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terça-feira, 20 de junho de 2017

Resenha Série: Deuses Americanos, Temporada 1, Episódio 8: Come to Jesus


Atenção! Spoilers do episódio abaixo!
E aconteceu. Após dois meses, Deuses Americanos chegou ao final de sua primeira temporada de maneira absolutamente insatisfatória.
O season finale do programa sobre os velhos deuses desafiando a nova geração de divindades criadas pelo Homem chegou na casa de Vulcan, decapitado por Quarta-Feira no episódio 6. Lá, Shadow e Quarta-Feira estavam esperando que Sr. Nancy lhes fizesse ternos para estarem apresentáveis em sua próxima parada, e ouviram uma interessantíssima história do Deus-Aranha africano, a respeito de Bilquis, e de como ela penou em sua ida para a América, e como se deu sua ligação com Technical Boy e os novos deuses. "E podemos culpá-la?", pergunta Nancy durante sua narrativa de como a antiga Rainha de Sabá chegou ao fundo do poço, descobrindo que os EUA tinham seus próprios meios de colocar um deus de joelhos.
Mais do que isso, o interlúdio de Bilquis mostrou que a personagem definitivamente vai ganhar mais espaço na próxima temporada, já que Technical Boy foi atrás dela para cobrar um favor que irá colocá-la na linha de frente da guerra que se anuncia.
Guerra, aliás, é tudo o que Quarta-Feira deseja.
Sua parada seguinte é na casa de Ostara (Kristin Chenoweth), antiga deusa pagã da primavera, da renovação e da vida que se deu bem ao ser ligada a Jesus Cristo e ovos de chocolate, mantendo um pouco de seu antigo status nos tempos atuais.
Todo o segmento na casa de Ostara é um deleite visual, já que é Páscoa, e ela é anfitriã de uma infinidade de Marias e Jesus de todos os tipos, formas, raças e até credos. Quarta-Feira não estava brincando quando disse que, por conta da grande necessidade de Jesus, havia um bocado de Jesus. "Cada pessoa que fecha os olhos e reza vê um rosto diferente", ele explica a Shadow.
O ex-condenado chega a conversar brevemente com o Jesus de Nazaré (Jeremy Davies, ótimo), a própria encarnação da crença, nas próprias palavras.
Mas não são apenas Shadow e Quarta-Feira que passam pela casa de Ostara. Mad Sweeney e Laura coincidentemente também vão ao local. Afinal, lá há, conforme prometido pelo leprechau, alguém capaz de ressuscitar Laura, que está mais cadavérica do que nunca após seu acidente no episódio passado; e Media dá as caras (caracterizada como Judy Garland em Desfile de Páscoa) para ter com Ostara, lançando ainda mais luz em como funciona o tráfico de fé oferecido pelos Novos Deuses.
Parece um bocado de coisa acontecendo ao mesmo tempo, não?
Pois deixa eu te dizer que o episódio ainda fortalece a relação entre Laura e Sweeney, especialmente de parte do leprechau, que chega a admitir, quase cochichando, que não quer mais que Laura esteja morta, para depois adicionar, cheio de razão, que o faz por razões egoístas, o que é uma ótima sacada, haja vista que a improvável dupla protagonizou um dos melhores episódios da temporada e tem uma química inegável, quase tão boa quanto a partilhada por Whittle e McShane.
E, claro, o grande momento do capítulo é quando Quarta-Feira se revela a Shadow, declarando abertamente sua verdadeira identidade como Odin, numa sequência de arrepiar.
Em uma hora e um minuto, a episódio dirigido pela italiana Floria Sigismondi conseguiu ser engraçado, divertido, tenso e apoteótico, reunir todos os principais personagens que deram as caras ao longo da primeira temporada, apresentar mais alguns, e oferecer um ponto de convergência perfeitamente plausível para toda a história até aqui além de deixar sombras sobre o que aguarda Odin na Casa na Rocha em Wisconsin.
Então, porque é que eu disse que o programa alcançou o final de sua temporada de maneira insatisfatória?
Porque foram apenas oito episódios, e agora vai levar um ano até nós podermos ver pra onde as coisas andam a partir daí!
O primeiro ano de Deuses Americanos terminou da melhor maneira insatisfatória possível, deixando a audiência que abraçou o programa roendo as unhas por mais, e amarrando o que fora a grande trama da temporada:
Shadow poderia acreditar?
E a resposta foi um retumbante sim, afinal, após conhecer uma festa cheia de Jesus, ver Quarta-Feira massacrar os homens sem rosto dos Novos Deuses com relâmpagos do céu, e ver uma verdadeira demonstração do poder de Ostara (sem mencionar a esposa voltando dos mortos), ficava difícil para Shadow se manter indiferente aos poderes divinos que rondam seu mundo.
Mas o episódio foi além, pois ao explicar por que Laura morreu, sacrificada em nome de Odin, colocou a Esposa Morta e Shadow em lados opostos.
É interessante imaginar como isso irá funcionar na próxima temporada, já que episódios anteriores haviam deixado bem claro que Quarta-Feira não estava confortável com a volta de Laura do túmulo, e provavelmente teme a influência que ela possa ter sobre Shadow.
Chegar ao season finale amarrando pontas soltas, encerrando arcos da temporada, e aquecendo as coisas para o próximo ano em um dos melhores episódios da série até o momento, não é pouca coisa.
Michael Green, Bryan Fuller, Neil Gaiman e companhia só não estão mais de parabéns porque a temporada foi demasiado curta.
Haja unha até a segunda temporada.

"-Chamo-me Deus das Batalhas, Grim, Impulsor e Terceiro. O De um Olho, também sou chamado de Superior, de Adivinhador. Sou Grimnir e O Encapuzado. Sou o Pai Poderoso, Gondlir. Tenho mais nomes que o vento. Tantas denominações quanto formas de morrer. Meus corvos são Huginn e Muninn. Pensamento e Memória. Meus lobos são Freki e Geri. Meu cavalo é a Forca. Eu sou Odin!"

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