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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Deixem o Biquíni em Paz


Aparentemente a Disney levou a sério a declaração de Carrie Fisher, a eterna princesa Leia, que em uma entrevista com Daisy Ridley, a Rey de O Despertar da Força, aconselhou a jovem protagonista de O Despertar da Força que lutasse contra o biquíni dourado.
Ao que parece, a casa do Mickey, atual detentora dos direitos de Star Wars não apenas deve manter Rey toda coberta nos novos filmes, mas também irá aposentar qualquer produto de merchandising envolvendo a versão escrava de Leia.
Mais do que isso, o desenhista J. Scott Campbell, artista responsável pelas capas dos quadrinhos de Star Wars da Marvel, disse que qualquer posição sensual com Leia foi vetada, e o biquíni, riscado da galeria de trajes da personagem, que inclusive negou o licenciamento de uma estatueta na versão à uma grande fabricante de brinquedos.
Se tu é o pai de todos os civis e não sabe do que estou falando, como a foto que ilustra o post lá em cima mostra, a certa altura de Star Wars: Episódio VI - O Retorno de Jedi, a princesa Leia é capturada por Jabba, o Hutt, e forçada a servir como escrava do vilão até que Luke chegue ao covil do mafioso e, juntos, Luke, Leia e Lando (eis aí uma bela trinca de nomes pros meus filhos) possam resgatar Han Solo.
Aparentemente, em um fervor feminista, Carrie se arrependeu de ter usado o biquíni dourado e se tornado uma referência em termos de sexualidade nerd ao longo dos últimos trinta e poucos anos.
A princesa Leia no biquíni dourado é uma imagem icônica, que foi referida em mídias diversas que vão de mods do game Skyrim ao seriado Friends, o cosplay mais usado por gatinhas nerd em boa forma física (e por outras nem tanto, e até por barbados que acham a piada boa demais pra passar em branco) e um dos mais maneiros produtos de Star Wars em termos de estatuetas, dioramas e pôsteres.
Ainda que se entenda o desgosto de Carrie Fisher por ter se tornado objeto do desejo de gerações de geeks masturbadores, eu tenho alguma dificuldade de entender a Disney entrar na onda. Em que se pese a força dos movimentos feministas, reforço da posição da mulher e tudo mais, há que se lembrar que não há nada na sequência do palácio de Jabba fora de lugar.
Todas as fêmeas servis ao Hutt estão em trajes sumários. Quando Jabba captura a audaciosa princesa de Alderaan travestida de caçador de recompensas, nada mais natural que, ao descobri-la uma mulher atraente (olhem a barriguinha da princesa!), ele resolva humilha-la ao tê-la como um troféu ao pé de suas almofadas.
Uma coisa que aparentemente passa batida a Carrie Fisher e a eventuais apoiadores de sua causa, é que Leia não se torna uma submissa escrava ao ser trajada como tal. Ela continua sendo a mesma personagem proativa e autossuficiente de sempre, e espera paciente até que a oportunidade se apresente para se vingar do verme alienígena ao estrangula-lo com a corrente que ele pôs ao redor de seu pescoço, fazendo o chauvinista Jabba pagar o preço definitivo pelo próprio sexismo.
O biquíni dourado não é gratuito, ele não altera a personalidade de Leia, nem tampouco vai contra a personalidade de Jabba, integrando-se completamente à trama, e ainda, sendo um colírio deveras agradável em meio a melhor saga espacial jamais criada.
É uma pena que tenhamos chegado em um ponto onde as mulheres precisem "lutar" contra um biquíni. No final das contas, é uma distorção tão grande quanto seria o pessoal chiar porque Leia é uma princesa briguenta e cheia de recursos capaz de realizar resgates audazes.
Deixem o biquíni dourado aparecer. Ele não diminui em nada a nossa admiração e respeito por Leia Organa.
Pelo contrário, só aumenta.

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