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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Resenha Cinema: O Juiz


Os tempos mudaram da década de setenta/oitenta pra cá. Foi-se o tempo em que interpretar um super-herói na tela meio que acabava com a carreira de um ator, ou o deixava irremediavelmente marcado como aconteceu com Christopher Reeve. Hoje em dia Hugh Jackman é indicado ao Oscar com Os Miseráveis, Christian Bale vence o Oscar com O Vencedor, atores habituados a ótimas críticas, com prêmios e indicações na bagagem como Andrew Garfield anseiam pelo collant de seu herói de infância... Ser super-herói no cinema deixou de ser um peso.
Os papéis icônicos em geral.
Daniel Craig aceitou ser James Bond com medo de não conseguir mais fazer outro papel, temor que se mostrou infundado. Foi-se o tempo em que Star Wars acabava com a carreira de Mark Hamill e Carrie Fisher.
Prova cabal disso é que Robert Downey Jr., o ator que ajudou a colocar o primeiro tijolo no império cinematográfico que hoje permite à Marvel enxotar Batman e Superman da sua data de estréia nos EUA, pode se dar ao luxo de ser astro de uma franquia sem nada a ver com a Marvel em seu divertidíssimo Sherlock Holmes, fazer comédias como Um Parto de Viagem e Trovão Tropical, se aventurar em dramas como O Solista e esse O Juiz.
O longa dirigido por David Dobkin, mesmo das comédias Bater ou Correr em Londres, Penetras Bons de Bico e Eu Queria Ter Sua Vida, O Juiz conta a história de Henry (Hank) Palmer, advogado de uma grande firma de Chicago habituado a grandes casos que rendem rios do dinheiro de réus extremamente ricos e culpados.
Hank é o anti-Atticus Finch, um advogado ardiloso e manipulador que não liga pra quê crime seu cliente cometeu, contanto que ele possa pagar seus honorários. Mas, o sucesso de Hank na vida profissional destoa de seu casamento fracassado. Entre a esposa que o traiu e a família que deixou pra trás em Indiana, a única coisa boa na vida pessoal de Henry é a filha Lauren (Emma Tremblay), e, não bastasse tudo isso, Henry descobre que sua mãe morreu em sua cidade natal, Carlinville.
Ao chegar à cidade para o funeral Henry se reencontra com seus irmãos Dale (Jeremy Strong), e Glen (Vincent D'onofrio), e com seu pai, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), uma instituição local, juiz da cidade pelos últimos 42 anos, homem de moral ilibada, respeitado pela sua forma reta e direta de fazer justiça.
Hank e seu pai, não se dão bem. Mal falam um com o outro e fica claro que existem rios de mágoa de parte à parte.
Após pequenos atritos entre ambos, Henry está pronto para retornar à Chicago quando Joseph é acusado de homicídio.
Agora, cabe a Hank usar os talentos que seu pai despreza para tentar livrá-lo da cadeia, em um processo que forçará o advogado a um reencontro com o passado que ele tentou enterrar atrás de si, e uma reaproximação com todas as coisas que deixou para trás, inclusive o seu amor da adolescência, Samantha (Vera Farmiga), sua família e o acidente que a alterou para sempre.
Pela premissa fica bem claro que tipo de filme é O Juiz.
E é exatamente isso. Um drama bastante convencional, previsível, até, de reencontro com o passado e reconciliação da família disfuncional. Todos os ingredientes estão lá, o pai austero, mãe conciliadora que se vai, o irmão deficiente mental e o irmão que podia ter sido grande mas não foi... É tudo bem formulaico no roteiro de Nick Schenk, Bill Dubuque e do próprio Dobkin, que demonstra que não é um diretor capaz de pegar um roteiro comum e transformá-lo em algo mais.
Por sorte, Dobkin conta com o elenco acima da média pra levar a trama adiante.
Downey Jr. alcançou um patamar que lhe permite carregar um longa metragem nas costas, some-se a isso um monstro do porte de Robert Duvall, extremamente confortável em um papel que lhe cai sob medida, e as interações de ambos já valem o ingresso.
Outro ponto positivo é que Dobkin, egresso de comédias, sabe usar o bom timming cômico de seus atores pra impedir que o filme caia no dramalhão puro e simples (A sequência da escolha do júri, por exemplo, é hilária).
Se conforme a história caminha chegando mais perto do julgamento as coisas escapam um pouco dos trilhos, o elenco (que ainda conta do Dax Shepard, Dennis O'Hare e Billy Bob Thorton) já ganhou a audiência, e segura a peteca, de modo que fica mais fácil suportar a turbulência.
No final das contas, O Juiz está longe de ser mau filme. Ainda que não tenha nenhuma novidade a oferecer, o longa de Dobkin se equilibra bem antre a comédia e o drama, e está muito bem amparado nos ombros dos atores, e isso, por si só, já torna a ida ao cinema bastante agradável.
Assista na telona, vale a pena.

"Todos querem Atticus Finch até ter uma prostituta morta na banheira."

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