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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Prepotência Romântica


Ela estava sentada atravessada no sofá. Com o corpo estendido paralelo ao assento e as costas apoiadas no descanso de braço do móvel. Olhava pra TV assistindo uma dessas séries de que só mulheres gostam, ele não sabia qual era. Ele estava sentado direito no sofá, com os pés dela em seu colo, óculos postos lendo um gibi qualquer enquanto acariciava o pé dela com a ponta de três dedos. De repente ele parou, ergueu os óculos colocando-os sobre a testa e desviou os olhos da revista, mirando ela, que, distraída com a televisão demorou pra ver. Quando viu olhou pra ele, e sorriu o sorriso pelo qual ele se apaixonara.
-Que foi? - Ela inquiriu.
-Nada. - Ele respondeu sorrindo.
Ela olhou de volta pra TV e continuou assistindo seu programa, mas ele não desviava os olhos dela. Ela virou de novo, agora rindo:
-Quié isso, menino? Tu tá me deixando agoniada.
Ele sorriu, e de maneira meio bruta, apanhou-a pelo tornozelo e deu-lhe um beijo estalado no peito do pé. Ela ainda olhava pra ele, e ele, ficando sério de repente, disse:
-Tu não faz ideia, não é?
-Do quê? - Ela quis saber.
-Do quanto eu sou louco por ti. De que eu, que sempre acreditei em amores construídos com muito trabalho e dedicação, me apaixonei por ti à primeira vista. De que, na primeira vez que eu te beijei, eu sabia que era só o que eu ia querer dali pra frente. Do medo que eu, que não tenho medo de nada, sinto de te perder. Do quanto eu me sinto ridículo por acreditar... Acreditar, não. Por saber que tu é minha alma gêmea, mesmo não acreditando em alma gêmea. Do quanto eu quero te aquecer nos dias frios. Do quanto eu quero te refrescar nos dias quentes. E do quanto eu quero te fazer feliz todo dia, pra recompensar o quanto tu me faz feliz a cada minuto, e que não vou te deixar em paz pelo resto da minha vida.
Ela se esgueirou agilmente até estar ajoelhada com o corpo colado no dele, acariciou seu rosto mal barbeado com a mão delicada, e o beijou. Então sorriu de novo, e sem nenhuma modéstia disse:
-Claro que eu tenho ideia, tonto. Na verdade eu sempre tive foi certeza.
Os dois riram e desligaram a TV enquanto voltavam a se beijar, e ele tinha certeza de que uma demonstração tão veemente de prepotência romântica só podia significar que ele encontrara o amor da sua vida.

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