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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Resenha Cinema: Planeta dos Macacos: A Guerra


Toda a vez que eu assisto a um filme da franquia Planeta dos Macacos que se iniciou com Planeta dos Macacos: A Origem em 2011, eu sou relembrado de o quão boa é essa série. Não deixa de ser uma injustiça que, nos em média três anos entre um filme e outro, eu me esqueça disso.
Tanto que ao assistir Planeta dos Macacos: O Confronto em 2014, foi semanas após a estréia do longa, o que fez eu me perguntar por que havia demorado tanto para conferir o filme, um erro que me propus a não repetir com A Guerra, terceiro longa da trilogia que estreou ontem no Brasil.
Desde o primeiro filme, dirigido por Rupert Wyatt e estrelado por James Franco seis anos atrás, Caesar vem traçando um caminho tortuoso direto até o panteão dos maiores heróis do cinema, um feito nada desprezível para o macaco interpretado com maestria pelo papa da captura de performance Andy Serkis, e o terceiro segmento da série é o último degrau para esse panteão.
Em Planeta dos Macacos: A Guerra, os eventos do longa anterior levaram a humanidade a entrar em conflito aberto contra os macacos conforme Caesar previra após seu embate contra Koba (Toby Kebbell).
Quando o filme começa, nós sabemos que a guerra tem se desenrolado por algum tempo, e um grupo de soldados avança mata adentro à procura dos macacos de Caesar que, à essa altura, já adquiriram status de mito, pois fica bastante claro que os humanos não estão vencendo esse confronto e os macacos andam a passos largos para substituir a humanidade no comando do planeta. A luta de Caesar, porém, não é por supremacia, mas por sobrevivência. Ele deseja apenas que os macacos tenham onde ficar e viver com sua esposa Cornelia (Judy Greer), e seus filhos Olhos Azuis (Max Lloyd-Jones) e Cornelius (Devlyn Dalton), mas é constantemente arrastado de volta à luta por uma espécie humana tão ignorante quanto assustada.
Caesar acredita que a situação possam mudar quando Olhos Azuis e Rocket (Terry Notary) voltam de uma expedição avisando que encontraram um lugar isolado onde os humens não serão capazes de encontrá-los e os macacos poderão viver em paz. As coisas, porém, não são tão simples na vida de Caesar. Especialmente após o surgimento do Coronel (Woody Harrelson), um militar carismático que no comando da companhia Alfa Ômega gerou um culto quase religioso ao redor de si próprio e está disposto a manter a raça humana como a espécie dominante do planeta não importa a que custo. Quando os caminhos de Caesar e do Coronel se cruzam com consequências trágicas, o líder dos macacos se vê descobrindo a mais humana das emoções: o ódio.
E é movido pelo ódio e pelo desejo de vingança que Caesar parte para a retribuição sem perceber que está se lançando em um caminho sombrio que pode não ter volta.
Em sua jornada, ele é acompanhado por Rocket, pelo orangotango Maurice (Karin Konoval) e pelo gorila Luca (Michael Adamthwaite). No caminho, juntam-se a eles a menina muda Nova (Amiah Miller) e o chimpanzé Macaco Mau (Steve Zahn) rumando para a derradeira batalha que poderá definir o destino das duas espécies e determinar quem herdará a Terra.
O desenvolvimento de Planeta dos Macacos: A Guerra é surpreendentemente simples para um filme-pipoca, especialmente se levarmos em consideração o quanto os blockbusters recentes são tão inchados de trama que não conseguem nem se desenvolver a contento.
Matt Reeves, diretor e co-roteirista com Matt Bomback evita que A Guerra partilhe desse problema com uma solução tão brilhante quanto simples: Focar em Caesar.
Nós passamos praticamente todo o tempo ao lado do líder dos macacos, experimentando suas emoções e dúvidas conforme ele e seus companheiros avançam rumo à misteriosa base do Coronel. Enquanto outros filmes teriam feito sua narrativa pererecar do herói para o vilão incessantemente, Reeves e Bomback mantém a lente sobre o macaco, e com a audiência sabendo o que ele sabe, vendo o que ele vê, fica praticamente impossível não se identificar com o protagonista, mesmo que ele seja um chimpanzé.
Além dos acertos narrativos, Planeta dos Macacos: A Guerra, é sensacional por ser um retrato brutalmente apurado de como é a humanidade nos dias de hoje, uma raça ignorante e covarde, que responde ao desconhecido e ao novo com violência e busca por controle. E é espetacular que ainda hoje, quando o cinema é feito para gente incapaz de manter a atenção na tela por duas horas, nós tenhamos uma série de ficção científica capaz de retratar a humanidade através de macacos falantes em filmes que são tão bem construídos quanto este.
Porque Planeta dos Macacos: A Guerra consegue ser inquisitivo e divertido. Consegue equilibrar questões filosóficas sobre o que nos torna humanos, críticas à política norte americana (há menções bastante claras a um louco construindo um muro que não o manterá seguro), ética e maus-tratos a animais, mas o faz sem esquecer de entreter. Há bons momentos de comédia, há drama, e há sequências de ação que, francamente, são mais significativas e pujantes do que qualquer outra que eu tenha visto esse ano porque são o ponto culminante de conflitos bem edificados, e não uma desculpa pra explodir tudo ou lançar um raio azul do céu.
Com um trabalho de elenco acima da média, fotografia brilhante de Michael Seresin, trilha inspirada de Michael Giacchino, roteiro redondinho e direção segura, Planeta dos Macacos: A Guerra encerra a trajetória de Caesar com chave de ouro, de forma memorável, em um filme que é espetacular enquanto o assistimos, e melhora e mostra uma nova camada conforme nos lembramos dele e falamos a respeito.
É bom saber que reboots, sequências e remakes não precisam ser sempre porcarias descartáveis. E que nas mãos certas, qualquer ideia, bem trabalhada, pode render frutos capazes de merecer um espaço na estante e no coração dos amantes de cinema.
A trilogia dos macacos de Caesar está destinada a ser eternizada como uma das melhores trilogias do cinema em todos os tempos, e certamente a melhor do cinema recente.
Assista no cinema. É um dos melhores filmes do ano, fácil.

"-Toda a história da humanidade nos trouxe até esse momento. A ironia é que nós criamos vocês. E a natureza tem nos punido desde então. Essa é nossa última chance. E se nós falharmos... Este será um planeta dos macacos."

Um comentário:

  1. Que bom contributo! Eu realmente gostei de seu resenha do nova temporada de GoT. Esta é a minha série favorita, tem tudo o que você precisa de uma série de ficção medieval: bons locais, boa produção, excelente elenco, uma história única e muitos capítulos, eu adoro Game of Thrones e agora está na sétima temporada, isso é ótimo. Acho que esta temporada promete muito e espero que o final cumpra as minhas expectativas.

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