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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Resenha Filme: Tirando o Atraso


Robert De Niro é um dos maiores atores de sua geração. O nova yorkino de 72 anos de idade, vencedor de dois oscars, é uma dessas legendas da sétima arte, de onde sempre se pode esperar uma performance acima da média.
Posto isso, Robert De Niro também é um ator que, nos últimos anos, vêm fazendo algumas escolhas muito equivocadas de trabalho.
O ator de O Franco-Atirador, O Poderoso Chefão - Parte II, A Missão, Taxi Driver e Touro Indomável não nega trabalho e parece ter um radar deveras problemático para escolher o que vai fazer. Nos últimos anos são cada vez mais raros os Fogo Contra Fogo e os Ronin na carreira de De Niro, e cada vez mais comuns os Profissão de Risco e Temporada de Caça, e pra cada grande atuação que nos lembra o seu calibre dramático, como em O Lado Bom da Vida, há três Entrando Numa Fria e um Ajuste de Contas onde o veterano atua em piloto automático e parece estar fazendo um favor a alguém.
Nenhum dos recentes filmes ruins de De Niro, no entanto, é tão ruim quanto esse Tirando o Atraso que eu pesquei no Netflix ontem à noite.
O longa dirigido por Dan Mazer, egresso de filmes da TV e do programa Ali G, de Sacha Baron-Cohen e escrito pelo estreante John Philips é um desserviço à Robert De Niro e quase uma cartilha das comédias que querem ser politicamente incorretas mas só até certo ponto.
No longa Zac Effron é Jason Kelly, um jovem advogado tributarista que está prestes a se casar com Meredith (Julliane Hough), a insuportável patricinha metida a besta filha do sócio de seu pai na firma legal onde trabalha.
Após o funeral de sua avó, Jason é abordado por seu avô, Dick (De Niro), que lhe pede uma carona até Boca Ratón, na Flórida, onde ele costumava ficar com a falecida esposa.
Inicialmente relutante, tendo em vista a proximidade do ensaio de seu casamento, Jason acaba cedendo em ajudar o avô de quem era tão próximo na infância.
Para sua surpresa, porém, o velhinho enlutado do velório se transforma em um taradão que vive para festejar e tentar comer alguém após anos de fidelidade à esposa.
Dick não quer ir à Boca Ratón para a casa onde ficava com a esposa, mas sim pegar seu velho colega de exército, Asqueroso (ponta de Danny Glover), e partir para curtir a vida que ainda lhes resta.
As coisas mudam quando, em uma parada da viagem, Jason encontra uma ex-colega da faculdade, Shadia (Zoey Deutch), por quem tinha uma queda. Junto com Shadia estão seus amigos Bradley (Jeffrey Bowier-Chapman) e Lenore (Aubrey Plaza).
A inclinação de Lenore em dormir com Dick, faz com que ele convença Jason a passar um final de semana da Semana do Saco Cheio em Daytona Beach, onde o velho assanhado poderá realizar seu desejo de comer uma universitária, e, além disso, ajudar Jason a perceber que está desperdiçando sua juventude enquanto apronta as maiores confusões.
Como dito no início, é muito ruim.
Tirando o Atraso é um daqueles filmes que querem posar de irreverente, mas têm medo de ir toda a distância. O longa faz piadas com abuso infantil, estupro em presídio, consumo de crack, homofobia e anti-semitismo, os resultados, porém, não são engraçados, o que derruba o filme, que, pra piorar as coisas, parece querer se desculpar logo em seguida.
Tome por exemplo a relação do personagem de De Niro com o amigo gay vivido por Bowier-Chapman, logo que se conhecem, De Niro faz observações homofóbicas e racistas.
Sem problema. Já disse mil vezes: Humor não precisa primar pelo bom-gosto, e nem tampouco ser politicamente correto, precisa apenas ser engraçado.
Não é o caso.
A segunda rodada de piadas homofóbicas, durante uma festa na piscina, é um pouco menos ruim, entretanto, mais adiante no filme, durante uma briga, o personagem de De Niro não apenas defende o personagem gay, mas também humilha o homofóbico a quem dá uma lição de tolerância...
Esse tipo de incongruência do roteiro vai, paulatinamente, matando o filme. Não ajuda em nada descobrir que a louca aventura de Dick, é apenas um pretexto para salvar seu neto de uma vida medíocre. Esse tipo de revelação chega a ser desonesto de tão brochante. Intercalar humor grosseiro de piroca na cara e dedo na bunda com lições sobre amor verdadeiro e fazer as escolhas corretas na vida é um binômio excessivamente bipolar pra segurar o rojão, especialmente quando falta graça.
Os grandes expoentes do humor grosseiro, O Virgem de 40 Anos, Se Beber Não Case e Penetras Bons de Bico eram muito mais honestos em seu humor ofensivo, fazendo um morde-assopra muito mais sutil, e, mais importante de tudo, sendo engraçados.
Tirando o Atraso tenta se valer de Zac Effron fazendo cara de assustado/confuso, de De Niro disparando suas ofensas com gosto, da feiosa/gostosa Aubrey Plaza falando putaria e de um coadjuvante malucão (o traficante de drogas Pam, de Jason Mantzoukas), mas falha no primordial:
Entregar uma comédia que faça a audiência rir.
Sem isso, o longa se perde completamente em uma hora e quarenta minutos do desperdício de um dos maiores atores de sua geração em um filme que, pasmem, era mais engraçado na versão com Johnny Knoxville.

"-Ser um advogado corporativo tem seu lado positivo...
-Sabe o que eu preferiria fazer?
-O quê?
-Deixar a Quenn Latifah cagar na minha boca de um balão de ar quente."

Um comentário:

  1. É um filme bom e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Danny Glover neste filme. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Danny Glover aparece, o ultimo que eu vi foi em um filme de ação chamado Proud Mary, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.

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