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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Resenha Cinema: Plano de Fuga


Eu já mencionei neste espaço, em mais de uma ocasião, que o Mel Gibson não bate bem da cacholeta, não é? Claro que sim. É público e notório que o astro de cinquenta e seis anos tem um parafuso a menos. O fato de ser alcoólatra, fanático religioso, espancador de mulheres e anti-semita (Especialmente trabalhando em Hollywood, onde os judeus controlam quase toda a grana) por si só já deixariam claro que ele não é bem certo. Mas, pra convencer os indecisos, ele ainda resolveu ir contra tudo o que Hollywood faz, e bancar e rodar épicos em línguas mortas que não só o encheram de grana e prestígio como realizador cinematográfico mas também fizeram uma grande parte do público achar estranho o pessoal falando inglês em filmes sobre o Egito antigo, a Grécia Clássica e a Roma dos tempos do Império. Enfim... O Mel Gibson é doente da cabeça.
Isso não o torna, porém, uma persona cinematográfica com menos volume, outra coisa que eu já disse antes. Gibson ainda é um ator competente o suficiente pra carregar um filme nas costas, um diretor sabido o bastante pra fazer filmes do naipe de Apocalypto, A Paixão de Cristo e Coração Valente, e um produtor/roteirista cara de pau que chegue pra fazer coisas como esse Plano de Fuga, que chegou aos cinemas brasileiros na sexta-feira e que eu fui conferir no sábado.
Plano de Fuga mostra Mel Gibson como um criminoso de carreira que, após um assalto que não acaba bem, se vê em uma prisão mexicana diferente de todas por onde já passou. Na penitenciária de El Pueblito, praticamente uma cidade intra muros, com regras muito particulares e uma população carcerária incrivelmente heterogênea as únicas coisas em que o herói pode confiar é um moleque de dez anos viciado em nicotina e o fato de que todo mundo quer a sua cabeça. Nesse ambiente novo e hostil o gringo precisa aprender como as coisas funcionam e trabalhar rápido para sobreviver e, quem sabe, recuperar o fruto do seu roubo.
É divertido o filme de Adrian Grunberg, diretor argentino radicado no México e ex-assistente de Gibson em Apocalypto, o roteiro do próprio Grunberg e de Gibson não tem medo de pintar um retrato extremamente estereotipado do México, mostrado como um lugar quente, cheio de gente suada com imagens de santos em todas as peças de roupas, prostitutas baratas e onde todo mundo é corrupto até não mais poder.
Mas muito da graça do filme, que se perfila nesse espaço das comédias policiais de ação, é exatamente o fato de brincar sem vergonha do ridículo com os estereótipos que vão do bandido boa-praça durão e que não tem nome (Gibson), passando pelos policiais corruptos, a mãe abnegada e o bandido desprovido de alma.
E funciona.
Provavelmente Plano de Fuga não seria o filme bacana que é se incorresse no erro de se levar a sério demais, por mais competente que seja a ação do filme, onde Gibson mostra que ainda tem gás pra correr, saltar e esmurrar como fazia em Máquina Mortífera, e por interessante que seja tentar descobrir como o personagem vai sair da enrascada em que se enfiou, então, ponto para Grunberg e Gibson por saberem rir de si mesmos e não terem pudor de explorar o humor em vários matizes, da imitação de Clint Eastwood ao pastelão à moda Os Três Patetas, e entregarem um produto de entretenimento maneiro e com personalidade.
Enfim, enquanto segue brigado com os grandes produtores dos grandes estúdios norte-americanos, Gibson vai fazendo e lançando seus próprios filmes ele mesmo, e ainda arruma seu espaço nos filmes de terceiros como fez em Um Novo Despertar de Jodie Foster e com Robert Rodriguez, que o escalou como o vilão do novo Machete. Nessa toada o astro e deixa claro que, se Hollywood não precisa dele, ele também não precisa de Hollywood.
Longa vida ao beberrão espancador de mulheres mais carismático do cinema.

"Agora que eu já dei uma olhada em como as coisas funcionam por aqui, é hora de fazer o que eu faço melhor..."

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