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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Resenha DVD: O Que Fazer?


Eu confesso que não vinha acompanhando com grande entusiasmo a carreira de Robin Williams antes da morte do ator alguns meses atrás.
Pra ser cem por cento honesto, nunca tive lá muita paciência com o Robin Williams como comediante.
Filmes como Surpresa em Dobro e Licença Para Casar passam longe do meu tipo preferido de cinema, e os dramas do ator andavam bastante repetitivos e irrelevantes, uma absoluta pena, pois Robin Williams fez coisas excelentes entre os anos oitenta e noventa, e é co-estrela de um dos meus filmes preferidos em todos os tempos, O Pescador de Ilusões, além de dar show em Gênio Indomável, Bom Dia Vietnã e Sociedade dos Poetas Mortos entre outros.
Não foi por causa da morte do ator que eu aluguei O Que Fazer? no sábado.
A verdade é que eu estava com bastante vontade de ver o filme desde que li a primeira notícia a respeito algum tempo atrás, mas demorei a encontrar o longa na locadora até porque eu procurava por um título que se aproximasse mais do The Angriest Man in Brooklyn original... De qualquer forma, um elenco com Peter Dinklage, Melissa Leo, e o pitéu Mila Kunis merecia uma olhada, e foi isso que eu fiz.
No longa conhecemos Henry Altmann (Williams), logo de início sabemos que ele era um homem muito feliz em seu casamento com Bette (Melissa Leo) quando os filhos dos dois eram crianças, mas, passados vinte e cinco anos desde então, Henry mudou.
Uma tragédia em sua vida o tornou um homem amargo, irritadiço e briguento, insuportável de conviver, que transforma tudo em confronto e afasta todas as pessoas que se aproximam dele.
Não é mais senão acaso que faz o caminho de Henry se cruzar com o da doutora Sharon Gill (Kunis), uma médica deprimida, viciada em analgésicos que se ressente mais da morte do gato suicida do que dos pacientes com quem pode passar, no máximo, quinze minutos, e tem um caso extra-conjugal com um colega mais velho, o médico habitual de Henry, a quem ela está cobrindo na tarde fatídica que abre o longa.
Durante uma consulta que, claro, se transforma em uma briga, Henry ouve de Sharon que tem um aneurisma no tronco cerebral.
Henry quer saber quanto tempo de vida lhe resta. Ele ofende Sharon e a pressiona até que ela, frustrada, lhe diz que ele tem 90 minutos.
Inicialmente Henry não acredita no prognóstico, mas e se for verdade?
E se o tempo de vida que lhe resta for, de fato, uma hora e meia? O que fazer nesse tempo?
A resposta para Henry torna-se óbvia. Se reconciliar com sua família. A esposa com quem não conversa, e o filho Tommy (Hamish Linklater) com quem brigou anos atrás, os amigos antigos com quem perdeu contato, e até mesmo o irmão e sócio Aaron (Dinklage) com quem não tem tido a melhor das relações.
Mas enquanto é perseguido por Sharon e corre contra o tempo para fazer essas emendas, Henry descobre que não é tão fácil pedir desculpas às pessoas que feriu, e que, uma hora e meia, pode não ser tempo suficiente para reparar anos de mau comportamento, ao menos não sem ajuda.
O Que Fazer? é bastante previsível, o longa do diretor Phil Alden Robinson, o mesmo de Campo dos Sonhos e A Soma de Todos os Medos não é capaz de encontrar nenhuma gota de sutileza para contar sua história, que vai se entregando a cada passo do caminho de Henry e Sharon.
Robin Williams até se esforça, especialmente quando vive seu personagem na forma rabugenta e raivosa, mas está longe de sua melhor forma, Mila Kunis, que é a produtora do longa, também não acha o tom e as motivações da personagem não convencem, Melissa Leo e Peter Dinklage são acima da média, mas mesmo eles não conseguem ir muito adiante com seus personagens que não têm tempo para se desenvolver.
Com tantos defeitos, o roteiro de Daniel Taplitz (que adapta o filme israelense The 92 Minutes of Mr. Baum) não decola, e, ainda que consiga um ou outro bom momento, se torna uma nota menor na carreira de todos os envolvidos.
Uma pena, pois havia mais potencial.

"Raiva é a única coisa que me restou. Raiva é meu refúgio, é meu escudo. Raiva é meu direito!"

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