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terça-feira, 13 de junho de 2017

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 1, Episódio 7: Prayer For Mad Sweeney


Atenção, há spoilers do episódio abaixo!
Em seu penúltimo episódio nessa primeira temporada Deuses Americanos, mais uma vez, mostrou o quão inesperados podem ser os rumos escolhidos pelo programa quando conta sua história.
Enquanto todos esperavam para ver as consequências do encontro entre Quarta-Feira, Shadow e Vulcan na semana passada, Deuses Americanos nos pegou pela mão e nos levou a praticamente uma hora de Chegando à América entrecortado por flashes de Laura e Mad Sweeney viajando juntos após liberarem Salim do compromisso assumido episódios atrás.
Na maior vinheta da chegada dos velhos deuses aos EUA até aqui, Senhor Ibis (Demore Barnes) nos narra a história de Essie MacGowan (interpretada por Emily Browning), uma pobre menina da Irlanda que, em 1721, uma época onde surrupiar um níquel podia levar o ladrão à forca, é acusada injustamente de roubo e sentenciada à deportação, a pena alternativa onde os condenados eram enviados aos EUA e cumpriam penas de servidão nas fazendas no Novo Mundo.
Essie, que acredita inabalavelmente em fadas, trolls, duendes e, especialmente, leprechaus, jamais se curvou ante a dureza da vida, e seguiu seu caminho da melhor forma que soube. Nem sempre da maneira mais correta, mas usando as ferramentas que a vida lhe deu.
Eventualmente Essie esquecia de fazer suas oferendas para os leprechaus, e colhia as desgraças advindas de tal esquecimento, mas sempre se lembrava de voltar à fazê-lo, e tinha novamente a cumplicidade dos povos das fadas, que a ajudavam a sair das enrascadas em que se envolvia.
A jovem chegou à América, e levou consigo suas crenças.
Ela e outros como ela, trouxeram Mad Sweeney aos Estados Unidos, enchendo os EUA de pixies e fadas.
Enquanto conhecemos Essie e a origem da chegada de Mad Sweeney aos EUA, vamos e voltamos no tempo para acompanhar a jornada de Laura e o leprechau perseguindo Shadow, e da curiosidade da esposa morta sobre o conluio de velhos deuses.
Se por um lado foi estranho passar um episódio inteiro sem ver Shadow e Quarta-Feira nenhuma vez, por outro foi muito bom ver Bowning e Schreiber tendo tempo de tela para desenvolver a relação de seus personagens, e aproveitar a ótima química que os dois têm em cena ao ter Browning interpretando Essie foi uma grande sacada.
Se inicialmente parecia que Mad Sweeney seria um alívio cômico na série, não tardou para a interpretação de Pablo Schreiber mostrar que o personagem, com um jeitão cansado do mundo, tinha mais a oferecer, e em Prayer for Mad Sweeney nós pudemos vê-lo indo além dos trejeitos e do sotaque tanto nos segmentos em flashback, onde uma luz foi lançada sobre a origem do personagem (que é fruto de uma intrincada lenda irlandesa sobre um rei pagão amaldiçoado por um bispo), quanto em sua relação com Laura que, descobrimos atônitos, morreu em um acidente causado pelo próprio Sweeney, a mando de Quarta-Feira.
Aparentemente a ressurreição da 'Esposa Morta" teve um efeito sobre o leprechau, que não parece satisfeito com seu papel nessa trama.
Mais surpreendente ainda foi a decisão de Sweeney em devolver sua moeda da sorte à Laura após conseguir recuperá-la.
Além de ser um episódio potente e muito bonito em seu segmento "Chegando à América", Prayer for Mad Sweeney ainda lançou novas dúvidas quanto aos planos de Quarta-Feira e a grande pergunta dessa primeira temporada:
Por que ele precisa tanto de Shadow a ponto de mandar matar Laura, o fato que colocou o ex-presidiário em seu caminho?
Nesse sentido, o penúltimo episódio da temporada foi certeiro, pois funcionou como um capítulo stand-alone, subvertendo a dinâmica convencional do programa até aqui ao colocar a vinheta "Chegando à América" em primeiro plano aproveitando a ressonância daqueles personagens no presente da série para se amarrar à trama central da história.
Excelente capítulo, belamente escrito e dirigido.
O lado negativo de tudo isso?
Semana que vem será o último capítulo da temporada.

"-É isso que você ganha quando coloca um deus em uma porra de zoológico."

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