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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Resenha Série: Better Call Saul, Temporada 4, Episódio 3: Something Beautiful


Eu adoro os inícios silenciosos de episódios de Better Call Saul. Um lance que era impensável na TV até algum tempo atrás, e que graças a Breaking Bad se tornou uma forma de contar histórias praticamente sem palavras.
O começo de Something Beautiful tem um desses momentos em que uma série de imagens aparentemente sem sentido vai sendo mostrada sem que ninguém diga nem uma palavra até que a audiência entenda o que está acontecendo.
No caso, a encenação de um ataque a Nacho e Arturo (Vincent Fuentes) executado pelos capangas de Gus, Tyrus (Ray Campbell) e Victor (Jeremiah Bitsui). O lance não acaba nada bem para Nacho, que agora está no bolso de Gus, sob o escrutínio dos Salamancas e crivado de balas no deserto. A linha narrativa de Ignazio segue sendo a mais sinistra e a que tem as apostas mais altas na série.
Enquanto Nacho luta por sua vida, a ida de Jimmy ao escritório dos vendedores de copiadoras não foi, exatamente, infrutífera.
Conforme nós vimos no episódio anterior, o nosso advogado preferido certamente viu algo lá de que gostou, e tenta vender a ideia do golpe para Mike.
É sempre saboroso notar que toda a vez que percebe um golpe em potencial, Jimmy parece não ter mais sossego até executá-lo. O golpe do Menino Bávaro é apenas mais um em uma longa lista de tentativas de arrancar o dinheiro fácil de uns trouxas às quais Jimmy parece ser incapaz de resistir.
Após ouvir o "não" de Mike, Jimmy insiste na ideia indo até o doutor Caldera (Joe DeRosa) para encontrar outro agente capaz de ajudá-lo em sua sua empreitada, e é insistente a ponto de arrancar o telefone da mão do veterinário e vender, ele próprio, o golpe para seu futuro cúmplice, no caso, Ira (Franc Ross), o proprietário original da Vamonos Controle de Pragas.
E por mais engraçado que seja o andamento do roubo, com o gerente dormindo no escritório após presentear a esposa com um aspirador de pó "top de linha" e deixando Ira preso embaixo da mesa, forçando Jimmy a ir até o local pra dar um jeito de liberar o ladrão da enrascada, o ponto principal da coisa toda é que Jimmy parece viciado em aplicar golpes. E se até esse momento a coisa toda parece divertida, ao mesmo tempo, cada vez mais evidencia-se uma espiral da qual em algum momento, nós bem sabemos, ele não conseguirá sair.
Tudo isso acontece bem embaixo das fuças de Kim, que tem coisas demais em seu prato para perceber que Jimmy tem problemas além da negação em se enlutar pelo irmão mais velho.
Rhea Seehorn, por sinal, manda bem demais novamente. Após detonar Howard no episódio anterior, nesse capítulo ela deixa claro que simplesmente não tem estrutura emocional para suportar tudo o que está acontecendo em sua vida ao mesmo tempo.
Da sua expressão de horror diante das maquetes que simbolizam a expansão do banco Mesa Verde à sua desistência em averiguar todos os pormenores das operações bancárias em cada estado para onde Kevin Wachtell (Rex Linn) quer avançar até a forma como ela simplesmente se desmancha em lágrimas ao ouvir Jimmy ler com tão pouco-caso a carta deixada por Chuck junto com cinco mil dólares de herança, fica muito claro que Kim está andando a passos largos em direção a um colapso, e os meios que Jimmy persegue para se manter não ajudam em nada em toda a situação.
Fechando o episódio, o segundo easter egg de Braking Bad do episódio. Gus Fring visitou ninguém menos que Gale Boetticher (David Costabile), o químico extra-nerd que era o fã número um de Walter White até ser baleado na cara por Jesse Pinkman.
Sim, Better Call Saul segue em seu próprio ritmo, cozinhando em fogo baixo, mas isso está longe de ser um problema para uma série que não é um programa de ação. Ver Jimmy em sua descida rumo ao mundo do crime, os laços entre Mike e Gus se estreitarem, e, de quebra, as empolgantes linhas narrativas de Kim e Nacho é mais que suficiente pra manter a audiência ligada na TV.

"-Deixaremos uma senhora colecionadora feliz e faremos um trocado. Vamos fazer algo lindo aqui. "

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