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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Resenha Filme: Homem-Aranha 3


A verdade é que a expectativa de todo mundo estava nas alturas... Depois do excelente filmes de estréia em 2002 e da sequência espetacular em 2004, parecia óbvio pra todo mundo que o terceiro filme da série Homem-Aranha, novamente sob a batuta de Sam Raimi, iria arrasar o mundo do cinema em quadrinhos naquele ano de 2007.
Desde a primeira foto, mostrando um Homem-Aranha abatido vestindo uma versão negra do seu traje, os fãs do cabeça de teia pelo mundo afora só falavam da possibilidade de ver o Venom no filme (O que só seria confirmado bem depois do começo da produção do longa), antes disso, porém, muita coisa aconteceu.
Thomas Haden-Church, que havia estado muito bem em Sideways - Entre Umas e Outras, fora contratado para viver o Homem-Areia, um dos mais clássicos vilões da galeria do cabeça de teia, a primeira foto de Church usando a indefectível camisa listrada de verde e preto com a calça marrom era de levar lágrimas aos olhos dos fãs hardcore.
Outros bons nomes se juntaram ao elenco, James Cromwell foi escalado para viver o do capitão George Stacy, e a linda Bryce Dallas Howard foi a escolhida para estar sob a tiara de Gwen Stacy, talvez o grande amor da vida de Peter Parker nos quadrinhos, e, finalmente, Topher Grace, o Eric Foreman de That's 70s Show ganhou o papel de Eddie Brock, que nos quadrinhos, coberto de gosma preta, transforma-se no Venom, vilão favorito dos fãs sub-15 do herói aracnídeo.
Além desses, todo o elenco principal retornava, lá estava Tobey Maguire (Meio gorducho...), Kirsten Dunst, mais bonita do que estivera nos dois primeiros filmes, James Franco, novamente na pele de Harry Osborn, além de Rosemary Harris, J. K. Simmons, Elizabeth Banks e Bill Nunn (Respectivamente: Tia May, J. Jonah Jameson, Betty Brant e Joe Robertson).
Toda a equipe de criação dos primeiros longas de volta, à exceção de John Dykstra, o mago responsável pelo design dos efeitos visuais dos dois primeiros longas, e Danny Elfman, compositor da trilha, substituídos respectivamente por Scott Stokdyk e Christopher Young, e lá estava um filme que tinha tudo pra dar certo.
Mesmo que as terceiras partes das séries de Superman, Batman, Blade e X-Men tivessem sido muito ruins, parecia que, se havia um filme capaz de quebrar essa escrita, era Homem-Aranha.
Mas não foi o que aconteceu...
Homem-Aranha 3 mostrava Peter Parker finalmente em paz com sua dupla identidade. Se nos filmes anteriores ser Homem-Aranha era um fardo com qual o jovem fotógrafo tinha de lidar, nesse terceiro ele finalmente abraçara com gosto seu alter ego e via sua vida entrar nos eixos. Bem na faculdade, namorando a mulher dos seus sonhos, e finalmente vendo o Homem-Aranha ser aceito como um herói pela mídia.
Entretanto, na vida do Peter Parker de Sam Raimi nada funciona por muito tempo. Ao mesmo tempo em que decide pedir Mary Jane em casamento Peter é atacado por um vingativo Harry Osborn, turbinado pelo soro do Duende Verde, descobre que o verdadeiro assassino de seu tio Ben, Flint Marko, ainda pode estar à solta, que o fotógrafo Eddie Brock pode ficar com seu emprego no Clarim e, não bastasse tudo isso, ainda se torna alvo de um simbionte alienígena que vê nele um parceiro perfeito.
Conforme vê sua vida degringolar em várias frentes, Peter vai sendo dominado pelos seus instintos mais obscuros, tornando-se presa fácil para o simbionte.
Enquanto luta contra Marko, transformado no Homem-Areia após um acidente, e lidar com a trama engendrada por Harry para destruir sua vida pessoal, o herói ainda precisa enfrentar seu próprio lado negro, o que pode colocá-lo em rota de colisão com mais um mortífero antagonista.
