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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 13: The Whirlwind


Atenção! Há spoilers abaixo!
A segunda temporada de O Justiceiro chegou ao seu final (infelizmente é provável que a série tenha se encerrado), e, a despeito de algumas decisões questionáveis por parte da equipe de roteiristas do produtor Steven Lightfoot, o programa encerrou sua história de maneira satisfatória, o que, considerando tudo, já foi mais do que eu achei que seria possível após o festival de baderna dos capítulos mais recentes.
O capítulo final abre com Billy Russo e Madani resolvendo as suas desavenças de maneira violenta após a queda de Krista Dumont do terceiro andar (alerta de spoiler, ela não morreu.), numa retomada de rancores que não acaba bem para o Retalho.
Russo, por sinal, foi solenemente empurrado para o banco de trás do season finale após ter dominado boa parte da temporada com sua quase comovente humanidade.
Após o seu encontro com Madani, Russo vaga baleado de porta em porta comendo o pão que o diabo amassou e sendo severamente punido por todos os crimes que cometeu, inclusive aqueles dos quais não se lembra.
O desfecho da linha narrativa de Billy é abrupto e anti-climático, uma decisão compreensível já que outro grande confronto mano a mano entre Bill e Frank seria um replay de Memento Mori. Além disso, o final de Billy traça um novo paralelo entre ele e o Justiceiro ao simplesmente admitir que, na vida desses homens, não há final feliz, ou paz possíveis. Apenas lutar até uma morte sem sentido.
Falando em lutar, numa decisão discutível, toda a conclusão da série se revolve ao redor dos Schultz. O casal de evangelistas bunda-moles haviam sido tratados como uma nota de rodapé ao longo de toda a temporada, mas nos dois últimos capítulos da série, eles simplesmente se tornaram o foco de toda a ação. Isso se deve, provavelmente, tanto ao fato de que a confusão de Amy precisava ser resolvida, quanto porque a linha narrativa de Billy Russo havia sido esculhambada pelo plano de "destruir o Justiceiro psicologicamente". Uma subtrama absolutamente despropositada e que se mostrou mera encheção de linguiça pra justificar Frank sob custódia por um episódio e apenas isso.
O lado positivo dessa virada foi que John Pilgrim finalmente recebeu o espaço que merecia para mostrar que é um adversário mais do que à altura de Frank Castle.
As duas excelentes cenas de ação artilhadas pelos dois estão entre os pontos mais altos da série em suas duas temporadas nesse quesito, primeiro o monstruoso tiroteio no hotel, e depois a briga de pancadas diante do trailer. Mais bacana do que a possibilidade de ver esses dois homens ferozes em oposição, foi ver que a série se preocupou em dar a Josh Stewart o espaço para ser mais do que apenas um vilão físico.
Ainda que o background do personagem tenha sido mostrado de forma por vezes desajeitada no breve tempo de tela que ele teve, eu fiquei feliz com o final que a série lhe deu, e teria ficado ainda mais feliz se o personagem tivesse recebido mais espaço e desenvolvimento ao longo da temporada.
O que também vale para os Schultz.
Simplesmente colocá-los como o ponto focal da história nos dois últimos capítulos foi uma estratégia duvidosa. Por mais que nós saibamos que eles são os mandantes por trás de toda a linha narrativa de Amy, quando Frank finalmente encontra Anderson e Eliza não existe senso de resolução porque os dois sempre estiveram tão apartados da ação que é difícil pensar neles como os antagonistas da série.
Melhor ajambrado no final foi a relação entre Frank e Amy.
Amy foi outra personagem nova que sofreu por falta de desenvolvimento, e permaneceu sendo eclipsada por Curtis e Billy ao longo dos treze capítulos, especialmente porque surgiu para ocupar os sapatos do Micro de Ebon Moss-Bachrach, um personagem que havia casado maravilhosamente bem com Frank na primeira temporada.
Não ajudou o fato de Giorgia Whigham jamais ter convencido como adolescente, o que prejudicou a pegada da personagem como uma filha substituta para Frank, mas devo admitir que a química entre os dois melhorou bastante ao longo da segunda metade da temporada, e a despedida dos dois no final do episódio foi, de fato, tocante, carregando o peso de todos os perrengues pelos quais ambos passaram juntos.
Madani... Bem, digamos que é difícil acreditar que alguém tão miseravelmente incompetente quanto Madani fosse terminar a temporada tendo sido promovida. O final ideal para a personagem teria sido a morte pelas mãos de Billy Russo, mas acho que é proibido sequer cogitar matar uma "mulher forte e esperta", como a mesma se definiu no capítulo anterior, mesmo que ela não seja nenhuma das duas coisas. Se há um alento no iminente cancelamento do programa é não precisar mais suportar Dinah Madani.
O ponto mais alto de The Whirlwind, porém, foi a forma como nos despedimos de Frank Castle.
O personagem que havia terminado a primeira temporada fazendo terapia em grupo, no que foi um final compreensível para os eventos do ano 1 encerra a segunda temporada em uma nota absolutamente distinta.
Frank Castle aceita que viver uma vida normal está fora de seu alcance, essa possibilidade morreu com Maria e as crianças. Eu cheguei a almejar um final onde Frank retornaria às cercanias de Detroit e reencontraria Beth e Rex e retomaria sua vida como um homem de família, mas esse não seria um desfecho honesto para com o seu arco. Frank disse à certa altura da temporada "deixe-me ser o que eu tenho que ser", e o final dessa temporada nos mostra Castle abraçando com gosto a sua vocação. Ele é um filho da guerra. Ele nasceu para o combate e sua chance de abrir mão disso lhe foi tirada.
Quando nos despedimos de Frank, possivelmente de maneira definitiva, ele surge em toda a sua glória, com o sobretudo preto e a caveira branca no peito assumindo para si o posto de carrasco do crime numa guerra à qual dedicará sua vida.
Por mais que a segunda temporada de O Justiceiro tenha claudicado após o desnecessário plot twist do capítulo 10, The Whirlwind conseguiu encerrar de maneira honesta, fechando os arcos de todos os personagens de maneira, no mínimo satisfatória, e, no caso de seu protagonista, mais do que isso.
Se essa foi nossa despedida derradeira de Frank Castle, então a série acertou em cheio no último aceno.

"-Você tá brincando, né? Ele é o Justiceiro. Ele vai arrancar a sua espinha pela garganta."

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