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sábado, 7 de julho de 2012

Tô Dentro

O Lisandro chegou todo pimpão com o video game embaixo do braço na casa do Maurício, ligou os cabos, colocou pra rodar o jogo do Capitão-América e disse sorrindo que nem guri de kichute novo:
-Te liga aqui, esse jogo é do caralho. Maior cópia da jogabilidade do game do Bátima, mas ficou maneiro.
O Maurício pegou o controle e jogou um pouco, constatou que a descrição do Lisandro fazia justiça:
-Pior, parece mesmo com o Arkham Asylum. O que tu tem naquela sacola? - Perguntou apontando com o queixo pra uma sacola plástica branca que Lisandro largara no chão próximo à sua mochila.
-Dois cachorros quentes e duas Fanta Maracujá. - Respondeu o Lisandro. - Vou meter no freezer e a gente come depois, pode ser?
-Arram - Respondeu Maurício, ainda jogando, mas olhando pro Lisandro de rabo de olho.
Lisandro voltou da cozinha do amigo sorrindo.
-Que horas a Clarisse chega? - Perguntou.
-Tá de plantão, hoje, não chega até às dez horas.
-Bom, não vai dar tempo de terminar o Capitão-América, mas tem mais coisa... ó, Marvel Vs. Capcom 3, Incrível Hulk, as expansões do GTA, Thor... Fiz um pacote de jogo de super-herói, eheheheh.
Maurício pausou o jogo e encarou Lisandro:
-Que alegria toda é essa?
-Que alegria, rapaz, tá me estranhando? Alegria é coisa de boiola. - Retrucou Lisandro, antes de cair na gargalhada.
Maurício fechou um olho encarando o amigo e disse:
-É com ela, né? Esses teus acessos de faceirice e de tristeza sempre têm a ver com ela.
Lisandro não disse nada. Sorriu de maneira enigmática e falou:
-Pode ser...
-E aí? O que vocês dois tão fazendo? Foram "à público"? - Perguntou Maurício.
-Não... Ainda não. - Respondeu Lisandro, sério. -Não dá.
-Então?
-Estamos tramando um golpe perfeito.
-Que golpe?
-Estamos fingindo que eu não sou louca, perdida e inapelavelmente apaixonado por ela.
-E vai dar certo?
-Como é que eu vou saber? Provavelmente não... A gente sabe que golpes perfeitos são complicados e têm tudo pra dar errado, que pessoas podem se ferir, e tudo mais, mas... - Lisandro hesitou.
-Mas o quê? - Quis saber Maurício.
-Tentando eu fico perto dela. E proximidade com ela faz qualquer risco valer mais que a alternativa.
-Que é?
-Estar longe dela, cabeça... Então, se me der a chance de estar por perto, o que ela sugerir, eu tô dentro. Vai, sai do jogo aí que eu vou te mostrar como é que se faz pro Homem-Aranha limpar o chão com o Magneto.

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