obviamente me recuso a ouvir a voz do Tiago Leifert e do Caio Ribeiro) são ótimos, e ainda que comecem a se tornar repetitivos conforme se joga mais e mais, é difícil não ficar impressionado com a forma como o que os comentadores britânicos falam encaixa certinho com o que acontece na tela (como de praxe, as narrações da Premier League são as mais saborosas, cheias de detalhamento).
O futebol feminino tem apenas um modo, uma mini-Copa do Mundo com oito seleções e representa muito pouco, igualmente escanteado, novamente, foram os times brasileiros. Dezesseis equipes da série A (os ausentes são Flamengo, Corinthians, Goiás e Sport) estão disponíveis na seção Resto do Mundo. Além de não ter a possibilidade de treinar seu time do coração em um campeonato, os times, embora tenham os nomes e uniformes corretos, estão escalados com jogadores genéricos.
Fica a torcida para que a EA consiga remediar isso, uma liga do Brasil, simplesinha, como era no FIFA 14, já resolveria o problema, e aqueceria os corações dos fãs brasileiros.
No final das contas, a EA continua apenas polindo o mesmo jogo a cada ano. Mudando pequenos detalhes aqui e ali, acrescentando um pouquinho disso, removendo um tantinho daquilo. Vem funcionando, mas resta saber até quando apenas pequenas alterações vão segurar o interesse dos jogadores.
Por hora, eu devo dizer que, por hora, basta pra mim. Veremos no ano que vem.

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