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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Resenha Série: Better Call Saul, temporada 4, episódio 6: Piñata


Atenção! Há spoilers abaixo.
Piñata, episódio dessa semana de Better Call Saul abre com um flashback que deixa muito claro quem é Jimmy McGill. A cena, passada em 1993 baseado nas apostas do Oscar que incluem Retorno a Howard's End e Perfume de Mulher, quando Jimmy trabalhava na correspondência da Hamlin, Hamlin e McGill mostrou o jovem (aceitaremos a palavra dos envolvidos. Todo mundo parece igual na cena, exceto Michael McKean que usa uma peruca) fingindo completa ignorância no tocante aos trâmites legais dos processos encarados pela firma diante de Kim e Chuck, mas, em segredo, se enfiando na biblioteca do escritório para estudar escondido de todos.
Jimmy já era, então, um falsário que almejava ser um advogado de sucesso bem embaixo do nariz de todo mundo que o considerava um fracasso, e seu objetivo final permanece o mesmo. Seu discurso da semana passada ainda ressoa. Ele quer abrir um escritório de advocacia e ser um baita advogado junto com sua parceira.
O ponto, aqui, é que Kim, talvez, tenha anseios diferentes. Vem ficando mais claro a cada semana que a loira odeia o direito bancário e que seu trabalho junto ao banco Mesa Verde não é, nem de longe, o seu emprego dos sonhos. Em Piñata ela resolve agir em nome daquilo que realmente ama, o trabalho de defensora pública. Para conseguir gerenciar seu tempo de modo a ter o melhor de dois mundos, ela está se juntando ao escritório de Schweikart e Cokely, onde entrará como sócia e encabeçará a divisão bancária.
Jimmy claramente sente o golpe, mas seus objetivos são claros e ele não vai deixar nenhuma pedra ficar em seu caminho.
Na verdade, Jimmy parece mais obstinado após saber dos planos de Kim. Como se a ameaça do fracasso o tornasse mais focado e decidido em sua missão auto-imposta de surpreender Kim com um grande escritório de direito com direito a letreiro luminoso ao estilo Las Vegas.
Para isso, Jimmy usa o que tem à mão, o dinheiro da herança de Chuck, e seus celulares pré-pagos não-rastreáveis, mas, para suceder em sua empreitada, Jimmy precisa ter certeza de que será capaz de vender seu produto sem a ameaça de voltar a ser achacado por delinquentes como os três trombadinhas que o roubaram no último episódio, o que nos leva a uma brilhante sequência envolvendo o advogado, os três marginais e um armazém cheio de piñatas.
O plano de Jimmy e a forma como ele parece ser sempre capaz de antever o que as pessoas têm de pior são brilhantes.
Enquanto Jimmy pensa no futuro, Mike ficou a cargo de garantir que a construção do laboratório subterrâneo de Gus Fring seja executada com sucesso. Após ser excluído do grupo de luto, Mike está livre para montar as instalações e monitorar os trabalhadores alemães que têm a hercúlea tarefa de ficar apartados de contato com o mundo exterior por seis a dez meses morando em um galpão de onde não poderão sair durante o trabalho de escavação.
Eu mantenho que não estava particularmente curioso em como o laboratório foi construído. Na verdade, jamais imaginei que a tarefa fosse ser tão trabalhosa porque nunca me interessou, então seria maneiro se a coisa toda resultasse em algum desenvolvimento decisivo para Mike.
Com ele afastado de Stacey e Anita (Tamara Tunie) e já antevendo problemas com um funcionário metido a rebelde não parece impossível que Mike acabe fazendo alguma coisa sinistra que o coloque no caminho em que ele estava quando o conhecemos em Breaking Bad.
Além de tudo isso, ainda tivemos uma boa cena com Gus e Hector no hospital.
Claro, a cena em questão não nos contou nada que já não soubéssemos a respeito de Gustavo Fring. Ele é extremamente meticuloso, dedicado, paciente e cruel. De uma forma ou de outra, a cena foi muito boa. Um momento cabuloso para o vilão dar seu recado.
Piñata foi mais um bom episódio da série. Se em Quite a Ride parecia que Jimmy havia dado o seu passo mais decisivo em direção a Saul Goodman, aqui ele parece ter feito seu derradeiro movimento na tentativa de ser um advogado respeitável junto com Kim. E o fato de todos nós sabermos que Jimmy e Kim não acabaram juntos dá à coisa toda um viés algo trágico.
É difícil saber porque o casal acaba se apartando, mas uma pista pode ser a reação de Kim ao saber que Jimmy não vai à terapia. Pessoas normais não são capazes de compartimentalizar sua vida e suas emoções como McGill faz (como o arrasado Howard Hamlin, que tem uma boa cena com Jimmy.). Seus planos com Kim eram sua forma de lidar com o luto, talvez por isso ele pareça mais abalado pela rejeição dela ao seu sonho profissional conjunto do que pareceu com a morte do irmão, de uma forma ou outra, a Saul Goodmanização de Jimmy parece estar espreitando para se completar assim que seu futuro com Kim seja arruinado de vez.

"-Esquemas pra enriquecer rápido nunca dão certo.
-Então fica olhando."

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