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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Resenha DVD: Preciosa - Uma História de Esperança


Sábado assisti a'O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, passei horas agradáveis em companhia de pessoas de quem eu gosto, e, ao chegar em casa por volta das cinco e quinze da matina, percebi que tinha alugado o filme Preciosa - Uma História de Esperança, e ainda não havia assistido.
Dando sequência á minha meta de assistir todos os filmes concorrentes ao Oscar, enfiei o disco no DVD, e assisti.
Estava curioso, queria ver se a atuação de Mo'nike como a mãe da protagonista era fodona como alardeavam, queria ver se o filme era de fato, uma máquina de extrair lágrimas, e se Gaborney Sedibe, a Preciosa do título, era tão promissora quanto foi comentado. Se o filme não fosse nada disso, ainda haveria Paula Patton (Benzadeus!), então, não podia ser de todo ruim.
Preciosa conta a história de Caireece Precious Jones (Gaborney Sedibe), uma adolescente de dezesseis anos, negra, obesa e analfabeta funcional, ela divide seu tempo entre a escola e a casa onde vive com sua mãe (Mo'nike, ótima no papel.). Precious sofreu abusos sexuais recorrentes do pai, o que lhe rendeu uma filha, apelidada de Mongo, por ser portadora de síndrome de Down, e uma segunda gravidez. Não bastassem os abusos sexuais do pai, Precious ainda convive com os abusos psicológicos e físicos de sua mãe, Mary, que a ofende, espanca e explora enquanto assiste TV, come e fuma esperando pelo benefício do seguro-social.
A segunda gravidez de Precious leva a diretora do colégio que ela frequenta á encaminhá-la á uma escola alternativa.
Lá, ela conhece a profesora Blu Rain (Paula Patton, linda como sempre e emprestando um quê de distanciamento á sua personagem, conferindo-lhe mais veracidade.), que lhe mostra que existe outro caminho á seguir além do que leva á auto-comiseração.
Agora, falando sério, dá pra imaginar um filme mais clichê? Estão ali todos os elementos do dramalhão feito para a TV que recheava o Cinema em Casa do SBT nos anos oitenta. A jovem introspectiva que se torna agressiva pelos abusos, a mãe violenta e repelente que não ajuda a filha, a professora engajada que lhe mostra o caminho da luz, isso sem comentar a assistente social senhora Weiss de (uma irreconhecível, no bom sentido) Mariah Carey. Como, então, esse filme concorreu á tantos prêmios?
Bem, pesa aí a mão do diretor Lee Daniels, que ao invés de investir nas lágrimas fáceis prefere manter uma câmera na mão e alguma frieza na tarefa de "testemunhar" o que a mulherada faz no filme. Essa frieza certamente é a maior qualidade de todas as atuações, de Gabourne, que empresta agressividade e honestidade á Precious, até a melancolia de quem já viu tudo da senhora Weiss, passando pela estagnação enfurecida de Mary.
No final das contas, Preciosa é um bom filme; Embora em certos momentos eu tenha ficado com a impressão de que o roteiro se ocupou apenas de empilhar desgraças e mais desgraças em cima de uma pessoa só (Á certa altura eu já estava esperando que ela ficasse inválida ou que um de seus filhos morresse...) diante de uma câmera trêmula pra dar sensação de realidade na veia, as boas atuações e as escolhas acertadas do diretor, garantem a qualidade do programa. E ainda tem a Paula Patton. É um bom filme, sim, e merece ser assistido.

"Por favor, não minta pra mim, senhora Rain. O amor não fez nada por mim, exceto me espancar... Me estuprar... Me chamar de animal. Me fazer sentir inútil! Me deixar doente!"

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