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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Resenha DVD: A Grande Escolha


Quer realizar um filme tendo como protagonista um sujeito com certa persona cinematográfica, ator reconhecidamente talentoso e carismático que pode não estar na sua melhor fase da carreira?
Faça um bangue-bangue ou um drama esportivo. Esse tipo de filme tem uma porcentagem considerável de chance de atrair Kevin Costner.
O ator/diretor que está desde Waterworld tentando tentando voltar à constelação de astros de primeira grandeza de Hollywood (e que esteve perto de conseguir isso justamente com um western, o ótimo Pacto de Justiça, alguns anos atrás) parece incapaz de resistir ao papel de caubói e o de atleta, e, à medida em que a idade começa a pesar e ele não seria mais crível em um uniforme esportivo (a menos que voltasse ao golfe de O Jogo da Paixão), Kevin não desiste,mas se vê obrigado a mudar de estância.
A Grande Escolha, dirigido por Ivan Reitman, ex papa das comédias de efeitos especiais oitentistas que vinha sendo eclipsado pelo talentoso filho Jason, mostra Costner no papel de Sonny Weaver Jr., gerente da equipe dos Cleveland Browns, um time médio da Liga Nacional de Futebol americano (NFL na sigla em inglês).
As coisas não andam lá muito boas para Sonny, que está tendo um daqueles cinematográficos dias infernais.
Pra começar, sua namorada, Ali (A gatona Jennifer Garner), lhe avisa que está grávida. O namoro de Ali e Sonny é algo secreto já que ambos trabalham juntos nos Browns, time que o pai de Sonny, o senhor Sonny Waever Sr., morto duas semanas atrás, dirigiu com sucesso até ser demitido pelo próprio filho na temporada anterior.
Não bastasse tudo isso, essa é a manhã do Draft Day, a noite em que as equipes da NFL escolhem entre os prospectos das universidades os jovens jogadores que comporão seus times na temporada numa espécie de leilão, e Sonny é pressionado por seu chefe, o dono do time Anthony Molina (Frank Langella), a realizar uma contratação de impacto, algo de que a equipe precisa pra sobreviver à temporada.
No ano em questão, Sonny e seus Browns têm a prerrogativa da sétima escolha da noite, o quê, baseado nas estatísticas, provavelmente permitirá que ele escolha entre o linebacker Vontae Mack (Chadwick Boseman, de 42 - A História de uma Lenda), e o runnigback com recentes problemas legais Ray Jennings, filho da ex-estrela dos Browns
Earl Jennings (Terry Crews), a questão é que, para engorssar a trama, na mesma manhã, o gerente dos Seattle Seahawks, Tom Michaels (Patrick St. Esprit), liga para Sonny oferecendo uma proposta aparentemente irrecusável:
Trocar a sua escolha, a primeira da noite, pelas primeiras escolhas de Sonny nas próximas três temporadas. Pode não parecer justo, mas a prerrogativa da primeira escolha possibilitaria a Sonny escolher o garoto de ouro do draft em questão, o quarter back de Winscosin Bo Callahan (Josh Pence), em quem todas as equipes estão de olho.
Pressionado, o executivo acaba cedendo, e, se faz a felicidade de seu patrão, colegas e dos torcedores, gera a ira do treinador da equipe, Penn (Denis Leary), e do seu quarter back atual, Brian Drew (o sumido superboy Tom Welling), que esteve machucado na temporada anterior e estava ansioso para provar seu valor no ano por começar, além de suas próprias dúvidas, já que Callahan não era a primeira escolha de Sonny.
Para piorar, enquanto começa a vasculhar o passado de Callahan para descobrir porque o Seahawks estão abrindo mão do menino prodígio, é pressionado de todos os lados e luta contra as próprias convicções, Sonny ainda precisa lidar com sua mãe manipuladora (Ellen Burstyn), com sua ex-esposa enxerida (Rosana Arquette), e um estagiário novato.
Não chega a ser um mau filme, mas A Grande Escolha tem dois defeitos capitais:
O primeiro, é ser excessivamente fechado no mundo do futebol americano para atrair uma audiência que não se interesse pelo assunto. Repleto de referências a grandes astros do passado do esporte como Joe Montana, Dan Marino, e a dinastia Manning, episódios específicos de Super Bowls da década de oitenta, e todo o universo da NFL (incluindo participações especiais de comentaristas e narradores que são "famosos quem?" pra maioria do público), A Grande Escolha já começa afugentando uma boa parte da audiência.
Some-se a isso o segundo defeito, o fato de absolutamente nenhum dos personagens ser vagamente crível (são todos completos estereótipos. O linebacker sem papas na língua, o chefão que mete pressão, a namorada que ralou para conseguir seu lugar ao sol e o coloca em risco ao se relacionar com o colega, a mãe manipuladora, a ex-mulher nojenta, o prodígio que pode não ser o que se espera...), todos praticamente etiquetados de tão unidimensionais, e o longa se perde.
Mesmo com os truques visuais usados por Reitman, como as telas divididas em telefonemas que se sobrepõe e se misturam durante as conversas, o relógio contando as horas até o draft, e as belas tomadas aéreas decoradas com o logo dos times cada vez que uma nova cidade e uma nova equipe são apresentadas, o filme não vai atrair aos não-fãs/não-iniciados no mundo do futebol americano, o que é uma pena, pois, se o trabalho dos roteiristas Scott Rothmann e Rajiv Joseph fosse mais competente, com a boa mão de Reitman e o trabalho aplicado de um elenco acima da média, A Grande Escolha tinha tudo pra decolar, sem isso, se tornou um filme de nicho, e olhe lá.

"-Como é que pode o prêmio definitivo do esporte mais macho já criado ser uma joia?"

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