Homem-Aranha 3 era um filme repleto de promessas e condições de cumpri-las, entretanto, aquele que seria o último longa do herói dirigido por Sam Raimi acabou não vingando.
Embora tivesse boas sequências de ação, e uma ou outra sacada interessante, Homem-Aranha 3 acabava se mostrando como um produto visivelmente conflituoso. De um lado via-se as tentativas de Raimi de manter o foco intimista na história de amor de Peter e Mary Jane prestando homenagens aos gibis que ele crescera lendo, e de outro a mão da Sony e dos produtores empurrando Venom, popularíssimo entre os leitores neófitos, goela abaixo do diretor que já tornara pública a sua aversão ao personagem.
Como resultado disso o longa tinha três vilões mas não tinha tempo de desenvolvê-los a contento mesmo que os conflitos que transformaram Harry em um sucessor de Norman já fossem conhecidos.
O surgimento do simbionte que dava origem ao Venom era rápido e insípido, o que de certo modo fazia justiça ao personagem do gibi, que sempre foi raso como um pires e galgado apenas no visual de "Homem-Aranha do Mal", mas acabava sendo apenas um acessório sem graça no cinema. Sua aparição como o vilão, após se unir a Eddie Brock só não era mais despropositada do que o fato de sua influência transformar Peter em um emo violento e dançarino.
Melhor sorte teve Flint Marko, o Homem-Areia de Haden Church, que até teve um background interessante, embora excessivamente melodramático (Mantendo a tradição da trilogia de Sam Raimi de ter vilões que eram vítimas em todos os filmes).
O excesso de vilões e subtramas paralelas tornava Homem-Aranha 3 um filme apressado e abrupto, ainda colocava personagens caríssimos aos fãs como Gwen e o capitão Stacy em papéis que, pra serem coadjuvantes, precisariam ser aumentados.
Pra piorar, a música do filme sentiu falta de Danny Elfman. A partitura de Christopher Young não tinha nenhuma música memorável, de modo que várias sequências de ação eram embaladas pelo main theme do filme original num arranjo mais rapidinho com a maior cara de trilha sonora de filme de TV.
Melhor sorte tiveram os efeitos visuais, que funcionaram a maior parte do tempo, embora na grande batalha final houvessem algumas texturas que ficavam devendo às do filme anterior, e muitos dos efeitos dos poderes do Homem-Areia parecessem reciclagens de A Múmia.
Mas talvez o grande golpe de misericórdia do terceiro longa fosse a retcon à morte do tio Ben no filme original. Todo fã de quadrinhos (e de cinema depois do longa de 2002) sabia que o assassino de tio Ben foi um ladrão que Peter deixou escapar por ser irresponsável, certo?
É... Era assim até o terceiro filme colocar a morte, ainda que acidental, de Ben Parker na conta de Flint Marko.
Mesmo tendo feito uma bela carreira no cinemas, faturando mais de oitocentos e noventa milhões de dólares só em bilheterias, Homem-Aranha 3 acabou azedando a relação de Raimi com a Sony, tanto que antes do reboot que estréia oficialmente amanhã, no Brasil, o diretor estava já em estágio de pré-produção de um Homem-Aranha 4, que teria como vilão o Abutre a ser vivido por John Malkovich até que as divergências criativas com a Sony acabaram de vez com a parceria.
Uma pena. Homem-Aranha 3 não convenceu ninguém, e deu uma derrubada bonita na qualidade da série aracnídea no cinema, ainda assim, a despeito dos defeitos do terceiro longa, Homem-Aranha e Homem-Aranha 2 têm um lugar muito especial no coração de todos os fãs do personagem.
Hoje vou conferir o reboot da franquia, e amanhã conto por aqui se essa nova encarnação do cabeça de teia merece a mesma deferência por parte dos fãs.

"-Buscando perdão? Tente uma religião."

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