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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Resenha Série: Better Call Saul, Temporada 4, Episódio 4: Talk


Better Call Saul teve três episódios bem vagarosos (e ainda assim excelentes) abrindo sua temporada. As coisas deram uma boa guinada em Talk, onde os planos de Gus Fring para Nacho e os Salamancas se tornaram bastante claros. O dono do Los Pollos Hermanos está usando os assassinos com bota de caveira para ampliar seu território além de burlar as regras do próprio cartel, e vender mercadoria fabricada ao norte da fronteira.
Essa guinada, e essa clareza, vêm em uma violenta sequência de ação banhada em uma sangueira que normalmente não vemos no programa, e, mais uma vez, colocou Nacho como o mais frágil dos peões nesse Breakingverso já que é ele que está constantemente suando e sangrando para tentar, o máximo que pode, servir a dois senhores.
Enquanto Nacho se afunda em seu jogo duplo, aproximando-se perigosamente de um fim que lhe parece claro após cumprir os desígnios de Gus Fring, Jimmy dá pinta de ter desistido de sua caça aos empregos até Kim lhe oferecer apoio psicológico.
Se inicialmente parecia que McGill tinha dito que aceitou o emprego vendendo celulares apenas para se livrar de ir ao psicólogo, a verdade é que ele talvez respeite Kim o suficiente para não ir simplesmente mentindo pra ela. Tanto que ele, de fato, acaba na loja norte da CC Telecom vendendo celulares, e, mais que isso, bolando uma sugestiva frase de efeito para chamar consumidores que parece saído do mesmo manual de vendas dos serviços legais de Saul Goodman: "O 'Homem' está te ouvindo?".
E, surpreendentemente, mais um passo de Jimmy em direção a Saul surgiu justamente quando ele tomou um rumo na direção diametralmente oposta de seus esquemas habituais. Saul Goodman é destino.
De qualquer forma, enquanto Jimmy pintava as vitrines da loja, Kim, ao invés de estar no escritório com a fuça enterrada em legislações bancárias interestaduais para o Mesa Verde, resolveu ir ao tribunal de Albuquerque e simplesmente assistir a julgamentos.
A forma como ela atende aos conselhos do juiz Munninger (Ethan Phillips) que a reconhece, porém, deixa claro que Kim não está satisfeita com os rumos que sua carreira está tomando. Não me parece que seja apenas não fazer a diferença, parece que Kim sente falta de antagonizar e ser antagonizada. De fazer alguma diferença. E ajudar um banco a ficar mais rico, não parece ser o que ela quer, e Jimmy não parece precisar ser salvo.
E Mike teve um pouco mais de espaço nesse episódio. Por um lado, sua participação no grupo de apoio que frequenta com Stacey Ehrmantraut (Kerry Condon) parece ter ido pro vinagre após sua descompostura em Henry (Marc Evan Jackson) não ter sido exatamente apreciada pelo resto do grupo. Por outro, ele foi chamada por Gus e o nome de Nacho veio à baila. O que Gus quer? Que Mike mate Nacho agora que o pobre coitado já cumpriu seu propósito auxiliando na expansão de seus negócios, o que, francamente, não parece ser algo que Mike vá querer fazer, ao menos não em situações normais. Mas vá saber se, após ser ostracizado pelo grupo de apoio ele não alcance um grau de malvadeza capaz de colocá-lo nesse caminho... Quem sabe? É difícil saber o que acontece para que Mike e Gus chegarem à parceria que vimos em Braking Bad, mas nós sabemos que isso acontece.
Após a morte de Chuck e o coma de Hector, os personagens parecem ainda estar tentando encontrar a melhor forma de lidar com as situações, e nenhum deles parece ter pensado em conversar a respeito.
Apesar das explosões de violência que parecem fazer falta para uma parte da audiência, o grande momento do episódio, pra mim, foi Jimmy dando mais um passo em direção ao Saul Goodman que todos nós conhecemos.

"Vocês queriam que eu falasse. Eu falei."

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