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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Resenha Série: Game of Thrones, Temporada 7, Episódio 5: Eastwatch


Atenção! Há spoilers!
Ontem me dei conta, chocado, que a atual temporada de Game of Thrones que eu vinha tratando como uma temporada mais curta de oito episódios, na verdade será uma temporada AINDA mais curta, de sete episódios. O letreiro de que faltavam apenas dois capítulos para o final do sétimo ano da série foi um balde de água gelada particularmente doloroso já que estamos naquela época do ano quando a semana é aquele intervalo chato até o próximo episódio de Game of Thrones.
As coisa seguem em movimento acelerado em Westeros, com a guerra entre Daenerys e Cersei a pleno vapor. Jaime, de fato, sobreviveu ao seu contato imediato com Drogon na semana passada, sendo salvo por Bronn (que também sobreviveu. Se Bronn fosse um personagem de RPG, ele precisaria de uma classe de personagem criada só pra ele, que seria "Sobrevivente" e seu nível seria 35, pelo menos) no último instante, e podendo voltar para Porto Real e informar à Cersei, em primeiríssima mão, que a balestra Escorpião não é nem de longe tão eficiente quanto Qyburn supunha, já que acertar Drogon, Viserion e Rhaegal no campo de batalha é sensivelmente diferente de alvejar o crânio de Balerion nas catacumbas da Fortaleza Vermelha.
Para aqueles que ficaram temerosos pela saúde do dragão negro de Dany, por sinal, temendo que as lanças disparadas pela arma de Qyburn pudessem ser envenenadas, aparentemente não é o caso. O lagartão estava muito bem após a batalha, inclusive servindo como executor de Daenerys quando a jovem rainha levou sua justiça à tropa inimiga, oferecendo aos homens a chance de se renderem ou serem incinerados pelo hálito flamejante de Drogon, destino escolhido por Randyl e Dickon Tarly (James Faulkner e Tom Hopper), e, ao agonizante churrasco protagonizado pelos senhores de Monte Chifre, seguiu-se a rendição em massa da tropa de Jaime e companhia.
Eu gosto da forma como a violência da justiça Targaryen de Daenerys impacta sobre o círculo de aliados mais próximos dela.
Tyrion, em particular, parece sempre disposto a tentar encontrar o meio termo nas situações de conflito, e a despeito de ter matado Tywin, ele não vê execuções com bons olhos. Seu desconforto andando pelas cinzas do campo de batalha após a vitória de Dany e sua expressão quando os Tarly foram transformados em cinzas deixam claro que, por mais que ele não vá virar a casaca pra cima da mãe dos dragões, ele também não está inteiramente satisfeito com o modo como certas coisas acontecem, sentimento compartilhado por Varys e até por Jon, ele próprio um comandante de guerra que viu milhares morrerem em combate.
Jon, por sinal, avançou um pouquinho mais fundo no coração de Daenerys ao acariciar Drogon, e recebeu notícias perturbadoras do Norte, já que Bran, usando seus poderes de Corvo de Três Olhos, descobriu que o Rei da Noite se aproxima da Muralha com um exército de centenas de milhares de mortos-vivos. A gravidade da ameaça é tão grande que Daenerys viu-se oferecendo uma trégua a Cersei para que suas tropas possam ajudar Jon a combater os Andarilhos Brancos no Norte.
Trégua essa que pôde ser negociada graças ao laço que Tyrion mantém com Jaime, a despeito de todas as diferenças entre os dois, e da habilidade de sor Davos Seaworth de entrar e sair sorrateiramente da maioria dos lugares graças a seus dias como contrabandista
Enquanto Tyrion negociava o armistício com Jaime e Cersei, Davos foi até a Rua do Aço e encontrou ninguém menos que Gendry (Joe Dempsie), que não, não passou os últimos três anos remando após deixar Pedra do Dragão, mas voltou a Porto Real e tem seguido com seu ofício de ferreiro, fazendo espadas para as pessoas que tramaram a morte de seu pai. Esse período certamente mudou Gendry, que de um sujeito que só queria ficar na sua, tornou-se alguém que estava esperando o chamado da aventura de martelo de guerra em punho, e que está mais do que disposto a repetir a parceria entre Robert Baratheon e Eddard Stark em versão bastarda, aliando-se a Jon Snow.
