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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Domingos


Jamais gostara de domingos.
Era um desgosto justificado. Plausível. Calculado.
Era um desgosto na prática. Domingo era o dia em que o final de semana chegava ao seu estertor.
Era o fim do fim de semana, o prenúncio da segunda-feira e de mais uma semana de cansativas agruras.
Era um dia modorrento, que parecia ser escolhido pela existência para ser aborrecido e chato.
Nada era bom no domingo, da programação da TV ao clima na rua.
Não dava pra gostar de domingos.
Certo?
Era o que ele pensava.
Até que ela surgiu em sua vida.
Ele trabalhava de segunda a sábado.
O único dia em que podia acordar com ela sem precisar sair correndo, era aos domingos.
Nos domingos despertavam juntos de manhã e ficavam na cama, conversando e rindo.
enroscavam-se aos beijos, se mostravam bobagens no Youtube ou liam lado a lado de dedos entrelaçados.
Vez que outra ela se deitava de bruços para olhar algo no computador, e ele se aproximava feito um tubarão:
Silencioso e à traição, para beijá-la nas solas dos pés delicados, nas panturrilhas, atrás dos joelhos, coxas e bunda por sobre o pijama.
Ela se encolhia, ria e reclamava da barba espetada lhe arranhando a pele delicada.
Ele a escalava rindo e a beijava no pescoço, fazendo cócegas.
Ela ria e perguntava que horas almoçariam.
Ele respondia que havia tempo.
Por ele passaria os domingos deitado com ela.
Transformaria a cama que partilhavam em sua própria Fortaleza da Solidão.
Em um cárcere voluntário de onde não sairia nem sequer para o banho de sol.
Seriam como dois dragões veneráveis em um covil, protegendo o tesouro do amor que partilhavam sem abrir mão de uma única peça.
Tudo de que precisava era o ar que respirava, e o amor que sentia por ela.
De repente, domingo era o melhor dia da semana.
O mais perfeito e repleto.
Seu dia favorito.

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