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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Resenha DVD: Pixels


Quando eu vi o primeiro trailer de Pixels, confesso que me empolguei. A premissa do longa, aliens encontram cápsula de comunicação terrestre que inclui amostras de games oitentistas, e invadem a Terra seguindo o modelo descritos nos ditos jogos era empolgante demais pra passar batida por qualquer gamer do mundo.
O nome de Chris Columbus não chegava a ser um empecilho. O diretor de filmes juvenis já deixou claro que, apesar de seus escorregões, sabe conduzir um filme. O grande problema é quando aparecia na tela a cara do Adam Sandler.
Não me entenda mal. Eu não odeio o Adam Sandler. Na verdade, tenho ao menos um filme com o comediante egresso de Saturday Night Live na minha lista de favoritos.
Tudo bem que é Embriagado de Amor, de Paul Thomas Anderson, mas ainda assim, Sandler é o protagonista. Também gosto de Reine Sobre Mim, e Afinado no Amor.
E meio que para por aí...
Pra piorar as coisas, descobri que o roteiro do filme (que adapta o curta de mesmo título dirigido por Patrick Jean em 2010) fora realizado por Timothy Dowling (de Esposa de Mentirinha e Guerra é Guerra) e Tim Herlihy, responsáveis por escrever a maioria das porcarias de Sandler desde Billy Madison - O Herdeiro Bobalhão até Gente Grande 2, passando por O Paizão, Little Nick e Um Faz de Conta que Acontece... E pronto, lá se foram não só minha empolgação como qualquer vestígio de vontade de ver o filme.
Não foi por mais senão falta de opção que resolvi assistir ao filme em DVD, ao menos pra saciar minha curiosidade e ver se eu não havia sido injusto com Pixels. Guardadas as proporções, eu também havia esnobado Noite sem Fim no começo do ano, e acabou que era um tremendo de um filme, de modo que, quando cruzei com Pixels na estante da locadora, suspirei "Ah, que diabos".
Na fita, o ano é 1982, o moleque Sam Brenner passa na casa do amigo Will Cooper e eles correm para o fliperama da cidade para passar horas torrando moedas em máquinas clássicas como Galaga, Space Invaders, Pac-Man, Centipede e Animal Crossing.
Sam é um aficionado, ele enxerga os padrões de imediato, dominando os games com tanta naturalidade que Will o encoraja a se inscrever num campeonato de arcade.
Lá, Sam e Will conhecem o menino prodígio Ludlow Lamonsoff, e o "Fire Blaster" Eddie Plant. É justamente contra Eddie que Sam disputa a final do torneio, em uma máquina de Donkey Kong, onde sam é derrotado.
Mais de 30 anos depois, Will e Sam (agora com as caras de Kevin James e Adam Sandler) continuam bons amigos.
A despeito do que Will imaginava, a vida de Sam degringolou, e enquanto ele é o presidente dos Estados Unidos, Brenner trabalha fazendo instalação de eletrônicos, jamais tendo se recuperado do fracasso no torneio de 1982.
Ele vem de um casamento desfeito, sem filhos ou perspectiva exceto os encontros regulares com seu amigo presidente.
As coisas podem mudar quando uma raça de alienígenas encontra uma cápsula espacial com informações sobre games dos anos oitenta que inclui o campeonato de Brenner, e a interpreta erroneamente como uma declaração de guerra.
Após destruírem uma base militar norte-americana no Peru, os aliens se preparam para repetir a dose em Londres quando o presidente Cooper resolve ouvir os avisos de Sam e Ludlow (que crescido é interpretado por Josh Gad, uma versão mais barata de Jack Black), e correr para salvar o mundo do ataque pixelizado.
Para isso, eles terão a ajuda da tenente-coronel Violet Van Patten (uma lindona Michelle Monaghan), que desenvolve as únicas armas capazes de danificar as formas eletrônicas dos invasores, e do desafeto de Sam, o bad boy do fliperama Eddie "Fire Blaster" Plant (Peter Dinklage).
Juntos, eles precisam defletir o ataque de Centipede à Londres, e o maior Pac-Man do Mundo em Nova York para impedir a destruição da Terra.
Existe um sentimento ambíguo com relação a Pixels.
Ao mesmo tempo em que todos nós já vimos filmes muito, muito, muito piores estrelados por Adam Sandler (Cada um tem a Gêmea que Merece, por exemplo, deveria ser queimado em praça pública), e já os vimos fazerem sucesso nas bilheterias (Ninguém em sã consciência continuaria financiando coisas como Esse é Meu Garoto, Juntos e Misturados e Esposa de Mentirinha se não fizesse dinheiro, não é?); Pixels parte de uma premissa tão cheia de potencial, que mesmo não sendo, nem de longe, o pior filme de Adam Sandler, cria uma sensação de desperdício tão palpável que fica difícil não odiar o filme.
Chris Columbus faz o que pode, dirigindo sequências de ação interessantes e com efeitos visuais muito bons em uma produção visivelmente mais qualificada que qualquer outra já estrelada por Sandler, ainda assim, o roteiro de Herlihy e Dowling é tão miserável, que o diretor parece desinteressado na hora de filmar qualquer cena que não envolva os pixels do título.
O arremedo de script parece ansioso por escantear a mistura de ação e sci-fi contida na ideia básica do filme em nome do mais do mesmo do cinema da produtora Happy Madison de Sandler, onde sempre há espaço para aparições de camaradas do comediante, atores sérios fazendo papel de idiotas (aqui é Sean Bean, que ao menos tem sua dignidade menos manchada que Al Pacino quando se associou a Sandler), e o tratamento à mulheres variando entre infantil e juvenil.
Não bastasse isso, Sandler, James e Gad estão péssimos. O protagonista nem parece estar tentando atuar, James se restringe à dancinhas e caretas, Gad grita e desmaia o tempo todo, enquanto Michelle Monaghan, coitada, interpreta a habitual caricatura feminina, chorando no armário bebendo vinho após ser trocada por uma mulher mais jovem. A exceção pertence a Dinklage, que detona no papel do (quase) vilão Eddie Plant, entregando uma atuação exagerada na medida.
Com tudo isso, Pixels é uma óbvia falha, um produto escrito para adolescentes que não vão entender a nostalgia dos games da geração 8 bits, ou adultos com idade suficiente para sentir falta do fliperama que não terão paciência pro festival de idiotice do longa.
Ainda que renda algumas risadas aqui e ali, Pixels é uma tremendo desperdício de potencial.

"-Eu esculachei o teu jogo!"

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