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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Resenha DVD: Amor Sem Escalas



Sábado dei sequência à minha peregrinação para assistir todos os concorrentes ao Oscar desse ano e ver se alguém me convence que Bastardos Inglórios não foi um injustiçado na categoria Melhor Filme.
Passei na locadora e apanhaei Amor sem Escalas, o filme de Jason Reitman, jovem diretor dos bons Juno e Obrigado por Fumar, estrelado por George Clooney.
A despeito do infeliz título em português remeter à uma comédia romântica das mais açucaradas, Amor sem Escalas (Up in the Air, no original) não tem anda de coma diabético. É um filme ácido, mas não indigesto.
Ryan Bingham (Clooney, ótimo.) é funcionário de uma empresa contratada para dar más notícias.
Ele viaja pelos Estados Unidos demitindo empregados de outras companhias, e livrando os chefes da ingrata tarefa. Ele é bom no que faz, e, mais importante, gosta do que faz. Ryan passa mais de 300 dias por ano viajando. Ele mora em um pequeno apartamento alugado onde praticamente não entra, tem duas irmãs que praticamente não vê, é membro de todos os clubes de fidelidade que possam lhe reverter milhas aéreas e ajudá-lo a alcançar seu objetivo:
Acumular dez milhões de milhas.
Ele também ministra palestras motivacionais em que apresenta a teoria da mochila vazia, ensinando as pessoas que não há nada de errado em não querer assumir compromissos de qualquer espécie. Na verdade, ao fazê-lo o indivíduo estará livre para se movimentar sem carregar o peso de relações interpessoais.
Ryan é um fiel adepto da filosofia em questão, em suas viagens ele coleciona relacionamentos fugazes sem jamais se amarrar, relacionamentos como o que engata com Alex (Vera Farmiga, excelente.), uma mulher independente e interessante que aparentemente partilha das convicções de Ryan, e mais do que isso, é, nas próprias palavras, um Ryan com uma vagina.
Ryan está feliz, até que sua empresa, pensando em aumentar os lucros no momento em que os EUA passam por uma crise econômica que lhes é muito favorável, abraça a ideia de utilizar uma nova tecnologia na arte de demitir.
Natalie Keener (Anna Kendrick, um achado!) desenvolveu o sistema que aumenta a eficácia do processo de dispensa de empregados ao utilizar a vídeo-conferência através da Internet para se reunir com os demitidos. Aumento de produtividade e redução dos custos, demitindo muito mais rápido, e mantendo todos em terra. Um pesadelo para Ryan, que subitamente se vê ensinando a arte na qual é mestre à Natalie enquanto se envolve cada vez mais profundamente com Alex, a ponto de, de fato, pensar em levar uma vida estável, longe dos aviões, aeroportos, locadoras de automóveis e hotéis.
Não se engane, apesar da premissa, Amor sem Escalas não é um desses filminhos de sessão da tarde, e jamais se torna um romance tradicional.
As ótimas atuações, o bom roteiro, e a direção segura de Reitman garantem a diversão, e até a reflexão a respeito da artificialidade das relações humanas em tempos de viagens, clubes de fidelidade e tecnologia de atualizações minuto a minuto.
Não é melhor que Bastardos Inglórios, mas é um ótimo filme.

"Todas as pessoas que já construíram um império ou mudaram o mundo, estiveram onde você está agora. E foi por terem estado onde você está, que elas foram capazes de fazê-lo."

2 comentários:

  1. Talves não seja um filme pra seção da tarde, mas não seria um filme que eu comprasse e tão pouco que fizesse questão em revê-lo. Apesar de me apaixonar pela filosofia da mochila vazia, já tenho vazio demais dentro de mim. Ele só podia se dar o luxo disso por não crer veementemente que relacionamentos "atrasam" nossas vidas. Tenho minhas teorias sobre isso, inclusive.
    Fica o convite pra discutirmos esses conceitos.
    Abraços.

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