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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Não é dos Idiotas


A verdade é que os idiotas não venceram.
Por mais que pareça, não venceram.
Por mais que a vitória da idiotice pareça inapelável e impiedosa.
Os idiotas não venceram. Os burros não triunfaram. Os cretinos e os preguiçosos não se sentam faceiros sobre os espólios da guerra enquanto coçam os umbigos e chafurdam nas unhas dos pés.
Os idiotas não venceram.
Quando no supermercado há bandejas de isopor com bananas descascadas embrulhadas em plástico, isso não é sinal claro da vitória dos lesados. Quando potes transparentes ostentam gomos de bergamota (mexerica ou tangerina, ou o nome que tu preferir) na estante fria dos legumes, isso é não é um inegável indício da vitória dos burros.
Quando ir ao cinema se torna um experimento de acrobacia social tanto porque a maior parte dos horários é reservada a filmes dublados em português, quanto porque quando tu pede silêncio durante a sessão tu é visto como o "chato" que está errado, isso não é testemunho do triunfo dos cretinos.
Quando Fernando Collor se elege senador da república pelo estado das Alagoas, e Jardel se elege deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e eu poderia seguir por parágrafos e mais parágrafos nessa linha... Isso não é prova cabal e inconteste de quem domina o mundo hoje.
O mundo não pertence aos estúpidos, aos imbeciloides, aos obnubilados e aos néscios. Tudo é feito pra eles, é verdade. Para os que aprenderam desde cedo que devem ser incluídos em tudo, bem recebidos em tudo, ter participação garantida à tudo, mesmo que não disponham de nenhuma ferramenta cognitiva para aproveitar tudo.
Mas mesmo no mundo de hoje, um parque temático erguido em honra à indulgência plena, onde é bonito ser burro, porque é sinônimo de pureza, onde é bacana ser mal-educado, porque é sinônimo de franqueza, onde é importante mostrar às pessoas onde tu esteve, porque é sinônimo de status. E não faz mal que tu não goste de onde tu foi, que tu não absorva o que tu testemunhou, ou que tu tenha atrapalhado pessoas que tentavam fazê-lo. O que importa é partilhar nas redes sociais... Mesmo esse mundo, não é dos idiotas.
Mesmo esse mundo onde "Ter" é mais importante que "Ser", não é dos idiotas.
Esse mundo onde "Ser" é transitório. É abstrato. Onde "Ser" é para si mesmo, pois, para a percepção alheia, tu só É quando tem como demonstrar com atitudes ou palavras, enquanto "Ter" é concreto. Pois quando tu tem alguma coisa, todo mundo enxerga sem precisar te conhecer ou falar contigo. Ou sequer te conhecer. Tu pode publicar uma foto do que tu tem no Facebook ou no Instagram, opa, opa, desculpe, no "Feice" ou no "Insta", e todo mundo vai reconhecer a tua posse, já que "Ter" não demanda lastro ou estofo e "Ser" dá muito trabalho. Mesmo esse mundo, não é dos idiotas.
Esse mundo que premia a vagabundagem, que protege o preguiçoso, e dá guarida ao ignorante em detrimento de todo o resto...
Ele não pertence aos idiotas.
E o porquê é dolorosamente claro.
Porque dá lucro.
Porque na hora do vamos ver, é muito mais fácil vender o peixe estragado pro ignorante do que pro bem-informado. É muito mais simples manobrar o incauto do que o cauteloso. É muito mais rentável comandar uma nação de microcéfalos do que um país de inteligentes.
Por isso tanta "inclusão" a qualquer preço. Por isso tanta indulgência. Por isso tanta benevolência para com o tacanho.
O tacanho é facilmente transformado em gado, e gado não reclama na hora de ir para o matadouro.
Os idiotas não estão no comando, só pagam com a alma pela ilusão de que estão.
O mundo é feito pelos espertos para manobrar os idiotas.
E os inteligentes, mesmo os pouco inteligentes, nem falo dos grandes luminares da sapiência, falo dos coitados ali na borda exterior da mediocridade, esses, não têm mundo.
Entre imbecis e espertos, os inteligentes precisam de um plano de fuga urgente.

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