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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 9: Flustercluck


Cuidado com aquilo que tu desejas, diz o alerta, pois tu podes conseguir.
Eu não concordo com esse ditado, não em geral, mas devo dizer que, em se tratando da série do Justiceiro, especificamente esse episódio "Flustercluck" (traduzido como Recompensa, e aí eu justifico, de novo, meus motivos para usar os títulos em inglês dos episódios desde a primeira temporada de Jessica Jones) faz sentido.
Porque na resenha do episódios anterior, My Brother's Keeper, eu reclamei, novamente, da falta de espaço dado aos Schultz e John Pilgrim, e, tendo sido agraciado com alguns vislumbres de ambos no nono capítulo, estou me questionando se eu sequer queria esses personagens na série à essa altura.
O episódio começa com um vislumbre dos negócios de Billy Russo indo de vento em popa. Seus rapazes compraram a ideia de iniciar um tipo de sindicato de veteranos criminosos e eles estão tocando o horror em traficantes e quadrilheiros e conseguindo um bom dinheiro enquanto Billy volta a se sentir um homem que pertence a alguma coisa novamente, além de readquirir o status e a fortuna que perdeu.
Enquanto isso, Frank, Curtis e Madani parecem ter chegado a um acordo sobre o que fazer com Russo, e a ideia é encontrá-lo e neutralizá-lo, uma proposta simples, mas complicada de realizar, especialmente após Anderson Schultz colocar uma recompensa pela captura de Frank e Amy nas ruas, garantindo que cada bandido com uma arma na cidade saia no encalço do Justiceiro e de sua protegida.
Se Anderson Schultz adicionou uma esperta dose de tensão e drama no episódio com o esquema da recompensa, não é menos verdade que a coisa toda teve cara de coito interrompido quando a ação foi cortada para nos levar de volta a um momento entre ele e o filho David, que, sabemos agora, é o pivô de toda a linha narrativa de Amy na temporada.
A cena entre Corbin Bernsen e Todd Alan Crain deixou dolorosamente claro que depois de nove horas de série, provavelmente ninguém dá a menor bola pra esses evangélicos bilionários com pretensões de escalada política e o filho viado deles.
Colocá-los na ribalta à essa altura do campeonato é um tiro no pé porque nos afasta das linhas narrativas mais interessantes que a série tem pra oferecer, nominalmente, Frank e Billy.
Até mesmo John Pilgrim, que vinha sendo injusta e solenemente escanteado voltou a ter um pouco de espaço, incluindo novas revelações sobre seu passado pré-Schultz mas, de novo, coito interrompido. No momento em que parecia que veríamos quem John Pilgrim realmente é na hora da porradaria, um corte nada sutil só pra deixar a audiência no pendura.
Menos mal que Frank segue entregando a ação que a série demanda, seja em sua sangrenta investigação sobre o paradeiro de Billy, seja em um tiroteio com alguns caçadores de recompensa lerdos no gatilho, seja na boa sequência do resgate de Amy.
Amy, aliás, talvez seja a única nova personagem que melhorou no decorrer da série. Ela foi de pentelha descartável a âncora da humanidade de Frank Castle.
Mais do que isso, a própria demonstra uma humanidade que, no começo da série, simplesmente inexistia. Seu retrato, tanto da pirralha que não aguenta mais ser deixada de lado, quanto da menina apavorada com a iminente perda de sua humanidade, se não chegam a ser tocantes, são honestos.
Falando em honestidade, a cena entre Billy e Madani é possivelmente a justificativa da presença da agente na segunda temporada.
A conversa entre os dois é, provavelmente, o ponto mais alto da personagem, superando por muito o discurso no grupo de Curtis alguns capítulos atrás. E Ben Barnes segue sendo um dos pivôs da série. Aqui nós vemos Billy Russo ser vítima e algoz na mesma medida. Ele sabe que fez coisas horríveis, têm dificuldade em absorver o que fez, e ainda assim, se vê como uma vítima e com direito a ultraje.
Billy Russo, ao longo de duas temporadas se perfila a Kilgrave como o segundo melhor vilão da Marvel/Netflix, superado apenas pelo arrasa-quarteirão que é Vincent D'Onofrio como Wilson Fisk. Até mesmo o romance dele com Krista Dumont, por mais clichê que seja, parece ser capaz de tornar a psiquiatra uma peça mais interessante no tabuleiro da série por mera associação.
Quanto a Schultz, até o momento sua única contribuição para a série é mandar gente atrás de Frank e Amy, o que, na melhor das hipóteses, gera boas cenas de ação e algum senso de urgência para os episódios, fora isso, é difícil não imaginar que as ideias para duas temporadas tenham sido amalgamadas no que deve ser o último suspiro do Justiceiro na Netflix, isso explicaria porque temos duas linhas narrativas tão distintas correndo em paralelo sem jamais se encontrarem.
Faltando quatro episódio para o fim da temporada, a única coisa que faz com que a série não seja unicamente a respeito de Frank e Billy é a relação de Amy com Castle.

"-Eu não sou quem morre, garota. Eu sou o que mata."


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