Jon, aliás, pode não ser tão bastardo assim.
Explica-se: Durante um breve interlúdio na Cidadela, após Sam se ver de saco cheio da amarração dos grão-meistres que seguem duvidando da existência dos Andarilhos Brancos, dos Outros e do Rei da Noite, o aspirante aparentemente desistiu de se tornar um meistre, apanhou todos os livros que lhe interessavam e resolveu partir de Vila Velha. Antes disso, porém, Gilly (Hannah Murray) que se tornou uma ávida leitora, passava os olhos por um tomo onde leu algo a respeito da anulação do casamento do príncipe "Regar", e de seu matrimônio com outra esposa em Dorne, no mesmo dia.
Todos sabemos que Jon é filho de Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark, mas suspeitava-se que ele era um bastardo. Entretanto, se houve a anulação do casório de Rhaegar com Elia Martell e o casamento formal do último Dragão com Lyanna, Jon é oficialmente Jon Stark Targaryen, legítimo herdeiro do trono de ferro.
Como, e se, essa informação chegará a Jon, permanece um mistério, já que Sam, desesperado por informações que possam impedir a Longa Noite, nem mesmo deixou Gilly terminar de falar, mas uma vez que Bran sabe da verdadeira origem de Jon, a questão pode voltar a ser importante num futuro próximo.
No momento, não é.
Tyrion, Varys e companhia chegaram à conclusão de que a melhor forma de unir Westeros contra a ameaça que vem do Norte é provar a existência do perigo, e, para isso, uma comitiva foi montada para fazer uma expedição para além da Muralha e capturar um dos zumbis de olhos azuis.
Jon obviamente se voluntariou para a empreitada, o bastardo que passa a vida inteira tentando fazer a paz com seus inimigos voltou do túmulo ainda mais disposto a dar sua vida pelo bem comum, e segue modesto a respeito da própria ressurreição. Todas essas qualidades deixaram Daenerys visivelmente atraída pelo rei do Norte quando ele partiu para mais uma missão potencialmente suicida.
Jon, por sinal, não partiu sozinho. Sor Jorah Mormont retornou ao convívio da sua amada Khaleesi, e nem esquentou banco em Pedra do Dragão, tomando o rumo do norte junto com Jon Snow, que serviu sob o comando do pai de Jorah, o velho Urso Jeor Mormont.
Enquanto isso, em Winterfell, Arya começou a seguir Mindinho mais de perto, e não custou a ficar claro que lorde Baelish está ávido para usar a desconfiança da caçula dos Stark para seu próprio ganho, jogando com a animosidade entre as irmãs Stark.
Esse é um daqueles confrontos com todo o potencial do mundo pra acabar mal, já que Arya, a despeito de seus anos de calvário para se tornar uma sobrevivente nata, vai estar jogando um jogo que Mindinho pratica há décadas. Resta saber se a alcateia vai conseguir permanecer unida a despeito das maquinações de Petyr.
Para fechar a conta, descobrimos que Cersei está novamente grávida do irmão, e mais do que nunca, disposta a esmagar seus inimigos para que ela e Jaime possam viver seu amor da maneira que sempre desejaram.
Eu estava bastante crente que Cersei, Jaime e Euron Greyjoy seriam os grandes antagonistas dessa temporada e que a luta contra o Rei da Noite seria o mote da temporada final, agora, já não estou tão certo disso, e não me surpreenderia se nós víssemos, nos episódios vindouros, uma grande coalizão de todos os personagens ainda vivos na luta contra a Longa Noite, o que, admitamos, seria simplesmente sensacional em uma série onde todo mundo tenta ferrar todo mundo desde o primeiro capítulo.
Poderemos ter um vislumbre da resposta na semana que vem, já que o episódio se encerrou com Jon Snow, Gendry, Jorah e Tormund cruzando a Muralha rumo a norte junto com Beric Dondarrion, Thoros de Myr e Sandor Clegane, que eram prisioneiros em Atalaia Leste do Mar.
Com dois episódios (e não três) para encerrar a temporada, Game of Thrones pisou no freio no quesito ação, mas encheu uma hora com reencontros, maquinações e situações de tensão que se aprofundaram nas motivações de seus personagens e deixaram a audiência com uma longa semana pela frente.
Haja unhas pelos próximos seis dias.

"-Eles e nós estamos do mesmo lado.
-Como é possível?
-Estamos todos respirando."

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